segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ei, piada

Essa maquiagem toda aí tá formando uma caricatura, cara, a tua, de palhaço... não adianta tentar, não vai te disfarçar de quem não olha pra essa casca suja e feia e fraca... é uma história antiga, mas puxando a luz pra perto de ti, só projetou sombra, e o que era belo se disfarçou de ridículo.

Ei, sua piada, pare de tentar contar a si mesma, não podes demarcar tuas próprias fronteiras! O público não vai te ver, detrás dos espelhos que traz pra saciar a velha e violenta vaidade...

Ei, piada, você tinha mais graça quando era inocente, quando era longa, e quando não cortava a si mesma tentando ser melhor, melhor parecer... desapareça!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Bom, pelo que eu ouvi falar, não existe sinceridade, tudo é projeção, tudo é aparecer. Será, será mesmo que somos tão fajutos, tão farsantes? Meras pinturas, caricaturas, idéias de ser, ser o que não se é, será? Me recuso a acreditar. Melhor viver minha mentira, minha ilusão. Pelo menos a construí por mim, não por repulsa. Não por ciúmes. Não por desgosto.

II - Memórias

Que ousadia... esses pingos de coisa pouca, coisa alguma, querendo cavar de baixo pra cima, ora essa! Que falta de noção eles têm de nós que vivemos aqui por cima, num mundo além do que suas consciências fajutas fracotes pode acompanhar. Não, não, esse não é o jeito, crianças. Nenhuma escada que chega ao final começa no verdadeiro início, isso é sabido. Enquanto me defendo da ousadia deles, não consigo parar de pensar naqueles ali em cima... favorecidos pela coincidência, não conheço motivo pra continuarmos dispostos dessa forma... não, não, ainda vou tomar meu lugar. Ainda vai tomar jeito esse esquema estranho de se espalhar por aí.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Memórias de um Grão de Areia

I – Memória

O cara aqui de cima tem uma visão bem melhor que a minha, do nascer do sol ou do seu pôr por sobre o mar. Olhando pra ele, vejo que é igual a mim. Somos as mesmas peças fundamentais que movem esse mundo. Não entendo porque ele e alguns outros – também, todos meio que iguais – tem tais privilégios, estar sobre a cabeça dos semelhantes. Não sei se quem os botou lá foi o vento ou a mão de um menino brincalhão, mas talvez eu dê um jeito de mudar isso.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Se incomoda tanto, pra que ficar lembrando?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Segredo

Não deixa eles saberem, mas isso aqui é temporário.

Eu disse "alô", mas era pra ser "quem é você". Foi "tudo bem?" no lugar de "o que você quer?". Mas é uma questão de tempo, de tato. A gente aprende. São formas e modos temporários;

Não conta pra ninguém que eu só estou aqui correndo com eles por enquanto, enquanto eu não aprendo a voar sem sentir medo, enquanto eu não sei olhar pra baixo sem cair, cair sem quebrar.

Ainda tenho que crescer bastante, antes de poder brincar lá fora, afinal as balas não são mais de borracha, as bolitas não voltam pro seu dono no final do jogo.

Eu sei que tu tem, também, uma árvore, plantada por perto, crescendo mais e mais, pra te levar até lá em cima, até onde o ar é fresco e tu consegue ver o quanto a cabeça das pessoas realmente brilha. Sei que ela está dentro de casa, porque é melhor deixá-la lá, até que seja mais forte que os gafanhotos - e nós sabemos que eles são muitos, são muito mais.

No fim das contas, a gente age como agente secreto;
"o agente secreto é um palhaço, disfarçado dos farsantes, lutando sozinho contra todas as chances".