quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Mil quatrocentos e quarenta

    Coruscando em meio a noite, um brilho sedutor levava os homens para fora de seu caminho, qualquer que fosse ele. Ao descobri-lo, abandonavam o que traziam consigo, indispensável ou não - dali para diante, tudo era opção; eram vistos nus, inconscientes da própria condição, seguindo a origem daquela luz meio dourada, meio azul, brincando de esconder-se entre as árvores, além das coxilhas, depois da esquina.
    A distância, pareciam apenas distraídos. Repetiam-se. Seguiam cada dia como se fosse apenas mais um. Andavam sem ver bem o chão, tropeçavam muito, não caíam por pouco. Cada qual a seu tempo, como moscas numa teia de areia, eram pegos e nunca mais vistos. O brilho se apagava antes que eles encontrassem sua origem. E então era tarde. Era hora de dormir.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Sem título

Não sei se era a tarde que malpassava mas por fim embalava e dava mostras de que iria embora antes de mim, mas esse enunciado de que tudo tem seu fim passava a me revelar outra face. Sim, eu partiria daqui, iria para algum lugar melhor e finalmente a sensação de infinita espera por um momento infímo ia se dissipando. Ou foi a curtíssima ilusão de que finalmente diria algo, poria para fora umas sentenças, aliviando a pressão intra-craniana, nunca de maneira suficiente e definitiva, que disso nada conheço.