quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Os momentos em que se parou pra pensar

Esta postagem não tem metáforas.
É só uma pensada sobre o fato de esse blog existir há dois anos. Não sabia exatamente que dia foi criado, só que era no finalzinho do ano. Resolvi falar algo sobre isso... eu lembro bem de quando ele foi criado por uma amiga que, infelizmente, não tem mais tempo pra ele.
Porra, dois anos é muito tempo, ainda mais na vida de uma criaturina minúscula que viveu apenas 22 até agora, não é? Ainda mais contando em cada dia, em cada textinho ou frase ou poesia expremida da minha cabeça pra cá. Metade das coisas que eu pensei em escrever aqui, escrevi, o resto eu esqueci. Provavelmente a parte mais legal.
Lendo essas coisas meio velhas, algumas me parecem escritas por um estranho. Estranhamente, eu lembro de como estava o dia ou de que filme estava passando ou como eu me parecia quando tinha visto meu reflexo aqui na tela antes de escreve-las.
Já gastei alguma ponta de dedo aqui... espero que isso tenha sido importante pra alguém, que pelo menos uma pessoa tenha tido suas idéias tocadas pelas letrinhas que eu joguei aqui dentro.
Enfim, se alguém ainda lê e gosta das reflexões pseudo intelectuais que eu posto, depois de todo esse tempo me repetindo, toca aqui o/

Sobre vento e flor

O vento balança a flor. A flor perfuma o vento.
E ela não sente o seu frio, sente apenas o gostoso balanço que ele proporciona. O balanço que faz com que ela veja tudo de um ângulo diferente.

Café com leite frio

E todas as fascinações já tidas na vida podem parecer poucas, ofuscadas, secundárias, de repente. Tudo vira novo de novo, só que bem melhor, bem mais bonito. Eu tive, tenho, uma sorte rara, de provar tudo na sua melhor forma, todas as coisas cada vez mais doces;
Fascinante é encontrar alguém com as pernas do mesmo tamanho que as nossas, pra que nossos passos nunca se percam, alguém que até então dava passos iguais em um caminho diferente.
As pequenas manias compartilhadas, café com leite frio acompanhado de um doce que não enjoa, um sorriso que rima com o sol.
Os melhores morangos vão pra quem não está segurando a colher, porque fazer bem um pro outro é o que importa.
Meus poemas agora tem melodia e o meu sonho eu posso apertar. Agora eu faço sentido.

"Numa das curvas do caminho eu me encontrei, e meu nome era amor."

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Char...

  Por vezes estás tão longe, que parece que nunca voltarás. Mas sempre tem um momento onde o mundo borra, parece levemente irreal, e meu coração bate mais rápido, e eu sinto que estás ali. Vejo teu manto balançando em um vento que, para mim, ainda não existe. Teus braços a me cercar, e o vazio que trazes contigo. Nessa hora penso em coisas alegres, em coisas boas, coisas que sempre me distanciaram de ti, e pouco depois, ali estou, um pouco assustado e receoso de que voltes logo, de que novamente tentes me seduzir, mas firme de que não me tomaste desta vez.
  E sei que nunca desistes, que um dia me tomarás de surpresa em teus braços, e que não terei como resistir. Me conquistarás com teu beijo frio, e me cobrirás com teu manto negro.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Breathe, breathe in the air

Nossas respirações ficaram mais calmas. Vivemos em pares, não mais em bandos. As cadeiras agora são importantes e as conversas acabam mais cedo que a noite.

Quando nos soltaram, paramos de nos debater e ficamos exatamente onde nos colocaram. Aceitamos nosso papel de semente, e não de pássaro.
Talvez seja sábio enterrar nossas raízes em segurança e compartilhar em paz do nosso curto horizonte em comum. Se adaptar a idéia de mirar o céu sem nunca alcança-lo e esperar que, um dia, nossas folhas voem pra longe, pra dar vida as terras que nossas vistas embaralhadas não vão alcançar.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Aí vou eu

Eu tenho vários lugares pra ir, vou e vou, vou um pouco pra cada lado.
E, não sabendo exatamente onde estou, nem pra onde vou, andando pra lá e pra cá, acabo ficando sempre no mesmo lugar. Bem aqui.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Tão longe de si mesmo (ou de sua essência)

Quanto tempo vais levar pra perceber que não é assim que se faz?
Quem te deu o direito de fazer a pedra, essa, ser como te for melhor?
Ninguém disse que tu podes molda-la pra que mais te agrade, correndo o risco de fazer com que ela não se reconheça como pedra.

Mas... não, não tem problema. Os teimosos se dão o direito no fracasso.
Vais continuar a talha-la, tentando dar-lhe um formato que preencha teus vazios, que complete tuas falhas. Se errar, vai joga-la fora e tentar com outra, não é?

Quanto tempo vais levar pra entender que ela foi feita assim, como é, por alguém mais belo e mais sábio que tu? Modelada não pelas marretadas, mas pelo toque suave da água, ou por impiedosas tempestades, e pelo mesmo vento que te faz dançar.

Podes ficar com ela e ela contigo, mas esta pedra nunca pertencerá a ti. Assim como tu, tolo galho, ela não pertence a ninguém.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Não vai mais acontecer...

Mas pra algo não acontecer 'mais', tem que acontecer pelo menos uma vez.
E as vezes por acontecer uma vez, o resto acontece nunca mais.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Venerável Mestre Marco

Mestre Marco foi considerado o homem mais sábio de sua região, um grande intelectual.
Recebia muitas visitas, muita gente tinha interesse em estar com ele e sorver de seu vasto conhecimento.
Palestravam sobre os mais profundos e pontiagudos assuntos, sobre os quais sempre apresentava pontos de vista ponderados e perspicazes.
Além da sua significativa sapiência, seus seguidores sempre se sobressaltavam muito com sua grande biblioteca.
Esta era repleta dos mais diversos tomos, que nunca foram tocados por aqueles que contemplavam as extensas prateleiras.
E a noite, quando ninguém mais o enxergava, Mestre Marco ficava sozinho em sua biblioteca de livros nunca abertos.
Ele tentava, em vão, aprender a ler. Nunca conseguiu. E nunca teve coragem de contratar um professor.