segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Tempo (pode parecer, mas quando vamos pra outra margem do rio, ele não passa a fluir para o outro lado)

Todos tentamos, eu inclusive - e muito; As horas boas passaram e passarão muito rápido, muito curtas, um tanto raras.
Tentei e tentei de várias formas; troquei a areia da ampulheta por saibro, pisei nos ponteiros do relógio e tentei chutá-los de volta pra trás - nada disso deu certo. Corri pro mesmo lado que o sol, tentando impedir que ele fugisse, tentando fazer meu dia ser longo. Mas o fôlego dele durou bem mais que o meu.
Então me dei conta de algo fantástico: a forma de parar o tempo é lembrar do tempo bom que passou, pois lembrar é uma forma de nos manter vivos num momento no qual valeu a pena viver. A saudade é um desvio na linha da existência, como uma âncora que prende nosso barco no meio do mar, enquanto as ondas seguem adiante. E foi pensando exatamente nisso que eu percebi que não quero mais parar o tempo. Percebi que, para nossa sorte, nunca vamos parar ou voltar, justamente para que tenhamos a chance de fazer coisas novas ou de desfazer algumas das velhas. Afinal, somos peixes de um rio, e não de um lago. Como esse rio, nosso caminho acaba em algum lugar, claro. Mas em um lugar por onde a gente nunca passou.

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