Pois eu teria bastante coisa pra falar também. Dentro desse jeito velho, antiquado, quase um clássico de um falar e o outro escutar, que se perdeu em algum momento na guerra moderna dos corretores automáticos e dos escravos obedientes aos seus senhores referenciados com a qualidade estrangeira smart.
Talvez até queira voltar a descobrir o carinho perdido no trato com os demais.
Mas desde que trabalho com pessoas, só me interessa o sangue mesmo. Não é pra menos.
Falhamos.
Eu entendo, o labirinto é grande demais e o tempo é muito curto. É melhor ir atrás dos pilares disso e daquilo, dos passos para a felicidade e dali para o sucesso, dos molhos de chaves de mau-gosto nos intermináveis buffet's motivacionais. Assim o diálogo se cala com o cair das cortinas do próximo espetáculo, a grande novidade, mas o circo segue o mesmo. Desconfio que até já vi o mesmo palhaço mais de uma vez. Me interessaria mais dar pipoca aos macacos.
E aí eu vejo no olhar dos doentes o grito silencioso de que "sou um ser humano, minha vida tem valor.". É tudo o que escapa quando se vêem sem saída na espera do remédio que nunca chega.
Nunca é suficiente.
No entanto, ainda precisam falar. Precisam se ouvir falando pelo menos uma vez, pode ser que dessa vez seja sincero, diferente do resto da vida. Não é comigo que falam pois não quero ouvir. O meu gesto de bondade é involuntário porque preciso fingir que os escuto. Não deveria mas é parte do meu trabalho.
No fundo se sabe. Só que a insistência no retorno ao espaço de grosseria é bem maior.
Vasto é o incentivo.