segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sentado

Se a roupa é nova ou suja, a culpa é do governo. Nem perguntaram se eu queria tomar aquele banho... agora, limpo, não dá vontade de dar dinheiro. Acham que o cara tá se fazendo, pedinchando de barba feita e sem feder.

Essa velha, de cabelo branco, me negou a moeda, ergueu os olhos e desceu a rua. Engraçado, ela não lembra que foi ela mesma que me deu essa caneca que estendi. Mas nem se era de esperar, afinal ela era só uma criança, então.
Se todos querem, então qual é a graça?

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ei, velho, sai daí! Vai embora, cara, pára de mexer.
O que você procura, afinal? As respostas ou as perguntas?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Aqui, aqui é que se vê, se vê

Ei, cara, aquela bandeira que eles acenam, cara, é só uma ilusão. Não te deixa levar pelas ondas quentes das palavras construídas, formando redes para pegar os peixes que não sabem nadar.
Os discursos são carícias, caricatas expressões das tuas idéias, pra causar identificação.
Ei, amigo velho, aumenta o volume que eles vão pegar os megafones, amigo velho.

Acho que o portão não fecha antes da gente passar, se a gente correr. Se a gente voar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

De novo e de novo,
caiu no mesmo lugar.
Levanto, procuro outro caminho.
Mas de novo e de novo,
caiu no mesmo lugar.

Canso, pareço andar em circulos,
procuro a saída, mas esta parece não existir.
Me destraiu, fujo, me entorpeço.
Continuo a procurar,
mas nunca acho o que.

Vocês também não estão cansados?
Mesmas histórias, mesmos lugares,
mesmos personagens, mesmos jogos,
Vocês já não estão cansados?

Fico á margem, observando.
Já não me importo mais com nada,
o que pensam de mim, o que esperam de mim.
Deixe para lá, já percebi que ninguem me saca.

Só estou cansada de tudo isso,
De novo e de novo.

À procura da saída...
Sempre vaguei por diferentes lugares e grupos com muita facilidade.
sendo assim tive muitas experiências diferentes.
Conheci muitas cenas, muitas pessoas...
Mas me encaixando parcialmente em tantos lugares,
nunca realmente fiz parte de nada.
Nunca me senti em casa, nunca achei o meu lugar.
Quando uma parte de mim se sentia tão familiarizada,
outras gritavam em solidão e discordância.
E assim quando acordo me sentindo abandonada, fracassada e sem esperança.
Recorro a... mim.
Quando preciso de conforto vou ao encontro daqueles que me fazem bem,
sem nunca me cansar ou me julgar.
meus filmes, livros, da natureza, meditação, yoga, dança
e principalmente da escrita e da música.
"Well the music is your special friend"

quinta-feira, 11 de junho de 2009

-

- E a culpa é tua!
- Minha?
- Sim, foi o que eu disse.
- Por que tu diz isso? O que faz com que seja culpa minha?
- Bah, esse tempo todo... te escondendo, evitando se envolver.
- Podia ter sido muito pior se eu me metesse de cara.
- Até podia, mas agora... chega nisso... talvez fosse melhor ter arriscado do que deixar as coisas chegarem nesse ponto.
- Agora não vamos mais saber.
- Tu sabe que tu podia ter mudado tudo!
- Tu sabe que não queria estragar tudo!
- Mas era bem capaz de ter funcinado...
- E era capaz de não ter mais volta.
- É, mas no fim não deu certo igual.
- O fim ainda não chegou. Eu ainda tô aqui, e eles ainda tão lá. É minha vez de decidir.
- Não dá mais tempo!
- Claro que dá. [se levantando]
- Tu vai lá?
- Tô indo.
- Certeza?
- Sim, vou resolver isso.
- Também vou.
- Então vem.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ela vem de leve, de mansinho, e começa a te encantar.
Ela fica mais a vontade, e vai crescendo.
Então começa a falar, aquela voz fantástica.
Fala as coisas certas,
tudo aquilo que tu sempre quis dizer
mas nao conseguiu colocar em palavras.
E supreendentemente tudo se encaixa em uma harmonia perfeita.
Você se deixa levar, se envolve completamente.
Para de pensar, finalmente está em paz, está feliz.
mas logo a música acaba.
Não feche a porta,
não se fixe à uma reta,
não se prenda a realidade que tu inventou.
Abra os olhos, abra os braços.
Deixe entrar, deixe te levarem.
Se deixe dançar conforme a música,
apesar de as vezes parecer não ter sentido.
E não se prenda à esse novo caminho.
Se mantenha aberto, se mantenha atento,
logo, logo, outra brisa irá buscar você.
Pare de tentar entender a lógica disso tudo.
olha lá quem apareceu!
Veja só, quem já volta!
o inferno foi só um sonho.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Queda

Primeiro, estava trancada, presa, grudada.
Moldes envoltos pelo tempo, a separação foi difícil.
Quando saiu, caiu ao chão, som ensurdecedor.
Olhando em frente, a luz perfurava a mente. Fiquei ofuscado, confuso.
A pele queimava e os olhos ardiam.
Aos primeiros passos no meio da multidão, cada um não me reconheceu.
Parado e olhando este estranho na janela, dúvidas saltam e esperneiam.
Como se faz pra ser natural? Como é não fingir?
Ela foi pisoteada e virou pó.
Não há como vesti-la novamente, as cortinas caíram ao se abrir e o roteiro foi queimado.
Atrás da janela há uma parede.
E as cores são mais felizes quando a visão flui sem a interferência de uma máscara.
--
O que é isso no meu rosto?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Então vá!
Corra o mundo, brinque com suas mascaras, encarne seus papéis!
... mas volte, volte para a origem de tudo.

****

Lembre que são apenas mascaras e personagens.
É apenas cenario, papelão e gesso.
É fantasia,
e a realidade está logo após.

****

E se você não se perdeu no meio, a viagem sempre faz sentido.
É no retorno que tudo fica claro.