terça-feira, 28 de abril de 2009

Nós

Um homem negro, de roupas brancas, dá respostas com perguntas, abre janelas e cortinas. As portas são pesadas demais para ele.

O agente secreto é um palhaço, disfarçado dos farsantes, lutando sozinho contra todas as chances.

Do rosto pras narinas é uma questão de posição, de preconceito. Distinção de dois sentidos, do gosto ao desgaste.

O velho esquecido só conhece novidades, e é assim que ele é sábio.

Quatro pessoas voam por céus irmãos, isoladas.
Quatro pessoas sonham sob o mesmo véu, abraçadas.
Quatro pessoas choram com a mesma chuva, celebrando quando é necessário;

Mas quando os outros vão, um deles se sente só. Porque apesar dos rituais e reuniões, apesar dos encontros com os outros, este ainda não se encontrou. Ainda não descobriu que aqueles três não são amigos ou irmãos. Ele ainda não entendeu que é deles que ele é feito, ou o inverso, e o inverso. E eles, será que sabem?

domingo, 26 de abril de 2009

As coisas que se vê são muito menores

A lista de coisas que uma pessoa gosta é 5 vezes menor do que a lista de coisas que uma pessoa não gosta.

A lista de coisas que uma pessoa não conhece é 75 vezes maior que estas duas juntas. Enfim, vá descobrir novas!

Gota

"Eu valorizo muito as pessoas que sempre sabem o que dizer, e dizem sempre na hora certa. Mas valorizo ainda mais aquelas que sabem a hora certa de não dizer coisa alguma.

Então, que o silêncio nos diga o que precisamos saber, porque muita bobagem já foi dita."

(Ahmiad Damir'haz)
Mais do mesmo,
sempre mais do mesmo.
Mesmas idéias, nóias e tetos,
de novo e de novo..
Tudo é escolha,
cada passo, cada palavra, cada gesto,
a gente vai optando e formando nossa personalidade,
criando nossa vida.
Muitas opções, as vezes a gente deixa de escolher um caminho sem perceber,
e depois já foi.
A gente perde tanta coisa, que escorre pelos nossos dedos pouco a pouco.
Tantas oportunidades deixadas pra trás...
Sinto falta de todas as pessoas que não conheci,
de todos os lugares que eu não fui.
Que saudade daquilo tudo que eu não vivi...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Puá!

O palhaço cósmico ri da nossa cara;
Gastei meus suspiros clamando por deus,
mas os surdos não respondem.
Tanto tempo, tantos maus tratos a si mesmo...
Já era hora da vida concordar comigo e se vingar.
Já é hora de esquecer a burocracia.
As crianças sangram e os vermes choram,
entre as peças, as balas e os corais do tiroteio.
O assalto à sanidade saciou aos sádicos,
e a platéia pediu mais, pra ver o sangue jorrar.
Que bagunça, se mistura, todos no mesmo saco preto,
todos querendo voar. Alguém tinha que ter puxado a corda,
enquanto havia tempo.

domingo, 19 de abril de 2009

Um dia daqueles,
Chuva, mau humor, deprê, parece que tá tudo contra mim.
Quero chutar tudo longe!
Que o mundo inteiro vá a merda!
Tudo que me incomoda parece aflorar..
Me fecho no meu quarto, led zeppelin bem alto, uma xícara de café com pimenta.
Não me encham o saco!

O

Desde que as pernas se tornaram fortes, foi correr.

A vida toda passei, passamos, correndo, seguindo em frente, nesta pista com forma de ponto de interrogação. Muito me perguntei o porquê, qual seria o objetivo no final desta corrida. Talvez essa dúvida dure tanto por não ter parado para pensar na resposta. Chegando ao final, talvez eu encontre o motivo de ter andado todo tempo.

Talvez devesse ter andado mais devagar,
admirado a paisagem,
aproveitado a viagem.

Ainda acho que a maioria das pessoas, na última curva dos seus caminhos, irá perceber que o verdadeiro objetivo, a verdadeira graça desta vida, não estava na outra ponta da estrada, mas sim em torno dela.

- Na busca pelo paraíso, as pessoas se apressam tanto que passam correndo por ele.
Muitas pessoas não vivem, apenas sobrevivem.

Tem pessoas que passam pela vida arrastadas, deprimidas, e fazendo apenas o necessário, se revoltando e reclamando de como as coisas são, achando que o mundo está contra elas.

Tem outras que vão com a onda, deixa os outros moldarem sua existência, fazem tudo o que é esperado deles em cada época de sua vida, sem olhar além.

Rezo todos os dias para não ser nenhuma delas, todos os dias tento tomar as rédeas e
seguir em frente, alcançar meus sonhos, e toda hora tento aproveitar, ser eu mesma,
fazer o que me da na cabeça, e ir além do óbvio..

Espero que não seja apenas mais uma dessas pessoas que fingem viver.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Giro

Desde o primeiro reflexo, com luz diagonal, o brilho verdadeiro foi escondido pela rotina suicida. Ao final da sequencia de repetições de atos diários, este já havia sumido. Por alguns momentos, ele se mostrou, sincero e distante, pelas frestas que ainda me eram permitidas. Tantos sonhos pareciam andar lá fora, alegres e sozinhos...

Horas de tortura se passaram, com o peso das vidraças bloqueando o ar leve e fresco. Idéias forçadas vieram e foram, obrigatórias. Minha cabeça apanhou, espancada à distância. Mas lutava enquanto isso.

Por pensar, se faz forte. E quanto mais forte é a mente, menos resistem as correntes que aprisionam o homem.
esqueça o certo e o errado, tudo que te ensinaram.
esqueça os conceitos pré-estabelecidos
esqueça seus gostos, suas preferências, suas carências...
esqueça tuas manias, teus trejeitos e tudo que ja é natural para ti.
esqueça o que tu pensa de mim, deles, e de ti.
esqueça o que é bom e o que e ruin, o que tem valor e o que não tem.
esqueça o que tu deve ou não deve fazer.
se é segunda ou sábado, janeiro ou julho, se tu tem 12 ou 80 anos
esqueça se tu é bonito ou feio, gordo ou magro, alto ou baixo.
esqueça tuas características, esqueça os teus planos,
esqueça o relógio, esqueça o dinheiro, esqueça o que te mandaram fazer.
Largue toda a bagagem por um minuto, e sinta.

domingo, 12 de abril de 2009

O

As nuvens são outras, mas o sol é o mesmo. Os dedos estão separados, mas usam a mesma meia.
Cidade vazia.
Céu sem nuvens, as folhas brilham refletindo o sol,
brisa tímida do outono que quer chegar.
Dia ridiculamente perfeito.
Ando pelas ruas que transbordam lembranças...
Nostalgia,
mas sem desejo de voltar atrás.
É bom saber que certas coisas não se perdem.
Que eu não me perdi.
"No ato criador, sou arrastado por impulsos
que desencadeiam como vendavais vindos de não sei onde.
Vislumbro e persigo miragens interiores,
que jamais consigo reconhecer na face da obra criada"

mestre

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Somente uma

Há um buraco no céu.

Há um buraco na minha mente, no meu saber.

Não sei de nada, e além disso, só aprendi que não posso saber coisa alguma.

Aprendi a ignorar e me tornei mestre nesta arte. Agora tento tapar os buracos, usando uma peneira como pá, para juntar as verdades enterradas pela minha estupidez. Fico feliz por ter ao menos minhas mãos para cavar. Fico feliz por ter um buraco no céu, para onde espiar e desviar minha confusão.