quarta-feira, 30 de maio de 2012

Danadinho!

Redassam

Como disia o poeta a educassão é inportamte.
Todo mundo dividi te uma boa educassão pra naum creser buro. Pra naum vira ingnoranti.
Mais eu naum me emporto, só vim pra come merenda mesmo.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Prefiro o Cygnus aos Signos

Então, enquanto se vive ninguém escapa da tal fortuna barata... De tentar encontrar um significado, um sentido...
Mesmo que seja metido, induzido, ou consentido...
Neste mar de conhecimento... Mar onde não se pode navegar... Ondas que não seguem umas às outras.
Mar de gente às vezes. Que traz conforto e aconchego, no interior de algum ego... Para quem ousa dizer "Eu navego!"
O sentido da vida é uma invenção temporária. De quando você não tem mais chão, em um deserto do cão... deserto de solidão.
Quando todas as suas certezas se apagam, e a luz da aspereza, aprenda! Não é luz que se acenda...
Então novamente você precisa de uma nova invenção, uma razão, para construir o caminho novamente, aquele mesmo caminho que se perdeu na escuridão.

Mas é apenas uma invenção temporária, pelo menos até uma próxima ilusão.

Sofia em Tom Pastel

A filha de Adolfo se gostava de pintar; em sua face incógnita era vista a beleza de sua juventude irrevogável.
Adolfo dera o melhor de si na criação de sua filha, mas esta não lhe recompensava a atenção senão com um olhar enviesado vez em quando. Fazer o quê, foi pra ser assim que ele a concebeu.
Em verdade, ela encarava a todos com uma expressão de curiosa indiferença, o belo rosto maquiado em suave harmonia com qualquer trecho de paisagem que lhe acompanhasse.
Sofia, ele a chamara. A jovem Sofia, que quase sorria com a doçura de quem sabe tudo, detrás de um rosto que nunca conhecerá uma ruga; mas que conhece tudo que há entre as quatro bordas da moldura que a cerca.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"Cada um de nós é um universo."

quinta-feira, 24 de maio de 2012

The Stallion of the Evening

Me falharam as palavras quando tentei escrever sobre o cavalo negro. Há tempos, tentei e me senti insatisfeito com a incapacidade de dizer o que queria.
Agora, um pouco menos tolo, apesar de infinitamente ignorante, percebi o porque.
O futuro não tem narrador, é incógnita e eterna ameaça. Sou cronista do que é e do que foi, e nada mais.
O cavalo negro do futuro não tem língua, assim como eu.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Elo perdido

Foi há muito tempo atrás que o homem estabeleceu contato com algo mais. Algo que não poderia estar completamente aqui, uma forma de elo. Com forma de deformidade, o homem com seu elo alcançou o mundo paralelo.
É algo desde os tempos do Observador Lunar, desde quando ele, a Lua queria alcançar. E alcançou. Um pouco mais tarde porém, depois de seu desdém...
Hoje, este mundo ainda existe. Não é à toa... muitas coisas são trazidas de lá e de cá para lá e de volta. Através do elo do caminho sem chão, lá no final tudo existe, e nada é em vão. Tudo está pronto de alguma maneira, às vezes sem eira nem beira, mas se pensarmos, do lado de cá, todas as coisas de uma forma ou outra, vieram de lá.
As crianças sempre nos perguntaram sobre esse lugar, um lugar onde as casas são mais coloridas de um próprio jeito, as escolhas são das cores que você escolheu e o realmente são, o sol pode ser roxo e quadrado e o céu não necessariamente precisa ser azul...
Lá a verdade será revelada à você, e a sua certidão datada, seja qual for a sua temporada...
Mas isso só é para algumas pessoas. As outras estão muito presas nessa realidade para pensar em qualquer algo mais, muito fechadas para além desse cais, e quando elas te veem indo perguntam com cara de espanto: Onde vais?
Não é para menos que quem vai tem dificuldade de voltar, e quem está preso aqui tem dificuldade de lá chegar.
Existe um boato de que até a mão invisível tentou instalar um pedágio. Alguns ainda acreditam nessa história mas a verdade é que não há nada, e assim está acabada, a história do boato desta empreitada...
E eu continuo feliz por ter provado um pouquinho deste mundo, de ter cruzado timidamente este elo em um caminho sem engano, de ter perdido o medo de vez em quando, para dar Adeus à este mundo abanando...
Indo para qualquer parte, seja Júpiter ou marte, até a minha morte... Olá mundo da arte!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Na goela

Um gorpe d'água não me basta. Tapa nas paleta, manobra de Hans Chucrute, tampoco.
Pois que cada manhã que se adianta, cada vorteada no carrossel loco do infindável, tudo isso me é um troço preso na garganta, tal qual espinho de peixe atravessado n'alma do vivente;
Vez em quando, numa chuleada ligera, aplaino pelo papel tales cosas angustiantes, e um ou outro respingo, atirado à reveria, até aparenta poesia.
E aí, vem nego véio me dizê "que cosa buena" e, nas vista do bagual, tudo se passô de otra forma, umas locurage que eu nem imaginava.
Isso é flor de especial, e até que afróxa um poco o peito do vivente, que respira más contente, sabeno tê feito bem prum companheiro astral.
Mas não se espraia muito a tal paz espiritual, pois n'outra vorteada da roda véia, a goela se incha de novo, com a indomada dor de ideia xucra, escoiceando pra sartá mundo a fora, e é nessas hora que se larga o berro mais sincero;
O grito mudo do xirú que não sabe o que fazê.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ronco cotidiano

Novamente decolou o avião do trabalhador.

O braço mecânico, com a mão ferramenta que faz tudo menos carinho. Do operador sozinho, controlado por outro senhor, de paletó e gravata talvez. Enchia a boca para falar que já se foi a sua vez, de estar ali na lama, sujo, fedido. Só há um pedido: para que tudo termine rápido e custando o menos possível.
No banco do ônibus, não pensa em nada. Só quer que seja fácil sua jornada, de trabalho pesado.
Da palma de sua mão ardida, muitas casas já saíram, perfeitas, completadas... De todas elas nenhuma ficou para si. E muitos donos reclamaram da demora de sua empreitada. E novamente a dor da ferida aumentava...
Não há como esperar leveza... De sua sentada à mesa, falta de apetite ou insônia, linguajar de aspereza...
Mas se a vida é sem graça, ele disfarça... na hora do jantar... e depois numa tentativa de desabafar, alguém vai se interessar? Na mesa do bar?
E há quem diga que não há caminho, quando o chamam de mesquinho, quando ninguém o vê sozinho...
Com a cabeça cheia de dúvida da vontade de fazer qualquer loucura que pareça aventura...
Que dê a sensação de que ele não está perdido, que alguém lhe dá ouvidos...
Sejam eles Deus, a bebida ou a droga que poderá espreitar na sua casa...

E assim até onde sua vida acaba...

Assim voa o avião do trabalhador.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dias de liberdade

Elfa! Berravam os taverneiros. Mal sabiam que em tamanha delicadeza se escondia não as trevas, mas algo que poderia significar coisa pior: desconhecimento e dúvida.
Ela poderia aprender a resistir qualquer coisa menos tentação, coexistia com qualquer coisa menos com a tranquilidade talvez...
Talvez pessoas sejam destinadas à vida agitada. Talvez pessoas sejam agitadoras do destino, em uma tentativa desesperada de sobrevivência ou de prazer...
E novamente o momento de glória acabara antes mesmo de começar.
Seria mesmo importante saber quantas pessoas eram mortas em suas peripécias? Ainda assim era tudo novo, o gosto do frescor de estar aprendendo, só apenas se igualaria ao novo roubo da mesma noite, pelo menos não era uma mera meretriz, de roupas poucas, olhar vazio e surpresas tantas.
Seu olhar era vivo, era caloroso...
Faria até mesmo o mais frio homem derreter no calor de uma paixão, passageira... afinal seu coração não pertenceria a ninguém.
Enquanto ela corria, e as gotas de suor começavam a brotar em sua pele suave, ainda um sorriso lhe escapava à boca. A bagunça e a desordem ficavam para trás, em um estabelecimento lotado de pessoas confusas, era sempre assim...
Depois de muito tempo presa, era a sua liberdade agora que a acompanhava.

E a liberdade sempre cobra caro pelos seus serviços...

continua

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Expressão

Expressão.
O ato de verbalizar idéias, pensamentos e ou sentimentos através de palavras ou gestos, basicamente.
Quando a idéia é, ela força a saída.
O pensamento é como o magma, força contra a crosta até encontrar brechas.
Extravasa-se.
A mente que antes encontrava-se sob pressão, agora goza do alívio.
Ou seja, havia a idéia, havia a pressão
A idéia foi expressa, a pressão de desfez.
Era pressão, agora é Ex pressão.

domingo, 13 de maio de 2012

Ads by Yourself

Mas que torta maravilhosa,
Torta pizza pizza!
Pizza e torta, e tudo o que você quiser!
A cada minuto, à cada segundo, comprar comprar comprar!

Mas o lance é que a propaganda
Causa necessidade
Necessidade de terapia
Terapia da necessidade
Ou seria a necessidade fabricada?

Tristeza, alegria, medo, alegria
Alegria, alergia, alegoria,
Alergia de vocês
Amar comprar
E comprar amor.

Propaganda causa necessidade
Terapia, terapia!
Propaganda te pega pulando a cerca
Propaganda te pega pelos miolos.

Mas a torta é maravilhosa
Você terá de crescer
Assistir e assimilar
Divagar devagar
Para não se "cansar"
Porque prová-la antes...
Nem pensar!

Porque a torta é maravilhosa.
E a propaganda causa necessidade
De dependência.
E a ilusão da independência
Sua demência
De quando era menor
Na infância
Porque se crescer
e não virar adulto
O que vai alimentar a sua ânsia?

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Piloto Automático


Ó Roger, acorde! Existe vida lá fora!
Ah se eu tivesse uma chance de te mostrar como viver a vida...

Saia deste piloto automático, já pensou o que pode ser feito neste tempo todo em que está trabalhando?
Não seja afobado com suas criações, dê a elas o tempo certo para amadurecer. Não diga que elas estão prontas na primeira tentativa.
Tenha anseios! Não viva apenas pelas vontades de outros. Quem sabe não é por isso que se sente cansado o tempo todo?

Sei que tu tem certeza que não pertence a este mundo, tenta responder questões complexas e não entende porque é desta forma, mas será que elas devem ser respondidas?
Escreva, leia, pense, aprenda! Não seja esse robozinho que a sociedade tenta definir como ideal de vida.

Deixe de ser esse cara ranzinza e não tenha medo de mostrar seus sentimentos, afinal eles são puros e nobres, algo de que deve se orgulhar.
E não tenha medo se no meio da sua jornada aparecerem erros, não seja sério demais consigo, afinal, isso acontece com todos e é normal.
Mas não deixe de refletir, lições importantes podem ser tiradas de cada ato.

Enfim, viva, meu caro!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Um viva

Eu queria ver a volta. No brinquedo que gira, senti a tontura mais sincera, diferente daquela engarrafada de adulto, com a qual me acostumei. Eu queria ver o mundo que me cerca, e olhei pouco a pouco pra todos os lados. Os prédios, tão definitivos, me encaravam na minha questão de criança. E as crianças, que sentaram comigo no brinquedo, também buscavam o rodopiar, com outro objetivo, talvez o mesmo sentido.
Depois de alguns impulsos, em que o pai delas nos botou a girar velozes, a cidade me cercava num borrão. Aí estava minha percepção de mundo; um caldeirão misturado sem receita.
E eu me segurei firme, com medo de cair da roda das crianças; com medo de cair num mundo adulto, numa realidade que não sei compreender, com a qual nada sei além de brincar.

Rimar

Em movimentos toscos da mão, as canetas começam a traçar
Palavras e desenhos coloridos, um lindo sorriso a brotar
Que se amplia com o carinho que os gestos tentam encenar
O sono vem, a visão embaça quando o corpo quer descansar

Teu olhar se perdia na imagem que se perdia no teu olhar
O silêncio confundiu o tempo, o tempo esqueceu de passar
Hipnotizada pelo quadro, vi a tua luta para se expressar
Falhando em buscar as palavras, a boca preferiu se calar

O silêncio confundiu a gente, e a gente começou a sonhar
Teus lábios se comprimem, mostrando que resistes a falar
As três palavras, que, se combinadas, podem a vida mudar
Que pelas grades de nossos receios, trancadas irão ficar

Até que não possamos fugir, até que não se possa ignorar
E que nossos pensamentos sejam conosco em qualquer lugar
Aí seremos certos de que tudo foi além do simples gostar
Os infinitivos serão meros rabiscos, no infinito do amar

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Caminho pisado?

Já disseram: é a verdade que assombra.
De tantos passos dados, mais uma vez a ilusão de que talvez não tive participação em nenhum deles.
O que forma um caminho? São nossas escolhas e decisões? São nossos amores e nossas percepções?
Faz muito tempo que caminhamos sozinhos... e o que me abalou de verdade foi a possibilidade de ser um caminho pisado, não de ser apenas um caminho sem chão, mas um caminho sem escolhas, ou de escolhas já feitas.

Nada fará sentido se nada puder mudar. Se somos o próprio universo tentando se entender, já estaria tudo compreendido pois não podemos mudar o rumo... uma vez que o destino está nas estrelas...
Seríamos escravos sem livre arbítrio...
E isso, meus amigos, mesmo se o tempo for infinito.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A

Olhar em volta era um risco psicológico; costumava titubear ante o terrível perigo de ferir sua auto estima. Vez por outra fizera isso, e não lhe ficaram boas lembranças. Havia tantos outros dando os mesmos passos, executando as mesmas tarefas, que sentia-se dispensável, substituível.
Mas não estava em sua essência parar e pensar, embora talvez isso a fosse diferenciar dos demais.
Conforme era esperado, seguia adiante, sem saber do perigo que corria; Os gigantes do concreto caminham sem olhar pra baixo.

O grande show

Não é apenas sozinho
que o operário de mãos calejadas,
Usando pincel, espátula ou enxada
Constrói um abrigo arejado

Assim como não é sozinho
Que um senhor do tempo alheio
Dono de muitos do povo
Leva a esperança de todos de novo

Não é sozinho
Que um músico faz um show
com seu instrumento, em uma noite
Em uma banda que ele tocou

Eu, não levanto a baqueta sozinho. Há uma corrente de união, de percepção... Neste momento, quem faz o show, são as pessoas que mais importam, muitas até nem tocam, mas não é necessário. O que precisa ser feito, é feito sem hesitação e sem mesmo perceber...
E é com uma única batida, que banda e público formam a vibração mais verdadeira, tão forte quanto a própria vida.

E então, se o destino está escrito nas estrelas, tudo o que temos é um grande show no céu.

Muito além do armário das xícaras

Doce suave som da água escorrendo. A melodia mais ouvida na vida de Clotilde.
Poderia cumprir metade das suas tarefas diárias sem abrir os olhos, mas a visão é um dos meios de saborear sua rotina; Nisso, esquece do mundo que existe fora de cada copo, prato ou talher na sua pia. O som da água cessou, agora é a vez do pano.
Sensações frágeis, meramente perceptíveis, vão embora junto com as gotas d'água enxotadas da xícara decorada com corações.
Clotilde abre a porta de madeira do armário, na parte onde guarda as xícaras, e coloca a primeira lá dentro. Quando percebe que esta era a única que havia lavado, recua dois passos para fechar aquela porta, antes de começar a secar os copos.
"Ué!", lhe escapa ao olhar lá pra dentro. A porta que deixou aberta, na verdade, abriga incontáveis copos.
O marido não está em casa, senão lhe perguntaria se mexeu por ali. Improvável, pois a cozinha era, a ele, um local quase que estranho.
Pensa que deve ter se confundido, e abre a porta onde lembrava guardar os copos, apenas para checar.
Panelas! Mas... só pode ser alguma traquinagem! Coisa de... Bom, seus filhos nem moram mais com ela, e esse é o tipo de brincadeira que talvez fizessem há nove, doze anos.
Um leve aperto no peito.
Joga o pano na pia, mirando pra errar a parte molhada, e começa abrir as outras portas, e até as gavetas.
No lugar das panelas, lá estão travessas, bandejas e até tábuas de carne.
"O caos", pensa Clotilde. "Que horror!", murmura ao perceber que as facas e os garfos também foram trocados.
Mas resta alguma esperança - as colheres estão no lugar onde as esperava encontrar. "Ah não!", agora percebe que os cabos são azuis, em vez do esperado amarelo claro.
Sem saber o que fazer, sai da cozinha, resolve ir até a sala, pegar o telone pra ligar pro marido. Na saída, percebe que o armário da cozinha sequer parece aquele que ganhou da tia Maristela no casamento, tantos anos atrás.
"Crédo, tô ficando louca!", e o corredor até a sala tem um tapete horrível, o assoalho resmunga um barulho estranho.
Uma lágrima com gosto de detergente escorre até sua boca, e a sala não é a mesma! Os vasos de flores, os quadros, até a televisão, foram todos trocados. A hipótese do sonho, pesadelo passa por sua cabeça, mas como faria pra sair dele?
Subir pro quarto! Talvez lá consiga voltar pro sono tranquilo. Ao terceiro degrau da escada ela para: "O que?!", sua casa só tem um andar! Barbaridade, melhor ver o que há lá em cima.
A subida apressada é cansativa, sai ofegante por um corredor acarpetado, menos estranho do que o esperado. Parando para se recompor, olha para os pés e vê as pantufas que está usando. Vacas, bem do jeito que ela queria e nunca lembrava de comprar! Ri, ri com vontade, sentindo o alívio de quem assume não ter mais esperança.
Caminha até uma porta fechada, certamente o quarto daquela casa estranha, aquela casa de sonho, de mentira e, ao esticar a mão para a maçaneta, vê que as rugas causadas pela água ainda não se desfizeram.
Entrando no quarto, tudo é tão estranho quanto esperado. Relutante, caminha até o armário e para em frente ao espelho.
Olhando em frente, vê seus cabelos brancos, os seios caídos. Não reconhece a si mesma, vê ali uma velha senhora. Olhando mais para baixo, percebe a gravidade da situação; Na sua pressa aflita em sair da cozinha, esquecera de tirar o avental.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A Casa III

Pois, o tempo passou e a casa está diferente.
E eu também, e pra melhor eu diria.
A casa passou por reformas, está mais ampla.
Não sei de quem foi a iniciativa.
Mas a mim não importa, não moro mais lá.
Não sei quem freqüenta.
Parece que até uma chaminé instalaram.
Quando eu morava lá não tinha nada disso.
Quanto a mim, parei de dormir em qualquer lugar.
Estou à procura de um ninho.
E tenho em vista um chalé, um pouco menor.
Porém mais novo e muito aconchegante.
Além de oferecer uma vista linda.
Percebi que vou morar em muitas casas até saber em qual delas vou morrer.
Estou de mudança novamente.

Meu abajur

O meu sol me deu um pedaço de si. A noite escura recua, pois refletido em mim está o amor que eu recebi.
A luz suave que ela me deu clareia o caminho, evitando os antigos tropeções. Me guia até o aconchego que me transporta de um dia pro outro.
E, de um dia pro outro, tudo o que quero é ser levado pro aconchego de seus braços.
A melhor escolha que já tomei foi colocar a outra xícara na mesa.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Logo ali

O cara da rua sorria pedindo dinheiro, mas eu sabia que o sorriso dele era alegria por ter quase o suficiente pra mais uma dose.
Sorria, sabendo que assim poderia se afundar um pouco mais no oceânico isolamento que existia entre ele a sociedade civilizada. Era essa a liberdade que ele tinha, afinal.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Orgasmo literário (ou sei lá o que)

Um tempo atrás, o Nelson falou do orgasmo musical, que é massa demais. Hoje, aconteceu algo parecido, só que diferente.
Depois de um orgasmo, o meu pulso está doendo, e não é de punheta.
Ouvindo The Flower Kings - Stardust We Are, escrevi sem parar por mais de vinte minutos, botei pra fora tudo que veio a mente, e me sinto inexplicavelmente leve. Não sei se um dia vou ler aquilo ali, mas nem era essa a ideia, mesmo.
Enfim, queria aqui expressar tal alívio, apenas por expressar.