sexta-feira, 31 de julho de 2009

Gelo, gente, geada.

Fogão a lenha, aquecedor, ar condicionado e lareira... mas os corações continuam gelados.

Porque o fogo do sol não é irmão
do fogo anunciado pelo trovão.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Repete

Que grande piada, amena ilusão.

As primeiras marteladas são satisfatórias, pouco a pouco o prego se enfiando na tábua séria, sisuda. A vitória sendo conquistada.
Depois o braço começa a cansar, o som do martelo, quando falha, é surpresa.
Quando este cai ao pé, nem a dor acompanha o processo.
A madeira já está amassada, o prego foi fundo.
E se passa a bater nele com a própria cabeça. Mas ele não sai do outro lado.
Do outro lado sai a gota de sangue que escorreu da testa.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Um susto

Perde-se um som, sem dono, roubado;
Que voa, vadio, com o vento que chora ali fora.
Um grito, suspiro, canto abafado,
vai e volta, levando silêncio embora.

Os homens, de pé, temeram contradizer um iludido.
Assustados, pequeninos não tiveram coragem.
Agora voa o agudo chamado gemido,
doce pétala de metal, mariposa selvagem,
pra de onde nem deveria ter saído.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ora, é claro.

É mais fácil reclamar. É mais fácil falar do que incomoda e do que atrapalha, porque as pessoas, em maioria, são medíocres e não conseguem superar essas coisas. É que o ar mais puro está mais perto do céu, longe das cabeças e das bocas que resmungam. Mas as pessoas, em maioria, não sabem voar. E não sabem falar de algo que está além de sua visão limitada. Em sua maioria, não sabem de nada.
Tanto barulho por nada,
Ah meu deus, tanto falatório, briga, drama.
Tanta crise. Pra que?
Usar tantas desculpas pra fugir, criar tantos problemas pra se defender.
Inventar tantas fórmulas para tentar controlar. Mil maneiras de rotular.
Pra que?
Não é assim.

O caçador de Unicórnios (fragmentos)

Deitado em uma rede de ilusões...
Sobrevoando idéias inocentes...
Procurando uma forma de se perder...

Ao aceitar mais uma chance de rendição,
recorda-se de um dia que não veio.
Ainda tem um momento para esquecer,
não haverá mais tempo pra perder fazendo contas.
Mas todos que fugiram já morreram
e os reféns hoje são reis.

E aqueles que pediam punição, hoje imploram por migalhas,
Sabendo que o fim só pode ser alcançado quando se começa de lá;
Shhhhh, fica quieta!
Pra que tantas duvidas? tantos questionamentos?
Ah, la vem tu em crise de novo!
Tu não ta cansada de tanto drama?
Iii, e agora o que?
Todo esse ego, me enoja.
Tu não te irrita contigo mesmo, por que tu jura que ta sempre certa?
Que sempre sabe de tudo?
Tu sabe que não é assim!
Ah também não é pra tanto, não precisa ficar tão insegura!
Para de xoramingas, te anima!
Ah, agora começam os planos ¬¬
Para de planejar tudo, para de controlar, deixa rolar.
Porque tu não pode deixar as coisas acontecerem?

Ahhhhh, tu me cansa!
CALA A BOCA!

sábado, 4 de julho de 2009

Caminho dos Cegos

Sentado atrás da porta, um velho observa.
O futuro é uma eterna ameaça...
Ao som das trombetas, a verdade cairá no esquecimento
As correntes da vida pausarão por um momento.

Não conheceu a dor, nem a tristeza
Viveu antes de inventarem a morte
Por isso mesmo sentiu-se perdido
Pois quando não há fim, não há nenhum sentido.

O Pântano

As crianças cegas estão plantando seus morangos;
Em silêncio, despercebidos, seus pais jogam sal na sua horta.

A pobre menina cria pássaros no quintal de casa;
Seu vizinho os ensina a voar, amarrados em baús.

O homem solitário vai aprender a tocar guitarra;
Mas toda noite sua mãe corta a corda do lá.

Porém ninguém interfere na rotina da senhora suicida, ou na do velho palhaço. Eles já se afundam, sozinhos, o suficiente.
Talvez se eu tivesse me escorado nessa árvore logo, teria percebido antes que não era o mundo que girava loucamente, e sim minha cabeça que não sabia onde mirar. E ainda dá vontade de ir a muitos lugares ao mesmo tempo. E ainda dá medo de não me deixarem passar do portão.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

ah que saudade,
que saudade do meu antigo eu.
que saudade de sentir, e acreditar sempre.
de sonhar, e saber que esses sonhos vão se concretizar.
ahhh que nostalgia, que vontade de voltar a ser aquela pessoa.
aquela pessoa que é sincera, simples, boa, sonhadora, pacifica.
Ah que saudade de mim mesmo...

será que vou me encontrar com ela no meio das minhas andanças?
Você sabe..
como todas as pessoas vivem?
Elas odeiam, e continuam, e continuam..
Oh meu deus, eu estou tão cansado
Elas acordam, tomam banho, comem, andam, trabalham, vem o jornal.
Alguns bebem, alguns lêem, alguns fazem sexo.
Mas são todos a mesma coisa.
Eles escutam músicas, assistem filmes, eles estudam,
e continuam, todos, todos a mesma coisa.
Cada um com seus sonhos de papel, cada um com suas desilusões,
aprendizados, novas filosofias, suas morais enraizadas.
Todos a mesma coisa.
Alguns tentam, realmente, alguns tentam, remar, fazer alguma coisa diferente,
tentam fugir disso tudo,
yeah, alguns tentam, mas...
no fim, são todos a mesma coisa.
Você sabe, como nós todos vivemos?