quarta-feira, 6 de maio de 2020

E então

Em que momento descobriu que nada é verdadeiramente seu?

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Nota

É hora de correr, é hora de salvar.
Precisamos cuidar da saúde, os números não vão bem. Vejo muita gente preocupada. No corredor, na cama do hospital. Os olhares fixados nas telas. Quanto vai custar?
Mas a verdade é que eu me sinto uma idiota. Correndo pra lá e pra cá. Para que os meus números vão bem, para que aumentem.
E me preocupo, se pegar alguma coisa, se ficar muito mal. Não há astral.
Normalmente a minha preocupação é uma e a deles é outra. Talvez porque optei por ignorar as cifras sedutoras durante o aprendizado. Elas não me interessam e talvez as pessoas também não. Sempre me interessou a adrenalina, o contexto, até mesmo o sangue.
Não me interessa também um bando de velhos safados, agora todos exigindo uma explicação, uma salvação. Muito me alegra poder dizer não, não por um prazer meu, mas pela realidade da situação.
Correu, correu, e agora não consegue nem ao menos olhar para si, pois tem medo do que vê. Tem medo de perder tudo o que arrecadou. Prefere gritar ensandecidamente, defender com unhas e dentes um modo caduco de ver as coisas. Um jeito velho e ultrapassado. Mas e o futuro do calçado?
Só se for na capital nacional do passado. Capital portuária, que lança suas embarcações no mar revolto das finanças. Como mostrava naquele filme engraçado.
Não quero cidadania e não quero ser patriota, obrigada.
Meu riso vai tentar conter o meu desespero.
Minha raiva triste vai tentar me salvar dos dias de angústia sem fim. Numa semana interminável.
Não há como ficar tranquila nesse mar de gente indecente, na sexta feira que caminha para o sábado sangrento. Me dê o vinho, pode ficar com o pão.
E como diria o Ozzy, também grito:
You bastards!