quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Os momentos em que se parou pra pensar

Esta postagem não tem metáforas.
É só uma pensada sobre o fato de esse blog existir há dois anos. Não sabia exatamente que dia foi criado, só que era no finalzinho do ano. Resolvi falar algo sobre isso... eu lembro bem de quando ele foi criado por uma amiga que, infelizmente, não tem mais tempo pra ele.
Porra, dois anos é muito tempo, ainda mais na vida de uma criaturina minúscula que viveu apenas 22 até agora, não é? Ainda mais contando em cada dia, em cada textinho ou frase ou poesia expremida da minha cabeça pra cá. Metade das coisas que eu pensei em escrever aqui, escrevi, o resto eu esqueci. Provavelmente a parte mais legal.
Lendo essas coisas meio velhas, algumas me parecem escritas por um estranho. Estranhamente, eu lembro de como estava o dia ou de que filme estava passando ou como eu me parecia quando tinha visto meu reflexo aqui na tela antes de escreve-las.
Já gastei alguma ponta de dedo aqui... espero que isso tenha sido importante pra alguém, que pelo menos uma pessoa tenha tido suas idéias tocadas pelas letrinhas que eu joguei aqui dentro.
Enfim, se alguém ainda lê e gosta das reflexões pseudo intelectuais que eu posto, depois de todo esse tempo me repetindo, toca aqui o/

Sobre vento e flor

O vento balança a flor. A flor perfuma o vento.
E ela não sente o seu frio, sente apenas o gostoso balanço que ele proporciona. O balanço que faz com que ela veja tudo de um ângulo diferente.

Café com leite frio

E todas as fascinações já tidas na vida podem parecer poucas, ofuscadas, secundárias, de repente. Tudo vira novo de novo, só que bem melhor, bem mais bonito. Eu tive, tenho, uma sorte rara, de provar tudo na sua melhor forma, todas as coisas cada vez mais doces;
Fascinante é encontrar alguém com as pernas do mesmo tamanho que as nossas, pra que nossos passos nunca se percam, alguém que até então dava passos iguais em um caminho diferente.
As pequenas manias compartilhadas, café com leite frio acompanhado de um doce que não enjoa, um sorriso que rima com o sol.
Os melhores morangos vão pra quem não está segurando a colher, porque fazer bem um pro outro é o que importa.
Meus poemas agora tem melodia e o meu sonho eu posso apertar. Agora eu faço sentido.

"Numa das curvas do caminho eu me encontrei, e meu nome era amor."

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Char...

  Por vezes estás tão longe, que parece que nunca voltarás. Mas sempre tem um momento onde o mundo borra, parece levemente irreal, e meu coração bate mais rápido, e eu sinto que estás ali. Vejo teu manto balançando em um vento que, para mim, ainda não existe. Teus braços a me cercar, e o vazio que trazes contigo. Nessa hora penso em coisas alegres, em coisas boas, coisas que sempre me distanciaram de ti, e pouco depois, ali estou, um pouco assustado e receoso de que voltes logo, de que novamente tentes me seduzir, mas firme de que não me tomaste desta vez.
  E sei que nunca desistes, que um dia me tomarás de surpresa em teus braços, e que não terei como resistir. Me conquistarás com teu beijo frio, e me cobrirás com teu manto negro.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Breathe, breathe in the air

Nossas respirações ficaram mais calmas. Vivemos em pares, não mais em bandos. As cadeiras agora são importantes e as conversas acabam mais cedo que a noite.

Quando nos soltaram, paramos de nos debater e ficamos exatamente onde nos colocaram. Aceitamos nosso papel de semente, e não de pássaro.
Talvez seja sábio enterrar nossas raízes em segurança e compartilhar em paz do nosso curto horizonte em comum. Se adaptar a idéia de mirar o céu sem nunca alcança-lo e esperar que, um dia, nossas folhas voem pra longe, pra dar vida as terras que nossas vistas embaralhadas não vão alcançar.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Aí vou eu

Eu tenho vários lugares pra ir, vou e vou, vou um pouco pra cada lado.
E, não sabendo exatamente onde estou, nem pra onde vou, andando pra lá e pra cá, acabo ficando sempre no mesmo lugar. Bem aqui.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Tão longe de si mesmo (ou de sua essência)

Quanto tempo vais levar pra perceber que não é assim que se faz?
Quem te deu o direito de fazer a pedra, essa, ser como te for melhor?
Ninguém disse que tu podes molda-la pra que mais te agrade, correndo o risco de fazer com que ela não se reconheça como pedra.

Mas... não, não tem problema. Os teimosos se dão o direito no fracasso.
Vais continuar a talha-la, tentando dar-lhe um formato que preencha teus vazios, que complete tuas falhas. Se errar, vai joga-la fora e tentar com outra, não é?

Quanto tempo vais levar pra entender que ela foi feita assim, como é, por alguém mais belo e mais sábio que tu? Modelada não pelas marretadas, mas pelo toque suave da água, ou por impiedosas tempestades, e pelo mesmo vento que te faz dançar.

Podes ficar com ela e ela contigo, mas esta pedra nunca pertencerá a ti. Assim como tu, tolo galho, ela não pertence a ninguém.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Não vai mais acontecer...

Mas pra algo não acontecer 'mais', tem que acontecer pelo menos uma vez.
E as vezes por acontecer uma vez, o resto acontece nunca mais.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Venerável Mestre Marco

Mestre Marco foi considerado o homem mais sábio de sua região, um grande intelectual.
Recebia muitas visitas, muita gente tinha interesse em estar com ele e sorver de seu vasto conhecimento.
Palestravam sobre os mais profundos e pontiagudos assuntos, sobre os quais sempre apresentava pontos de vista ponderados e perspicazes.
Além da sua significativa sapiência, seus seguidores sempre se sobressaltavam muito com sua grande biblioteca.
Esta era repleta dos mais diversos tomos, que nunca foram tocados por aqueles que contemplavam as extensas prateleiras.
E a noite, quando ninguém mais o enxergava, Mestre Marco ficava sozinho em sua biblioteca de livros nunca abertos.
Ele tentava, em vão, aprender a ler. Nunca conseguiu. E nunca teve coragem de contratar um professor.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu queria que a quinta porta do meu guarda roupa fosse um portal de teletransporte

E as nuvens seriam de algodão doce.

domingo, 28 de novembro de 2010

Viagem no tempo

Não podemos esperar por novidades, se andarmos na contramão.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Catapoul! - II

Ah, uma boa dose de assunto.
Um pouco de exagero e dramatismo, claro.
Minha curiosidade foi maior pelos curiosos, olhando a moça deitada no chão, perto de sua moto.
Quantos teriam ficado lá, como o moço que a protegia com o guarda chuva?
Quantos parariam na esquina pra eu atravessar, se não houvesse uma bela cena terrível, tomara que uma tragédia, pra ver?

Aposto que a maior parte dessas pessoas ligou a televisão quando chegou em casa. Elas não entendem que a curiosidade que inquieta seus cérebros é outra, é por algo maior, algo que os faça crescer. Algo que elas não compreendam.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Nada soa bem até o momento em que é dito.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mentes adormecidas não tem sonhos.

Pling

Na margem feia do rio se tem a vista mais bela.

Nós acreditamos

Nós podemos pegar o arco íris, é nisso que acreditamos. Porque não estamos preocupados em derrubar uns aos outros, em subir uns nos outros. Simplesmente daremos as mãos e vamos voar, pra caminhar no céu, fazendo nosso caminho através das nuvens. E, acima delas, as pessoas mesquinhas preocupadas em atacar as outras não podem nos seguir, nem as pedras que elas jogam. Um tapa pode desfazer um sorriso, mas o carinho no rosto o trará de volta. Então deixe que esperneiem, que gritem as bobagens que tiverem pra dizer. A felicidade é uma árvore que os cupins da inveja não conseguem roer.
Se um ao outro é tudo o que temos, temos tudo que precisamos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mimimi

É um erro comum perder muito tempo chamando todos pra ver o espetáculo, enquanto os que já vieram se cansam.
E quando tu começares a representar o textinho que decorou ao longo de dias e dias, eles terão saído pra procurar algo mais interessante, mais discreto, talvez.
Vá e ande, garotinha. Já chega de reclamar da sorte.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Europa

Dois gêmeos eram, por assim dizer, Calisto e Ganimedes. Ambos rígidos, feitos de rocha. Mesmas rochas das mais belas praias de nosso planeta.
O irmão mais bravo, Io, é feito do fogo, o mesmo fogo que consumiu a vida humana em inúmeras guerras, assim como o fogo que verte de nossos vulcões, espetáculo sem igual.

Por fim Europa. Irmã da água, talvez presente, senão possível, paradeiro da vida tal qual a conhecemos.
A mais bela da família de Júpiter. Aproximadamente 700 milhões de quilômetros de distância.
Irmã feita de água, a mesma água que nos dá vida. A água que verte de uma nascente. Nascente de esperança para a posteridade.

Poder vê-los é uma honra. Se sentir grande e pequeno ao mesmo tempo. Pouca é a probabilidade de uma viagem, mas este seria certamente o destino escolhido, tantas imaginações, belas visões...

Acredito que um dia chegará, a viagem até essa simpática família. Família de Júpiter... Júpiter e além do infinito.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sapiência

É irritante encher um copo com conta-gotas e vê-lo ser esvaziado de um gole só.

Fácil falar

"Os mitos norte-americanos de que qualquer um é capaz de atingir o sucesso, levam os pobres e impotentes a acreditar que vivem nessas condições por sua própria culpa, em virtude das limitações de seus talentos ou de suas iniciativas, e não de algum tipo de exploração sistemática."

Trâmite

"Na década de 1960, as pessoas tomavam ácido para fazer com que o mundo parecesse estranho. Agora o mundo é estranho e as pessoas toma Prozac para fazer com que ele pareça normal."
"Dizem que uma vassoura nova limpa mais. Mas uma vassoura velha conhece todos os cantos da casa."

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pedro Paulo

Pedro Paulo uma vez amou; e isso continuou nele até o final de seus dias na Terra. Alguns poetas diriam que mesmo após o fim deles.
O seu amor foi amado a dois, em um.
Pedro Paulo e sua amada, mortais que eram, trilharam um caminho com fim.
Ela se foi, ele ficou.
E enquanto viveu, ele ouvia a sua voz, lhe desejando que fossem bons os dias que restavam.
Alguém ainda vinha cuidar das flores ali fora, ele via de sua cama meio vazia. Vinha cuidar da saudade que os seus olhos sentiam de ve-la, de ve-la sorrindo e das flores que se mudaram para seu vestido. Mas estes últimos sorrisos vinham só pra ele, pra aquele cujo coração ela habitava há mais tempo, no lugar mais profundo, lugar único.
E ele não mais levantava, ele apenas esperava o dia que seria o seu último no lado onde os homens morrem sozinhos.
No final do caminho, ela esperava alegre, em paz. E eles puderam finalmente dar as mãos novamente, quando chegou a hora dele também partir.
Espero nunca entender o que Pedro Paulo sentia. Espero nunca ter que soltar a mão que encontrei no caminho.

sábado, 6 de novembro de 2010

Preso

Tem alguém em casa?
Eu estava.
A grande casa está sendo abandonada. Foi por muito usada para abrigo. Companhia, ar fresco e diversão.
Acho que estou ficando velho.
Um velho reclamão.

Ainda que
tenha luz elétrica
tenha sexto sentido
tenha coragem de mostrar felicidade
e uma grande fome de voar.
Nem eu nem você temos para onde voar.

Com o tempo a graça vai se perdendo.
e por mais que lute contra a solidão
é apenas ela que vai crescendo.
Nada vale a pena.
E os "outros" não são nada mais que um grande problema.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

How Stark is the Here and Now

Crianças confusas. Todos nós somos, nas colinas, nos campos, nas tocas que cavamos nas nossas próprias cabeças.

Nunca houve como ser diferente; repentinamente, uma égua vermelha reflete os mistérios do agora, a dureza de estar aqui, e somente agora.

Seu forte chamado nos lembrará das doces histórias que ouvimos no amanhecer de nossas vidas; e pensaremos nelas como belas lendas, que só tocam a realidade por estarem contadas entre nós.

E a luz forte, espalhada em nossos esconderijos pelos reflexos do presente, nos lembrará do suave amanhecer que presenciamos um dia. E nós, que demos uma espiada para trás, por cima do ombro, lembraremos de como, nessa hora, a escuridão se retirava para dar a volta e vir a nós pelo outro lado. Porque o futuro um dia foi passado. E é sobre nossas cabeças que suas duas formas se encontram.

Da verdade, de verdade

E eu me vi cada vez mais perdido, em um mundo onde a maioria aprecia mais as máscaras do que o que elas escondem.

Mas eu sei bem, sei bem quem é de verdade e quem é de mentira.
E desde que sei distinguir o que é pássaro e o que é peixe, eu acho o que é de verdade mais bonito.
Bonito como vento balançando a árvore. Bonito como água batendo nas pedras do riacho. Bonito como nuvem fazendo desenho no céu.

Por isso eu sou da verdade, por isso eu sou de verdade.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As palavras não faladas

Talvez nossa cabeça de gente e nossa boca de gente não valham tanto quanto algumas palavras que temos pra dizer, algumas coisas que pensamos. Daí, não dizemos coisa alguma, e as idéias vão apodrecendo até não valerem mais nada, ou tão pouco quanto a gente.

Tem coisas que a gente já sabe, mas faz questão de ser lembrado - tipo aquela cutucada no fogo, apesar de que ele não apaga tão cedo. Mas talvez seja tão frio deixá-lo de lado que seria melhor tocar uma dose de água, logo de uma vez.

domingo, 24 de outubro de 2010

How Brightly Glow the Past

Cada lembrança tem uma dose de quem lembra.
O belo cavalo branco, aclamado pelas crianças, canta belas canções porque belo é seu canto, pois belos sentiu os dias que já foram.

Quando o olho pisca, a impressão que ele guarda é a do brilho, e as sombras são todas desmentidas.

Então, os que lembram deixam o passado brilhar. Que fiquem as coisas boas; há muita escuridão ainda por vir.

sábado, 23 de outubro de 2010

Ter o poder não lhe dá o direito

Ainda bem que eu não tenho o poder, porque acabaria usando mesmo sem ter o direito.
E eu tentei fazê-lo, e isso foi errado.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Do it be

Pensar na bifurcação não fará os caminhos se tornarem um só. Ficar olhando pra trás, muito menos.
E se as placas escolhidas mentiam, por que continuar a segui-las?

Cuidado pra não perder o bem que achou, cuidado pra não te perder.
Quisera eu poder dar uma dose de esclarecimento. Só o que eu tenho são dois punhados de conselhos fáceis.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

E não há lado escuro da lua...

...o fato é que é tudo escuro. E é por isso que o preto é a junção de todas as cores.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mas o sol é encoberto pela lua...

Não quer dizer que o sol não tenha potencial para brilhar... mas quer dizer seguir o caminho até a luz, ao invés de andar na escuridão.

domingo, 10 de outubro de 2010

Take The Long Way Home

Essas viagens até meu paraíso são feitas com dois sorrisos diferentes; ambos meus, meu sorrindo sentindo cheiro promissor agradável, outro sorrindo tendo gostado do gosto prometido.
O caminho pra casa é longo, mas a viagem é confortável; venho andando em repolhudas nuvens macias.

sábado, 9 de outubro de 2010

Achamos que somos livres como pássaros, e de certa forma realmente o somos, já que dentro de nossa gaiola não existem barreiras entre um poleiro e outro.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Chega um momento na vida em que o homem precisa escolher se vai ser um tolo sábio ou apenas um tolo.

domingo, 3 de outubro de 2010

Quem comprar astúcia pagará pela malícia.

sábado, 2 de outubro de 2010

Os que tem pressa plantam alface, aqueles que não têm, plantam árvores milenares.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Let It Be

Terças-feiras se foram, deixando memórias e imenso vazio
  A ferida que cicatriza, mas por completo não desaparece
  Ordens que a mente cria, e que o o coração não obedece
Mas que o tempo leva, assim como o primavera faz com o frio
Resquícios da explosão do inverno, ao final do queimar do pavio
  No conto de fim sem sentido, que com o tempo o autor esquece

E aquilo que novo é, de alguma forma curioso se fez
  Carregando, daquele modo secreto, o que chamou minha atenção
  Seja o sorriso, seja a voz, seja o jeito, seja a emoção
Traz consigo algo de doce, que temi não ver outra vez
Mostrando surpresa, e leves toques de receio, talvez
  Enquanto sugere cada vez mais, ter um verdadeiro coração

E talvez eu esteja perdendo aos poucos o medo de olhar
  Esteja aceitando que este mundo está seguindo adiante
  Da janela deste trem, que me leva para um lugar distante
Sem saber ao certo o tempo que a viagem vai levar
Sem ideia alguma de tudo que se passa até chegar
  Desejando que se a mim bem-fizer, ao menos dure bastante

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Wild Horses

Os cavalos selvagens não vão me levar embora.
Eu gastei minhas forças para domá-los, me dediquei a não deixar qualquer coisa em minha vida fugir ao meu controle. Nunca haveria um ponto fora da linha, não nos meus desenhos.
Enquanto isso, a rotina repetitiva me sufoca; Os meus saltos para fugir das pedras são o momento onde fico mais perto do céu. E pra que céu eu vou, se construí tantos tetos?
Como se fosse ginete de um cavalo de carrossel, meu caminho está traçado, está condenado a repetição.
Ah, mas os cavalos selvagens! Eu vou cavalgá-los, algum dia.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Margem

Marta vivia a beira de um rio, em uma grande fazenda. Um rio belo, com a largura de duas árvores altas.
Ela não vivia sozinha, havia também muitas outras como ela. Porém, em grande parte, eram um bando de desmioladas. Ao contrário delas, Marta tinha muita consciência do que acontecia a sua volta, dos deveres e das responsabilidades de cada uma.
Sabia como as coisas que lhe diziam respeito funcionavam e tinha muita certeza sobre todas elas, sobre como o rio flui para a sua esquerda, como as outras plantas deviam se alimentar, em qual horário se tomava o melhor sol - não que fosse fazer alguma diferença, pois não poderiam se mover para evitá-lo; Era muito firme em suas opiniões e debatia vigorosamente contra quem delas discordasse.
Discutia, principalmente, com as plantas da outra margem, que insistiam em afirmar que o rio corria para a direita. Obviamente, qualquer dos lados jamais cedeu a razão, pois a prova do que diziam estava bem ali, diante de seus olhos.
Ocorre que esta fazenda era possuída por um fazendeiro. E este fazendeiro decidiu fazer um belo banco de madeira, para sentar-se confortavelmente e observar o rio, meditar a beira dele. No lugar que lhe pareceu perfeito, havia apenas uma planta que seria necessário remover. Assim, estaria cercado de belas folhagens floridas, bastando se livrar daquele arbusto resmunguento chamado Marta.
Quando o homem colocou suas mãos nela, Marta achou estranho e logo ficou assutada: o que ele pretendia? Quando ele começou a puxá-la, tirando-a calmamente da terra, ela gritou a ele para que parasse. Seu pedido foi ignorado.
O fazendeiro atravessou o rio com ela nas mãos e a deitou próxima da outra margem - no lugar onde viviam aquelas que por tanto tempo foram suas opositoras. Desesperada, Marta viu o homem cavar um buraco e, esquecendo-se de quem era, achou que aquele lhe seria um túmulo.
Gritou e chorou mas, para sua surpresa, o fazendeiro a colocou de volta na terra, ajeitando suas raízes e lhe dando alguma água logo depois, quando a cobriu novamente com terra.
Um pouco mais calma, olhou para aquele homem sorrindo pra ela, que se voltou e andou na direção de casa.
E, com lágrimas nos olhos, ergueu a cabeça e observou o rio; e ele corria para a sua direita.

Qualquer cor que quiser...

E agora José? E agora email? E agora, sonho? Eu sonho... sonhava... até que um dos maiores sonhadores, acaba de confirmar que não importa o quê, nem todos os sonhos são possíveis. A luta foi grande, no começo era perfeito, era um sonho. Infelizmente existem muito mais "deles" do que "nós". Os que vieram antes "deles" conseguiram pregar de forma definitiva, para que "nós" não consigamos. "Nós", são as pessoas que deveria haver mais, deveria haver muito mais de "nós" do que "deles". Agora um pequeno trecho da democracia prova-se verdadeira. Não importa o que, a opinião da maioria é que vale. E a maioria são "eles".

No entanto, onde não há equilíbrio não há estabilidade e a cor é cinza...
O cinza é passageiro... o que importa agora é ele não se tornar o preto.

Nesse caso a cor que você quer não tem importância...

domingo, 26 de setembro de 2010

E enquanto continuarmos andando, conseguiremos descobrir onde estamos?
Descobrirás, talvez tarde, que tua borracha não serve para apagar o que escreveste nos livros de outrem.
Podes mudá-la de lugar, colocá-la no topo do mais alto monte, ou até levá-la à lua.
Podes enchê-la de adornos, enfeitá-la de todas as formas, ou até mudar o seu formato.
Podes declamar-lhe os mais lindos poemas, cantar-lhe as mais belas canções, ou dar-lhe uma das mais raras e belas flores.
Mas não importa, uma pedra sempre será uma pedra.
E sou um tolo por ter pensado que pudesse ser diferente.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Tempo perdido

Eu, você e os outros. Tivemos a chance, tudo estava ao alcance.
O sacrifício exigia muita é claro. Mas o fim era belo.
Não fizemos nada a respeito, não nos culpo, estávamos confortáveis... os amigos em volta, a comida na mesa, sem passar necessidade.

E agora o tempo passou. Não há mais o que se fazer, veja bem, todos os direitos conquistados com a vida de bravas pessoas estão DESAPARECENDO. Neste sistema de valores inversos a ordem tem os dias contados. O medo e a euforia perpassam à mente daqueles que ousam imaginar o futuro.
O sacrifício é inevitável agora. Espero que ele não seja doloroso.

Não crucifico o karma... sou grato por ele, grato por esse tempo que, para mim foi bom, apesar de tudo. Mas enquanto estávamos bem, outras pessoas passavam necessidade... sérias necessidades. O karma talvez não será piedoso, afinal qual é a nossa responsabilidade? Prestar um horário para o patrão maldito, ou zelar pelas pessoas pelo planeta?
Chegar no horário da labuta mesmo sem gostar, e adiar coisas que faríamos com as pessoas que gostamos?

Essa coisa esquisita que sinto de tempos em tempos... será que todos os seres humanos compartilham mesma sensação? Espero que não. Será esse o sentimento do vazio? do finito?
Espero que seja apenas desequilíbrio provocado por algum outro fator em minha mente, perfeitamente explicável em algum artigo científico.
Espero que não seja um mau presságio...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Quando os sábios terminarem de prever o futuro, ele será presente.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

"A cura para o veneno do "curto-prazismo" na busca do prazer é um prazo mais curto ainda..."

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Se eu deixasse de expressar as novas idéias no lugar das velhas, minha borracha estaria novinha.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Are we going to see the reason why I'm here?

E então eu decidi: serei autêntico, serei eu mesmo, e só.

E passei a noite toda sem saber quem ser, agindo a cada instante de uma forma diferente, até parar e perceber que todas minhas roupas são disfarces e que, nu, eu não saberia pra onde ir.

"And still I don't know who I am"

Matéria Prima X Produto

O papel é maravilhoso. Ele aceita tudo, uma história fictícia criada para suprir e manter alguma carência, uma regra, uma imagem... Sem distinções, sem fantasia.... Mas uma de suas funções é ser manipulado pelos homens.

Queria eu, que o papel voltasse a ser árvore, refinando ar puro, ornando paisagens e não alimentando falsas esperanças.

sábado, 21 de agosto de 2010

Não tiro muitas fotos. Tenho medo da saudade que sentirei ao vê-las.

sábado, 14 de agosto de 2010

Pontos Finais

A nossa vida é frágil, uma frágil memória, como equilibrada numa linha fina e fraca. A linha fina e fraca da mão trêmula que escreveu a história desse mundo, a história da qual somos personagens que atuam sem roteiro, num romance sem fim;
Tem coisas que acabam passando a fazer sentido, depois de um tempo.
Encontrar um pouco de si em outro lugar, isso me faz feliz.
E tem gente que é como uma daquelas belas pinturas que a gente não entende, mas que acha linda e não quer parar de olhar.
E eu não quero parar.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Will you still know who you are, when you come to who you are ?

No fone, Emerson, Lake e Palmer tocam esta pesada questão, que eu não respondo;

Se um dia eu encontrasse com a pessoa que eu seria, a pessoa que eu seria caso tivesse convivido com outras que não as com que convivi, se tivesse morado em lares outros que não os que morei, se tivesse cantado músicas diferentes das que ouvi, tivesse achado tesouros diferentes dos que enterrei, será que eu reconheceria a mim mesmo, se esse encontro ocorresse?

quinta-feira, 29 de julho de 2010

In-escolha, outra

Então me ensinaram, pra meu espanto, que, sobre a minha vida, importa mais o que os outros acham do que o que eu sinto.

Algumas lições, eu tenho gosto em não aprender.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mais uma peça, provavelmente um canto que representa o céu

A vida é um presente, mas não daqueles que a gente espera e pede; é uma surpresa que nem quem nos dá sabe como é.
E tudo o que a gente pode fazer é desembrulhar o pacote.

Reticiências

Há muitas páginas da minha vida, venho tentando encontrar o local onde as minhas dúvidas se esclarecem, o resumo do grande enigma que é estar vivo. Mas quando percebo que há um ponto final na frase, sempre vem outro logo após, e mais outro...
Os sentimentos vão mais longe que nossos corpos;
Mas eles se movem bem mais devagar.

domingo, 25 de julho de 2010

My name means nothing, my fortune is less...

No fone toca Solitude, do Black Sabbath;
Lá de longe, um amigo diz que não é importante pra quem importa. E o que importa, agora que não significamos nada?

Essas duas coisas me fazem pensar numa só: somos tão pobres, tão pobres que não podemos sequer herdar tudo que aprenderam os que vieram antes de nós. Não vivemos as vidas cíclicas dos druidas, nosso espírito não se eleva ao longo das existências em sequencia. Vivemos uma vez só, pelo que sabemos, pois esquecemos tudo que aprendemos nas outras vezes.
Me refiro a aprendizados que os livros não entendem, que as penas não sabem resumir, e que não entenderíamos se pudéssemos ler. Um dia alguém sentiu o que hoje eu sinto, e talvez tenha aprendido a lidar com isso. Mas eu tive que aprender por conta própria, e na verdade não aprendi a vencer o desafio de saber quem sou, apenas descobri que a melhor forma de tratá-lo é deixá-lo de lado; é como me contentar com a imagem pronta da caixa de um quebra-cabeças que não consigo montar.

Não importa quantas pegadas vamos deixar, se continuarmos usando sapatos iguais.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Pigmentação

Rara, qualquer flor é, no deserto. Mas tudo bem, não importa que seja fácil ser diferente de algo em que quase todos são iguais - importa que eu seja, que me sintam assim. E eu gosto muito do gosto que tem as coisas que eu gosto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ei, você perto da porta

Saia daqui.
Eu não sei quem tu é, mas se muitos simplesmente gostam de ti, então eu não gosto.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Na tua cara, Karma!

Rá! Não importam os testes, serei correto até o fim. Não tenho medo do que virá após, afinal não faço idéia do que será. E se não tenho medo do que já sei sobre mim, por que ter medo do que não é de ninguém?

Não importa se eu não saiba a resposta, o que importa é que eu não mentirei. E depois, que me ensinem o que eu esqueci;

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tea For One

Talvez seja hora de botar outra xícara na mesa.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Goodbye... So long...

Nós queremos dizer...
dizer que você fará falta.

Lathander ganhou uma alma,
a melhor que eu já vi.
Eu quero te dizer,
que sinto sua falta...
Lathander ganhou um anjo.

Eu sei que você disse acreditar
no destino, sua forma de conduzir,
Mas agora é hora de você ir,
Aloria...
é amor meu amigo.

Seus cabelos castanhos estilosos
Raras são as mulheres iguais a você
Sua armadura se dissipa ao vento

Te vejo parada no meu olhar
Todas as boas orações que fez, para sempre vão ecoar
Sem beijo de despedida antes de você partir
Aloria...

E agora é hora de você ir,
Me ensinou muito do mundo, e muito do que sei.
Onde estaria eu sem você Aloria?

É amor meu amigo...

=D

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Os porcos voam juntos

Aquele que somente é capaz de amar apenas uma pessoa, não é capaz de amar ninguém realmente. Afinal, que mais são os outros senão a sua própria imagem e semelhança? Todos eles, sejam mendigos, estudantes, trabalhadores industriais, camponeses, empresários... No fundo todos estão no mesmo barco, ora navegando, ora afundando.
E ainda tudo o que é agora assim como o que já passou, tudo que você faz ou destrói, ama ou odeia.
Somente a capacidade de se sentir humano, somente isso. Sentir o próximo, seja ele real ou imaginário, sentir a bofetada na face alheia. A bofetada na cara da mulher que dá luz à novos seres, que os educa e alimenta, cuida e dá carinho. Sentir a injustiça contra o trabalhador. No fim aquele que prega a desigualdade também é uma vítima.
A moça bonita que caminha na rua com o nariz empinado encarando todos como vermes. Ela também.
No fim, ainda, isso não basta para impedir a luta ferrenha por tudo isso. Uma luta pela luta, ou pela vida. Que tenho certeza que no fim estarão todos juntos... pois não haverá escolha.

domingo, 4 de julho de 2010

Óculos escuros

Oh, puxa, um grão de areia fez meu olho chorar.
Mas tudo bem, pelo menos vejo ao natural as cores desse lindo céu.

sábado, 3 de julho de 2010

Catapoul!

E então, algo encheu a tarde das cabeças vazias.
Oh, deus, um terrível acidente povoa a esquina!
Quem está ali para ajudar, veio cumprir obrigação, quem veio por gosto veio fazer nada além de compartilhar seu espanto, e ficar repetindo a mesma coisa que todos estão vendo.
Eu vejo isso, passo e vou embora. Tem gente demais ali, pra ser algo interessante.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Uma pequena verdade

No último quadro, a verdade;

Existem muitas supresas que perdem a graça quando reveladas, acho que a vida pode ser uma delas.
Talvez eu tenha tantos amigos que ficar sozinho chega a ser um grande esforço, mas quem pode me julgar por ter escolhido não decidir entre ser bom e ser mau? Infelizmente, essas coisas estão relacionadas, apesar de não parecer.
A verdade é que eu sou a única pessoa no mundo que não tem sotaque, e sou o único capaz de compreender meu ponto de vista. O irônico é não saber qual é ele até que seja posto em questão. Mas tudo bem, há tempo pra mudar de idéia, quando ainda não se teve nenhuma.

De qualquer forma, sempre surge uma nova definição para uma antiga incerteza: a vida é uma história em quadrinhos com os balões de fala em branco.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Eu sorri e pensei: "chega"

Foi o último cálculo, o último passo na direção errada. Demorou, mas ainda há tempo.
Que fiquem, aqueles que querem, tentando entender as coisas que nós mesmos inventamos.

A ciência é muito mais complicada que a vida, assim como o é a filosofia. Entretanto, parece honrado estudar aquilo que não faz sentido, algo que surgiu artificialmente. Enquanto isso, as mentes nossas e nossos mistérios continuam jogados num canto, vasculhados apenas pelos loucos, pelos poetas e pelos perdidos, os que se perderam na estrada para a fortuna, assim apontados pelos anéis de ouro.

Perdido, na verdade, é quem procura por novidades sempre nos mesmos lugares; quem joga fora os primeiros cinco frutos do cesto, não importando seu estado, e saboreia, faminto, os dois restantes, mesmo sabendo que aquilo não lhe será suficiente.

Pra mim, chega, pensei enquanto sorria e deixava as questões em branco. Não, não são essas questões que eu quero responder, eu nunca realmente as formulei.

E agora, decidido por não mais aprender a sabedoria de mentira, eu sei pra onde realmente devo ir; irei pra qualquer lugar, desde que nada me empurre para lá contra vontade. Desde que eu possa descobrir algo que ninguém nunca viu, lá no final;
Minha mente me aguarda.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

The Same Old Fears...

Hoje pela manhã, na carona com meu irmão, eu vi as pessoas na rua. Um ou outro conhecido, outros tantos estranhos. E pensei em quanta coisa eu não sabia sobre cada uma delas. De todas histórias que eles protagonizaram, conheço nem sequer o título; como se todos fossem portadores de grandes mistérios - e o eram. Quantos segredos guardavam, quais mentiras contavam pra quem os ouvia? Foi como se, depois de muitos anos, eu visse a trilha por trás deles, por onde aqueles desconhecidos passaram e deixaram suas marcas. Olhando em seus rostos, vi que não sabia de nada que se passava por trás deles, muito menos do que viria pela frente. E ao chegar aqui, olhando meu reflexo pela janela, pensei: e esse, o que será dele?
Enquanto escrevia isso, Us and Them, do Pink Floyd, preenchia o vazio entre meus ouvidos, me lembrando que, depois de tudo, somos apenas homens comuns.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

In-escolha

Eu queria fazer uma poesia,
onde dissesse tudo que eu quero dizer

Mas eu fico aqui,
aprendendo a calcular
E, mesmo assim,
perdi a conta de quantas coisas já perdi

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ascenção

Se eu me importo com o que acontece contigo,
E você se importa comigo também,
Eu não sinto sozinho todo o peso das pedras,
E nessa onda compartilhada,
o mar olha para o mundo, eu tenho certeza!

Deixemos que inventem novas mentiras afinal,
Tenha certeza de não ter certeza,
Nada é a verdade senão isso.

A verdade é preferível à mentira,
Mas nem isso é uma certeza.
Agora, neste ciclo, ninguém quer uma guerra.
Mas isto também é incerto.
A esmagadora minoria que não tem certeza de nada,
É exatamente quem vai fazer a diferença,
Tornar as mentiras como algo obsoleto...
E a verdade como uma boa lembrança.

Só haverá uma linha,
um caminho.
Uma certeza apenas, que será verdadeira de fato.
A certeza de que será melhor.

sábado, 29 de maio de 2010

Desertor

É tão difícil encontrar uma verdade própria a contar, não é?
Que belo seria, sabermos tirar o que há em nós e queremos mostrar, queremos apresentar. Alguns fizeram isso antes, e o fizeram bem. Mas não parece bom ficar, por medo de ousar, repetindo as mesmas palavras, enquanto há tantas coisas novas a serem ditas.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Pintura

O tubo de tinta é uma casa de espelhos, pois a cor que pintamos é a cor que queremos ver.

Mas o escuro... é escuro... não há cor, não há paisagem. Quando um mapa do tesouro é uma foto do espelho, se está perdido. Se está perdido quando só se segue a si mesmo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tudo vive

Como era de se esperar depois de qualquer tormenta...

É incrível a persistência da vida.

O ciclo às vezes se completa de formas diferentes. Nem sempre como o esperado, mas sempre com novas esperanças.
Por que não crer na mudança? Ela só vive para quem acredita, e se vive, sempre carrega as cores, sim! Qualquer uma que quiser. E é a força dessa simplicidade que faz a diferença.
Não há razão para se crer... em ser uma pessoa ruim, é irracional!
Racional, por outro lado, é deixar ir, e lutar pelos poucos que valem a pena, porque eles estão aí e sempre estarão.
Normalmente eles preferem a sombra, mas não é pela falta de coragem de permanecer na luz, e sim pela noção de que embora a sombra pareça diferente, ela não é de todo ruim.

Nada legal aconteceu hoje Parte II

E então, a longa linha acabou.
Se foi aos poucos em um dia ordinário, e tudo aquilo de antes sequer se fez importante, até porque era focado demais para isso.
Vou sentir falta. Um dia tudo passa.
Leve embora, eu nunca tive de qualquer maneira.
Leve embora, e tudo estará bem.

Atrás da cobertura de outra maravilha perfeita onde é tão branco como neve...
Individualmente dividido por uma roda tão indecisa, e não há para onde ir...

Também não há cor alguma.

sábado, 22 de maio de 2010

Lições

Eu sempre esqueço que as pessoas não se importam muito umas com as outras. É um terrível hábito.
E passo a me importar com elas, claro que sim. Mas falta alguma coisa, é muito nada. Nada.
Longe daqui, a teoria da tristeza inexistente é esquecida.
Longe daqui, alguém esqueceu o caminho de volta.

And what have we found?
The same old fears...
Wish you were here;

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Nada legal aconteceu hoje Parte I

Eu não preciso de ninguém do meu lado...
Eu não preciso de drogas para me acalmar...
Estou lendo as escritas atrás do muro...
Não pense que eu precise de coisa alguma. NÃO! Não pense que eu precise de coisa alguma!

Qual foi o crime que cometi?
Quando foi que o muro construí?

Agora, só desejo uma coisa: Quero sair daqui.
Mas as opções estão se esgotando...
Não há saída de emergência.
Nem analgésicos para aliviar a dor...
Nem, ao menos, um local para depositar.

Às vezes parece que há luz do outro lado... às vezes... só ilusão.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dia de chuva

Só queria uma vida normal. Mesmo. Uma vida na cor que eu quisesse, pra poder colorir aos poucos.
A paranóia de só ver vultos em volta e nada sentir sobre nada... O estrago cerebral já está feito. O que é preciso fazer?
Individualmente dividido sobre uma roda indecisa, uma roda do karma.
Quanto mais eu vejo menos eu sei, às vezes parece que sou bom o suficiente...
A roda não gira... mas tudo de antigamente faz-me morrer de saudade, amor pelos velhos tempos. Nunca vou mencionar isso é claro.

Caminhando pelo caminho chuvoso, vejo gentes fazendo tudo o que eu queria fazer... diariamente, repetidamente, incasavelmente, me enchendo de raiva. Não tenho onde colocar isso, a não ser na minha própria cabeça, na esperança de ir tudo embora e nunca mais precisar sentir nada.
"Um dia vai chegar a sua vez." Nunca pensei que fosse ver uma frase tão errada ou tão atrasada, ainda não descobri e nem vou, o que isso quer dizer.
Me acho bom o suficiente por dizer que quero fazer algo nobre... sem nunca conseguir.
Falar com o próprio eco se torna proveitoso, quando as palavras são sinceras demais para receberem uma resposta. Ao menos um olhar.
Já li e reli as escritas no muro, elas dizem o que acho que as pessoas querem dizer em silêncio.
Tudo o que eu quero, de uma maneira ou outra vai embora, inevitavelmente. Fico esperando minha vez, já que é assim, nessa roda estática.
Estou cansado.

domingo, 16 de maio de 2010

Nuvem negra

Desde quando? Até quando? Sortes pestilentas se sucedem. Chega dessa palhaçada!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

It's the last time you'll look like today

Hoje a tarde, eu ouvi Ripples, do Genesis, com muita atenção. Quando cheguei nessa parte, parei. Desliguei o monitor e me olhei no reflexo. Era a última vez que eu pareceria dessa forma. A última vez. Se eu fizer a mesma coisa amanhã, talvez eu não perceba diferença alguma. Se eu fizer isso todos os dias, por quatro anos, talvez eu nunca perceba a diferença ao longo dos dias. Mas eu piscasse os olhos e os abrisse ao final desses quatro anos, eu levaria um susto ao me ver de novo.
E levei um susto ao pensar nisso, ao me ver muito diferente de como era quatro anos atrás. Os olhos mais baixos, o cabelo maior, as espinhas ausentes.
E levei um susto ainda maior ao pensar que lá dentro, atrás desse olhar cada vez menos novo, estavam idéias quase iguais, vontades quase iguais, sonhos e frustrações quase iguais as de quatro anos atrás.
Pela última vez, eu tive essa aparência. Sei que terei esquecido de várias das formas com que me pareci ao longo destes anos, quando levar meu último susto. Mas lembrarei dessa vez, desse dia em que alguém me disse que eu estava andando num caminho sem volta, sentado numa escada rolante que sobe e desce ao mesmo tempo. Um dia, vou lembrar de ter tido medo de nunca voltar. Como as ondas cantadas na música, nunca mais voltar.

sábado, 8 de maio de 2010

Adultos

Então nossos compromissos ficaram muito sérios?
Talvez o tempo fosse muito, para apenas aproveitá-lo; melhor desperdiçar um pouco por aí... É claro que não. Mas essa foi a infeliz escolha.
Será que nos tornamos pessoas muito preocupadas? Ou incapazes de criar coisas novas? Não se faz mais brinquedos com porcarias inúteis. Mas quem são agora as porcarias?
Fomos nós que colocamos as grades na nossa casa, nós que construímos nossa cela. Aprisionando nossas mentes em tarefas muito importantes, desaprendemos coisas simples. Como é difícil espalhar um pouco de tinta pelo chão. E quem lembra do toque da calçada?
Na ordem da vida humana, morrer vem antes de envelhecer.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Realidade irreal

E então o homem levantou. No meio da multidão apressada, na cidade pacata, onde supostamente não deveria estar. Era encarado como uma mancha na rígida marcha do progresso.
Ainda assim ele levantou. Um saco de pães e um pote de maionese era tudo o que ele tinha, e talvez até tivesse achado no meio do lixo das outras gentes, porém era o suficiente para saciar sua fome para mais um dia de trabalho importantíssimo. Ironicamente seu uniforme não era um terno e gravata, mas sim roupas usadas, surradas e desgastadas que também, assim como sua comida, outrora foi de outras pessoas. Seu trabalho era recolher material que os outros costumam chamar carinhosamente de lixo. Seu próprio lixo.
Ele não tinha pais, mas era filho da sociedade. Nascido no meio do concreto, consequência do progresso.

Muitas pessoas observam, mas é preciso coragem para observar o que não se quer ver.
Enquanto na frente da farmácia, a melodia da gaita do cego tocava o rebanho de ovelhas, o único homem surge entre todas aquelas pessoas. Diferente dos demais, não possuia nenhuma coisa importante como uma mochila, um terno, um carro, sapatos, ou um aparelho de ouvir musica, diferente dos padres, homens de negócios, policiais e muitos estudantes, possuia sim algo que há muito havia deixado de ser importante.
Quando ele se aproximou do cego, sorriu e colocou a mão no bolso tirando umas moedas. Depois de entregar as moedas ao cego, ele entrou na farmácia para se pesar. Era o único ser humano no meio de tantas pessoas, convicto de que, embora a sociedade insista em lhe mostrar o contrário, também era gente.

Depois disso, tomei meu rumo. Fui para casa cantando. Também convicto. Convicto de que no fundo, silenciosamente estes atos são aplaudidos. Aos poucos as ondas vão acordando, uma seguindo a outra, para assim o mar olhar para o mundo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Opção

E quando não se sabe o que escolher? De que cor é o que eu não quero? Não sei, pois não sei imaginar uma cor que não conheço. Descartar as opções é uma boa escolha, mas não é boa para quem escolhe.

Eu posso ser qualquer cor que quiser, mas escolho ser um quadro branco. Que pintem o que quiserem ver.

Qualquer cor que quiser: A busca

Vamos depressa, não há tempo a perder. Uau, olha só isso!
Artigos variados, bem trabalhados, da cor que quiser. Disse o vendedor.
Você tem verde?
Tenho da cor que você quiser. São todos verdes.
Legal, vou querer aquele verde ali.

Hoje, eu encaro o verde. O verde dos seus olhos, o verde do céu, o verde da rua de asfalto, o verde de uma tela de computador.
"Por que você faz isso?"
Porque essa é a minha escolha. Escolhi o artigo verde entre os demais.
Morrendo de amor pelos velhos tempos. Nunca mencionei isto, é claro.

No câmpus vazio te vejo parada no parar
Seu uniforme de aeromoça se dissipando no ar.
Eu sei que você disse concordar,
sobre sermos crianças sem máscaras para usar
Eu sei que o tempo de despedida chegou e se foi
Achei que a distância não fosse um problema
E agora preciso te dizer,
Que todo cão precisa de um lar.

Estou aqui, encarando o artigo verde. Não sei quanto ele custou, mas seja qual for o valor não valeu a pena. Oh sim, ele é meu agora. Não tenho como devolvê-lo, a menos que procure entre as estrelas ou nas profundezas de minha mente, a mesma loja que me vendeu, o mesmo ambulante.

E agora que eu estou mais velho
E você está mais fria
Queria poder oferecer muito mais do que um artigo verde.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um quadro a beira do caminho

Eu estava vindo pra casa, depois do trabalho. Uma quadra e meia antes de chegar em casa, resolvo olhar a minha esquerda, por sobre os campos que me salvam de prédios no caminho. E lá, tão longe quanto eu podia ver, vi o sol espalhado pelo céu, atrás dos morros baixos que ocupam meu oeste. E ele se dispersava em cores que eu não sei nomear, numa mistura gradual muito forte e suave. No lugar onde o azul começava a ganhar do laranja, estava a lua, nova, brilhando. E perto dela, uma grande estrela, ou planeta, algum astro que não sei qual era e sobre o qual não irei perguntar a internet. Fiquei um tempo parado, olhando para aquilo e pensando. Algum tempo depois, talvez dois minutos, percebi que alguém se aproximava, por trás. Vi que uma mulher desviou vigorasamente de mim, talvez preocupada com possíveis motivos que me fizessem estar lá parados. Ela passou por mim, cabisbaixa, desfez o desvio no seu trajeto e seguiu, sem notar o que me fez parar ali. E enquanto isso, eu pensava.
Pensava nos próprios pensamentos que tinha antes, nas dezenas de projetos e promessas, em todas as coisas nas quais terei que me empenhar para que aconteçam. Pensei, na verdade, em como passo tempo me preocupando com coisas que quero que aconteçam, assim como quase todo mundo, e que quase deixei passar um momento que muitos ignoram ou desconhecem. Percebi que eu mesmo desviava meu caminho de coisas belas que podem me fazer bem, coisas que estão ali, e estarão mesmo que eu não me importe.
Como aquela mulher, eu segui meu caminho. Andei até a esquina, com o olhar fixo no final do espetáculo. Então virei a direita e dei as costas àquela visão. Vim até em casa e escrevi isso. Pintei um quadro sem imagens de uma imagem sem igual. Mas não um quadro para emoldurar e colocar numa galeria. Uma foto pra guardar na carteira e, sempre que vê-la, lembrar de que estar muito ocupado também é estar errado.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Orum

Eu não preciso de nada ao meu redor,
Eu não preciso de drogas para me acalmar,
Não me engane, eu vi as escritas da sua mente
E não pense que eu precise de coisa alguma.
Embora todos sabem que um cão precisa de um lar...

Não dependa disso.
Leve embora, de qualquer maneira nunca tive.
Este é o modo, queria que fosse assim
Bem longe, posso me esconder
Longe da verdade, dói...
A verdade dói
E tudo o que eu queria era a sua vida.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sei que é pelo bem
Apesar de minha condição de juventude...

Nada, às vezes para mim, não me importo...
Afinal, meus olhos já viram a glória do amor que transcende.
E também viram o pior dentro dos homens.

Alguns passos errados, e castigos exagerados...
Ainda não foi colocado o ponto no equilíbrio.
Mas o será em breve.

Aloria Vorniss

sábado, 27 de março de 2010

Gotas

Um dia, as nuvens se cansarão. Elas ficarão cansadas de ajudar as gentes tolas aqui embaixo. Ficarão cansadas de ver o desperdício que os daqui fazem com a benção dada por elas, fazendo mau uso daquilo que ganham, como que desprezando o presente de um amigo.
Pois deve realmente cansar, ver essas gentes se afogando, não nos rios que ajudamos a formar, mas nos poços de erros deles próprios. Não é surpreendente, pois é irônico ver pessoas jogando tanta água – tanto a mais do que seria preciso – na sujeira que elas mesmas fizeram.
Foi um equívoco pensar que recursos abundantes poderiam ser considerados infinitos. Ou, pelo menos, foi assim que se agiu, sem preocupação; sem a preocupação que agora sobra, mas que, infelizmente, existe apenas em alguns.
E essa despreocupação fez com que os despreocupados fossem, por si mesmos, a um ponto perigoso de um caminho desconhecido, chamado futuro. Talvez seja melhor parar e pensar um pouco, agora. Pensar no quanto pode ser seco daqui em diante. Parar e pensar, antes de continuar seguindo sem saber pra onde. Neste ponto perigoso, nos encontramos agora, a um passo de um precipício; à beira de um buraco que poderia ser um lago, se não tivéssemos jogado fora tanta água, por tanto tempo.

domingo, 7 de março de 2010

Estranhos

Chove. Debaixo de um grosso teto, abri o chuveiro e tomei um banho.
Fui de carro até o trabalho. Depois da volta, corri alguns quilômetros na esteira.
Na sala, fechei a janela e liguei o ventilador.
Paguei um garoto para trazer as compras até minha casa e ajeitar as mais pesadas na prateleira. Depois que ele partiu, fui fazer musculação na academia.
Antes disso, tinha ido ao barbeiro pagar pelo corte de cabelo do dia anterior. Coloquei uma touca antes de sair, pois aqui sempre venta e faz frio a noite.
Trabalhei até tarde, as contas estão altas. A babá dos meus filhos cobra muito, então deixo de ficar com eles para poder pagá-la...
Coisas comuns, nada demais.
Atos normais, claro.
E depois, o ornitorrinco é estranho, por ser mamífero e colocar ovos... e nós, que usamos tênis com amortecedores para pisar em calçadas mais duras que a terra, que nos banhamos em águas transmitidas por canos velhos e tomamos remédios contra nossos próprios micróbios, nós que corremos para poder descansar? O que somos nós?

Perdidos

Todos estamos. Todos perdidos.
Entre o que fomos e o que não fomos, entre o que os outros são e, principalmente, perdidos no ser igual a eles. Todos perdidos, em um lugar estranho que chamamos de casa, viajando em uma nave sem piloto.
E se soubéssemos pra onde vamos, ainda estaríamos aqui parados?

sábado, 6 de março de 2010

Saída

Pela primeira vez, eu acreditei em 2012.
Como uma pedra.
Tudo está ficando muito rápido e somos atropelados, encurralados e futuros escravos. E as pessoas dominam outras, dominam mundos. A humanidade é um doido correndo, fugindo de sua própria sombra. Mas há uma pedra no meio desse caminho. Esse doido vai tropeçar e, ao cair, será despertado de sua loucura pela dor.
2012 parece ser a cura prometida para um mal auto infligido. Talvez esse doido, que agora corre, tenha colocado essa pedra lá justamente para isso, quando ainda era são ou sábio. Preparou sua profecia, pois não havia outro jeito e logo não poderia confiar em si.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ei, piada

Essa maquiagem toda aí tá formando uma caricatura, cara, a tua, de palhaço... não adianta tentar, não vai te disfarçar de quem não olha pra essa casca suja e feia e fraca... é uma história antiga, mas puxando a luz pra perto de ti, só projetou sombra, e o que era belo se disfarçou de ridículo.

Ei, sua piada, pare de tentar contar a si mesma, não podes demarcar tuas próprias fronteiras! O público não vai te ver, detrás dos espelhos que traz pra saciar a velha e violenta vaidade...

Ei, piada, você tinha mais graça quando era inocente, quando era longa, e quando não cortava a si mesma tentando ser melhor, melhor parecer... desapareça!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Bom, pelo que eu ouvi falar, não existe sinceridade, tudo é projeção, tudo é aparecer. Será, será mesmo que somos tão fajutos, tão farsantes? Meras pinturas, caricaturas, idéias de ser, ser o que não se é, será? Me recuso a acreditar. Melhor viver minha mentira, minha ilusão. Pelo menos a construí por mim, não por repulsa. Não por ciúmes. Não por desgosto.

II - Memórias

Que ousadia... esses pingos de coisa pouca, coisa alguma, querendo cavar de baixo pra cima, ora essa! Que falta de noção eles têm de nós que vivemos aqui por cima, num mundo além do que suas consciências fajutas fracotes pode acompanhar. Não, não, esse não é o jeito, crianças. Nenhuma escada que chega ao final começa no verdadeiro início, isso é sabido. Enquanto me defendo da ousadia deles, não consigo parar de pensar naqueles ali em cima... favorecidos pela coincidência, não conheço motivo pra continuarmos dispostos dessa forma... não, não, ainda vou tomar meu lugar. Ainda vai tomar jeito esse esquema estranho de se espalhar por aí.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Memórias de um Grão de Areia

I – Memória

O cara aqui de cima tem uma visão bem melhor que a minha, do nascer do sol ou do seu pôr por sobre o mar. Olhando pra ele, vejo que é igual a mim. Somos as mesmas peças fundamentais que movem esse mundo. Não entendo porque ele e alguns outros – também, todos meio que iguais – tem tais privilégios, estar sobre a cabeça dos semelhantes. Não sei se quem os botou lá foi o vento ou a mão de um menino brincalhão, mas talvez eu dê um jeito de mudar isso.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Se incomoda tanto, pra que ficar lembrando?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Segredo

Não deixa eles saberem, mas isso aqui é temporário.

Eu disse "alô", mas era pra ser "quem é você". Foi "tudo bem?" no lugar de "o que você quer?". Mas é uma questão de tempo, de tato. A gente aprende. São formas e modos temporários;

Não conta pra ninguém que eu só estou aqui correndo com eles por enquanto, enquanto eu não aprendo a voar sem sentir medo, enquanto eu não sei olhar pra baixo sem cair, cair sem quebrar.

Ainda tenho que crescer bastante, antes de poder brincar lá fora, afinal as balas não são mais de borracha, as bolitas não voltam pro seu dono no final do jogo.

Eu sei que tu tem, também, uma árvore, plantada por perto, crescendo mais e mais, pra te levar até lá em cima, até onde o ar é fresco e tu consegue ver o quanto a cabeça das pessoas realmente brilha. Sei que ela está dentro de casa, porque é melhor deixá-la lá, até que seja mais forte que os gafanhotos - e nós sabemos que eles são muitos, são muito mais.

No fim das contas, a gente age como agente secreto;
"o agente secreto é um palhaço, disfarçado dos farsantes, lutando sozinho contra todas as chances".

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

As chuvas demoram, mas ainda vêm...

http://expressarporexpressar.blogspot.com/2009/11/as-rimas-terao-um-novo-lar.html
If you're leaving, close the door
I'm not expecting people, anymore

[When a Blind Man Cries - Deep Purple]

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Vendo o mundo cair a sua volta, os olhos ainda brilham.
Sentindo o gosto da dor, seu labios seguem sorrindo.
Apesar do cheiro da podridão ele ainda sente o aroma das flores.


A árvore que não quebra é a que se curva frente ao vento forte.

Sábio quem aprendeu a viver e ser feliz apesar de tudo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Eu não sei, quem sabe...

Talvez o problema seja que ele realmente corra pro lado certo, mas quem está do lado errado acha que não. As margens compartilham o rio, mas discordam sobre sua direção... acho até que a dificuldade é o fato de as plantas terem brotado no lado errado e não terem sabido sair, não serem capazes de mudar, de serem 'mudas', de emudecer - falam muito sobre a estrada, paradas do lado dela. Um engenheiro disse uma vez que suas raízes estavam no ar. Talvez essa seja a saída. Ter um trailer, não um castelo.
quando vamos nos convencer que o rio corre exatamente para onde deveria?
não canso de ter saudade de tudo que já foi
não consigo parar de pensar em tudo que poderia ter sido
dói todas as coisas deixadas pra tras, tantas coisas deixadas de lado.
dor bonita porem
ao mesmo tempo não mudaria nada
o presente é tão belo e tão perfeito em sua falta de sentido
que qualquer mudança, por mais pequena que fosse, iria quebrar seu equilíbro

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Tempo (pode parecer, mas quando vamos pra outra margem do rio, ele não passa a fluir para o outro lado)

Todos tentamos, eu inclusive - e muito; As horas boas passaram e passarão muito rápido, muito curtas, um tanto raras.
Tentei e tentei de várias formas; troquei a areia da ampulheta por saibro, pisei nos ponteiros do relógio e tentei chutá-los de volta pra trás - nada disso deu certo. Corri pro mesmo lado que o sol, tentando impedir que ele fugisse, tentando fazer meu dia ser longo. Mas o fôlego dele durou bem mais que o meu.
Então me dei conta de algo fantástico: a forma de parar o tempo é lembrar do tempo bom que passou, pois lembrar é uma forma de nos manter vivos num momento no qual valeu a pena viver. A saudade é um desvio na linha da existência, como uma âncora que prende nosso barco no meio do mar, enquanto as ondas seguem adiante. E foi pensando exatamente nisso que eu percebi que não quero mais parar o tempo. Percebi que, para nossa sorte, nunca vamos parar ou voltar, justamente para que tenhamos a chance de fazer coisas novas ou de desfazer algumas das velhas. Afinal, somos peixes de um rio, e não de um lago. Como esse rio, nosso caminho acaba em algum lugar, claro. Mas em um lugar por onde a gente nunca passou.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Estranho

É perturbador, depois de vinte anos, achar-se vivendo entre estranhos. Demorei tanto pra perceber que minhas plumas não virariam escamas como as deles... As vezes penso em tentar colar os pedaços da casca do ovo, ficar dentro dele e rolar até algum outro ninho, onde me sinta confortável... mas não, isso não vai acontecer. O contraste é que faz a luz aparecer forte. Vou ficar aqui e ser um pássaro, mesmo que me digam que não deva cantar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Gilda

Sabe, é que os espelhos não tem idade, não tem... a gente se reconhece em alguém que acabou de conhecer, alguém que já conhece há muito o que a gente tá descobrindo agora. E dá pra ver que o caminho que a gente tá começando vale a pena, porque lá de longe, bem mais perto do final dele, alguém acena com um sorriso tão brilhante como o nosso, como nós que temos muito pra ver e mantemos os olhos bem abertos.
E os óculos dela são pra garantir que nada escape, nem no finalzinho, nem quando as cores todas são velhas conhecidas, até porque existe sempre um tom novo pra ver. E a gente encontra alguém que fez o que a gente faz, ou quase igual... e há a garantia antecipada do não arrependimento. É bom estar com a mente em paz pelo pouco que se fez e pelo que se vai fazer - principalmente por saber que, mesmo sem saber, estávamos acertando desde agora. As melhores lições levam a pensar com alegria. Há coisas que não se esquece, mesmo que não se perceba na hora. Seremos sempre felizes enquanto conseguirmos continuar o que queremos fazer. Ela nos mostrou que não é difícil. Vamos mostrar que ela está certa.