segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Há prática

Continue.
Talvez fosse o que ele iria me dizer caso os acasos se fizessem presentes.
E eu continuo. Aos trancos e barrancos, mas é assim mesmo.
Afinal, quando tu precisa aprender algo, normalmente é porque tu não sabe. Se soubesse, não iria atrás aprender. Há preço.
Só que eu ainda não sei dançar. E não posso me dar ao luxo de acreditar em um deus que não saiba dançar.
Ainda bem que ele é o senhor da dança.
O portador da chave que abre os portões. Mas ele só pode me mostrar o caminho, eu é quem vou ter de atravessar. Como? Eu ainda não sei. Talvez dançando.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Quase

O fiz e fiz porque quis. Quase cortei meu cabelo certa vez; noutra, cortei. Cortaram para mim, na verdade.
A vida é cheia de prestações de serviços. Paga-se a paga, compra-se o produto.
Fui careca, escolha própria, circunstâncias favoráveis. Ventos afiados aparando as arestas, enregelando as orelhas.
E o que resta?
Espiar por alguma fresta, observando a galáxia lá fora se remontar em metamorfoses tão incompreensíveis quanto o piscar de olhos que me leva de um dia a outro.
É, Juão; os ventos que emporcalham ou avacalham a calçada são os mesmos que levavam velho Mordo mundo afora. E como sopram!