terça-feira, 30 de julho de 2013

KISS

Aqui estou eu, com muitos pensamentos por segundo, tentando entender o que se passa neste receptáculo.

Lendo essa frase parece tão incoerente tentar entender os outros, mesmo assim, de tempos em tempos, essa fome reaparece.

Todos os dias olhando para trás, tentando coletar dentre os inúmeros dias os que tiveram algum acontecimento que pudesse dizer quem sou.

Tantos anos aqui como um coletivo e ainda corremos atrás do próprio rabo.

Joseph Stalin, Friedrich Nietzsche, Karl Marx, Platão, Sócrates, Adolf Hitler, Max Weber...

Algumas dentre as muitas figuras mundialmente conhecidas. Pra que entendê-los? Precisamos dos seus pensamentos pra viver? Podemos nos agarrar a um ideal?

A Wikipedia me diz que existem mais de 4 milhões de artigos. Precisamos disso?

Quantas palavras, quantos significados diferentes para a mesma palavra. Precisamos disso?


E aqui estou eu, pensando como poderia continuar ou até concluir este texto, pois assim fui ensinado a fazer, mas a única palavra que me bate repetidamente é: simplicidade.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Escrever por escrever...

Escrever já foi uma tarefa mais fácil. Bem mais fácil.
Veja bem, pois eu falei escrever, e não escrever bem. Há uma grande diferença entre estas duas coisas.
Agora, por exemplo, apenas escrevo. Por escrever. Para ver o que consigo fazer. Para ver se ainda consigo me expressar.
Sem me preocupar com o que o Elias vai achar quando eu mandar o texto pra ele, pois é quase certo que vou fazer isso.
E também... porque fiquei com raiva de mim mesmo, depois de ter escrito mais de 20 vezes, contadinhas, a mesma linha, tentando, inutilmente, falar sobre minhas decepções com algumas dessas pessoas que chamamos de amigos. Mas não, não vou falar delas agora. Isso, e todo o resto que pensei, será dito noutra ocasião.
Já que comecei esse texto somente para escrever, é isso que farei. Vou escrever para mim mesmo, e postar naquele blog meio abandonado onde sempre coloco meus clichês, e onde muitas vezes vou, na esperança de matar aquela fome que tem dentro da minha cabeça, procurar por qualquer texto novo, qualquer coisa que me traga de volta os tempos (nem tão) antigos. Tempos onde os textos e as histórias surgiam no trabalho, nas conversas, no barzinho perto da faculdade, que na época era muito mais legal, ou só era melhor frequentado, ou ainda, e sempre considero essa possibilidade, quem tenha mudado seja eu, e seja a falta de pessoas que sejam marcantes em minha vida, que faça daquele barzinho um lugar tão mais simples e sem aquele calor dos tempos antigos.
Mas não me entenda mal, ainda há amigos lá, muitos deles, alguns muito bons. O que não há, ao menos para mim, é alguém que me sirva como fonte de inspiração. Não necessariamente uma paixão, antes que seja interpretado dessa forma, mas alguém que me incentive a fazer algo novo, algo que eu goste ou admire, mas não faça por qualquer motivo idiota.
De épocas em épocas há alguém assim, sabe?
Não que essas pessoas vão embora, até porque acho que nem tem como ir. Depois do que fazem, chegam a se tornar uma parte de ti mesmo, ou tu delas, não sei bem. O fato é que elas ficam. E todas as (inclusive pequenas) coisas que a gente faz, tem toques daquelas gentes, de sentimentos daquelas gentes, do gostinho que elas deixaram na vida.
Os pequenos toques que deixo até neste texto.
E por que eu falei de tudo isso? Porque é assim que minha cabeça funciona. Eu misturo as coisas em um fluxo inconstante e atemporal, onde o passado, o presente e o futuro se misturam, e universos paralelos são criados. Onde eu, parado atrás de mim mesmo, me vejo escrevendo.
E voltando pra ler tudo que escrevi, até que escrevi bastante sobre minha incapacidade de escrever.
Acho que tenho que ficar mais vezes com raiva, ou escutar algum tipo de música que me inspire a escrever, ou só cuspir as coisas sem me preocupar em estabelecer uma conexão entre tudo, exatamente como fiz aqui.
E aí poderei ser um escritor melhor, ou pior, ou só um escritor.
Alguém que sabe colocar palavras em ordem, para que elas façam sentido, e que no final, todos entendam que tudo acerola.
Ou não.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Sobre olhar pela janela

Queria saber lidar com essa sensação de esmagamento que fica após algumas coisas; ouvir uma música mais bonita do que deveria, olhar pela janela e ver as árvores desfolhadas sendo vigiadas pelo sol escondidinho atrás do morro lá longe, estar aqui vendo isso e pensar num lugar distante, numa pessoa que agora caminha n'outra direção. Ah, isso me deixa um rastro no espírito, abre sulcos, ara-me a alma. Não, não condeno esta sensação e nem pretendo dela me desfazer. Na verdade, tento extrair daí algo de bom, germinar alguma ideia sobre a vida, sobre amor, sobre sentir e estar aqui num momento improvável e quase que inaceitável. Tento aprender e quase consigo, consigo balbuciar alguma coisa. Pensar é mais fácil que escrever; escrito se lê, tal pensamento é ilegível. Vai ver por isso tenho tanta dificuldade em traduzir o que essa mente me conta, me revela nesse céu que ficou tão bonito depois que abriram essa persiana, tirana, que ainda voltará a me esconder essa mesma paisagem que se recorta agora a minha frente. A mesma, mesma, não. Aquela é a árvore que eu vi ontem, suponho, mas apenas isso: suposição. Ah, quantas folhas perdi de ontem pra hoje? Aliás, quando foi ontem, para ela? Ah, como eu queria saber lidar com essa sensação de transição infinita, eterna transformação, que vinga numa falha tentativa de interpretar o que eu vejo daqui para lá. Como dizer o que ocorre? Como cuspir essa percepção que nem bem consigo compreender? Talvez eu devesse tentar um poema.

Sobre algo em que eu deveria ter pensado

Eu entrei em acordo com alguma entidade que controla os dedos dessa mão que aqui escreve; num acordo sobre achar que a vida ainda não me foi explicada. É um acordo antigo, este, sacramentado há tempos em escrituras profanas - que de sagradas já estou farto. Enfim, mesmo este acordo sendo tão antigo, e as coisas antigas tendem a serem deixadas de lado, sabe-se lá porque, bem, as vezes me pego a revisá-lo, a fim compreender seus pormenores. Começo, as vezes, a pensar sobre a manifestação física da minha pessoa. Minha?
Seria eu apenas um veículo? E ainda, sendo apenas parte de uma ferramenta, homem-ferramenta, qual parte é minha, sou eu, e o que veio do além, veio controlar essa estranha máquina que eu ouso chamar de lar? Será que foi um empréstimo, um contrato de aluguel, uma ocupação, uma visita sem convite, como foi que se chegou a conclusão de que algo ou alguém deveria habitar esse composto de carne, cartilagens e entranhas, essa casca que envolve... envolve o quê, mesmo? Não sei como é o centro do meu mundo, do meu ser. Conheço apenas essa forma barriguda, este corpo celeste mundano, que vagueia e cantarola por calçadas acidentadas, terreno insaturado; que troca de pele e muda de forma: pouco a pouco. Qual é o propósito - e será de propósito? - em tratar este filhote de hipopótamo, que ocupa tanto espaço? É curioso pensar em si mesmo como um livro não lido, uma carta num envelope fechado.
Ouvi há pouco uma música que falava sobre um navio de tolos, e me senti navegando em algo semelhante. Prefiro, na verdade, traduzir como ingênuo. Implica inocência. Mas pensando bem, talvez isso revele alguma neglicência, ao concluir que posso ser culpado da minha própria inocência, em não descobrir explicações para as confusas ideias que transitam entre o início e o fim destas questões: quais eram mesmo? Eis uma delas:
Sobre isso que aqui escrevo, serei apenas cúmplice ou culpado?


sábado, 20 de julho de 2013

Ah!

Se eu pudesse retroceder...
E então, ceder.
E aí, se dar.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Diga ao povo que fico

A minha rotina insignificante tem um tênue agravante: estou ciente de ser corriqueiro ao extremo, extraordinariamente mediano. Sou cúmplice meu, nessa cuidadosamente neglicenciada vivência, no me entregar de lambuja ao passar das horas, que cravejam dias a mais debaixo das minhas pálpebras. Sou culpado não por parar, mas por permanecer.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Insana e Insone Seguia Sem Guia

Ora, eu tenho desde o dia em que, inesperadamente, pelo menos para mim, que nesse ocorrido sou dos mais inocentes, nasci, uma alma de ser humano, pois a única possibilidade de alma é a humana, isso aprendi anos depois do mesmo dia ao qual me referi há pouco. Pois tendo essa tal alma e sendo, talvez por obrigatoriedade, humano, coube a mim uma responsabilidade intransferível, o papel de negociador entre um corpo de carne, uma mente de animal e uma suposta consciência de ser humano.
Ao ser-me transferida, ou informada, de forma não devidamente instrutiva, esta incubência, em momento algum foi esclarecido qual destas três partes eu deveria chamar de guia. Também não pude descobrir, fosse por leitura de escrituras sacras, ou por descoberta própria, qual destas três partes era eu, se é que era alguma delas, se é que eu era alguma coisa.
Pois, analisemos a relação do suposto eu com cada um.
Ao meu corpo não sabia dominar em funções, em forças, em resistências, senão debilmente. Não tínhamos a afinidade própria de quem foi concebido em conjunto, de quem foi feito para conviver em harmonia. Fiz e faço uso dele, instrumento que é para as básicas tarefas e subordinações das quais aprendi a depender. Porém, falta nesta relação algum alcance, a capacidade do meu corpo levar-me a lugares que outras partes de mim desejam ver, ter, penetrar. Não pode ser este, portanto, a responder pelo meu eu.
À minha mente não sabia controlar e direcionar em ímpetos, vontades e desejos. As satisfações de que necessitava, conquanto as tentasse obter com o uso do corpo, não as obtinha de todo, e nisso faltava a mim ser um apenas com a suposta mente. Servia-me, ainda que não de forma totalmente precisa ou incontestável, para me informar sobre o entorno em que me encontrava em dados momentos em que a minha consciência pudesse estar desperta.
Eis, então, que falo aqui sobre a terceira das partes que julguei existirem compondo o meu ser. Ora, esta foi, durante muito tempo, aquela que pensei devesse ser a ponta onde se encontrava a tal alma de que há muito falei aqui, por mais difícil que fosse separar ou pensar separadamente sobre ela e a mente de que falei antes. Pois no raio que explode um pensamento dentro da cabeça de um ser humano, ou seja, parte de seu corpo de carne que vive e morre, tomaria papel nesta explosão uma mente que sente e reflete o que ocorre em volta deste corpo, e combusta esta e outras percepções num suposto pensamento que ocorre então num ponto imperceptível da mente e que vem, agora ou depois, se é que vem, a ser recordado, interpretado, em vezes negado, pela consciência, que habita um lugar que não sei dizer qual é, se é que habita, e pela qual passam apenas algumas das sensações, ideias ou percepções da mente, ou interpretações feitas a partir do que recebe o corpo, também são poucos que são pegos pela consciência. Pois, incapaz que é a suposta consciência de estar ciente do que ocorre a meu corpo, minha mente, acima de tudo, a mim, seria ela então mais uma impossível eleita para chamar-se de eu. 
Posto que não me encontro, pelo menos não de forma garantida e aceitável, em nenhuma destas três partes, que não sei se deveriam ser contadas em três, se é que deveriam ser contadas, caminho então em direção a uma questão que vem a ser a impossibilidade de reconhecer-se-me caso tivesse a oportunidade. Ora, nunca tendo visto antes o seu reflexo, qual animal, ao entrar numa casa de espelhos, saberia que aquelas lá são diversas cópias suas?
Ora, falo em animal pensando, e isso faço por ser mais que meramente um deles, pensando, pois, em que existem animais que não são humanos e animais que são humanos, e qual me foi ensinada a diferença entre estes dois? Supostamente uns, nós, teríamos a nossa consciência, n'outra explicação a razão, raciocínio, digo, e, n'outra ainda, pasmo, uma alma. Pois, cheguei por conta de reflexões que, pela própria forma de chamá-las percebe-se, não passam de resultados de ideias que foram atirados pra dentro desta cabeça, ou mente, ou consciência que eu julgo ter, cheguei há pouco a conclusão de que não me encontro plenamente em nenhuma das partes definidas para o meu ser humano habitar, ou o espaço que me deram para ser humano.
Dentre alma, mente, consciência ou capacidade racional, pouco se elucida neste simples ato de tentar entrar em algum canto do cérebro, único lugar onde isso tudo pode existir, se é que existe, abrir uma janela, uma fresta que seja e iluminar, arejar um pouco esse lugar tão peculiar que trazemos para lá e para cá. Sequer consigo chegar a um culpado pelo fracasso nas relações de raciocínio e conclusões espirituais que almejava um dia, quando aqui comecei a escrever. E eu que sou, que não consigo chegar onde queria ir?

terça-feira, 9 de julho de 2013

Assim como...

Eu sentei, bebi uma ou duas doses.
Esqueci o que eu tanto queria dizer.
Assim como, talvez, não poderei ter opinião daqui pra frente.
Assim como não poderei não gostar de gatos, bacon, cachorros...
Não poderei mais ser heterossexual, pois seria proibido e estaria ofendendo a quem não fosse. Assim como não posso pensar que talvez deus não exista ou está morto... pois estarei ofendendo a quem acredite.
Ironicamente tudo que nunca tive foi intenção de ofender. Você também não teve... eu sei. Ou penso saber.
Nunca tive intenção, assim como nunca me imaginei frio. Frio é o vazio. Eu não sou o vazio, apenas vim dele.
Aí alguns que acreditam em deus me falaram que o mundo está ruim porque satanás está no 'poder'. O vosso orifício está no poder.
Acho que a alta valorização da miséria é que está no poder.
Há uma campanha de ódio meu amigo... Mais uma.
Mas não é o ódio pelo inimigo. É o ódio de você contra mim e de eu contra você.
O ódio que alimenta a certeza, que faz você se voltar contra mim, por eu não tê-la...

Não sei mais o que escrever... faz tanto tempo que não escrevo.
E eis que a cana continua sendo doce.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Somos todos em mim

-- III --

  Percebi, antes dos demais, o que estava acontecendo, no momento em que finalmente parei. E nós, que me seguiam, pudemos ver meus ombros relaxarem, as mãos abrirem, enquanto eu desabava de joelhos no chão. Ficamos todos ali, parados, aguardando que me levantasse, esperando que mais uma vez me erguesse com a perna esquerda, como tantas vezes o fizera.
  Mas não desta vez.
  Observamos atentamente, todos nós, enquanto minhas mãos deslizavam até os coldres e sacavam os antigos revólveres - um para mim, um para o outro, dissera o mais velho - e, após um breve movimento do olhar entre as armas e o horizonte, jogavam ambos ao chão, levantando pequenas nuvens de poeira, sinais a serem levadas pelo vento para algum lugar distante.
  Mas o vento de repente parou, percebemos todos menos eu, que com o olhar muito além do que era visível, desfiz-me também da adaga que, já com marcas de ferrugem, carregava em minha cintura.
  Queria que me deixassem só por um momento, queria parar e finalmente descansar, deitar-me ali e aguardar o que quer que viesse em seguida, o fim, o começo, o infinito, o vazio.
  E assim me permiti tombar, sem que pudéssemos impedir, sem me proteger sequer do impacto no chão duro e seco do deserto, sentindo o gosto salgado da poeira, do sangue.
  Declarei, assim, a derrota.