quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Nave

Essa mosca, na qual agora eu cavalgo, brotou da minha própria cabeça. Foi como se alguém tivesse colocado dois pequenos ovos lá dentro, há muitos dias. O outro deles virou meu cérebro. Dos dois, a mosca é o mais desconfortável de voar. Mas é mais seguro, mais fácil de controlar. Talvez porque quem os plantou lá esqueceu de me dizer como se usa cada um deles. E então, como a mosca é a mais esperta de nós, me ajuda na difícil tarefa de continuar de pé.

sábado, 26 de dezembro de 2009

É... (alguns pensamentos não se sabe se foram ou estão vindo agora, só)

O presente é uma linha invisível, perdida entre o que não veio e o que não volta.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

E naquele momento
onde tudo acontece
tudo é magico
onde fingimos não saber
porque temos medo que o sonho se desfaça
mas temos certeza que esta tudo acontecendo
que tudo é possivel
que essa é a hora
e que o momento é agora
seguir os extintos
ser absoluto.
Quem tem coragem?
e se eu te pedir
pra me deixar ser assim?
e se eu quiser
que tu me ame mesmo assim?
e se eu exigir
devoção, liberdade e compreensão?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Alguns preferem ir, outros ousam ficar. No fim, porém, todos se vão. E é só.
"Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Nao há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão "

Como dizia o Poeta - Vinicius de Moraes
"E de agora em diante teria sido decretado o amor sem problemas
E seriam vitrines nos olhos, e as almas vagariam sem medo
E de agora em diante seria pra sempre o que pra sempre acabara
E seria tão puro o desejo dos homens,
Que dionisio enlaçaria a virgem com braços enternecidos
E aplaudiríamos, calmos e frenéticos como um são francisco febril
E de agora em diante pra trás não haveria
Não mais a virtude dos fortes, mas o mérito dos suaves
O homem feminino e a mulher guerreira
O amor comunitário, sem ciúmes.
Dariam as mãos as moças que amo e brincariam de roda em volta de minha preferida
E um artesão criança esculpiria flores nos cabelos e um sorriso sincero no rosto
E de agora em diante mahatma ghandi tava vivo pra sempre e jesus era hippie,
Beethoven era roqueiro e lenon era como nós
E se não desse certo, de agora em diante, ao menos teríamos tentando."

E de agora em diante - Oswaldo Montenegro
Se queres me amar tem que saber
que eu gosto mesmo é de viver
Se queres me compreender
entenda, que anseio mais do que posso ter
Que invento e reinvento
e vou sempre surpreender
Se me queres deves entender
que sou movida por amor.
Amor por mim mesmo, pelo prazer,
pela vida e por vocês.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Feliz é ela,
sem correntes.
Sempre livre pra fazer o que bem entender,
nada que a prenda, autosuficiente.
Não deve nada a ninguem.
Feliz é ela,
que faz quando quer,
corre livre e solta.
Vive, desfruta, mas não prende.

A ação só é valida quando feita de corpo e alma
obrigações são todas vazias.

porque não me deixam em paz?

domingo, 13 de dezembro de 2009

Faz sentido culparmos alguém por ter seguido o caminho errado quando não havia chão a pisar?

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

E o que seria da nossa coragem, sem os inimigos a apontar?

Que seria da vontade, se não houvesse a distância?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Talvez seja o verão que se aproxima
ou a promessa de liberdade
mas tudo parece simples e claro novamente
Talvez seja apenas uma nostalgia
ou a sensação que precede a mudança
mas tudo parece belo e correto finalmente
Olha o alvorecer,
o céu descolore lentamente.
Os primeiros raios de luz aparecem...
É o final de uma grande noite,
ou o começo de um lindo dia?
Se eu tentar ser tudo que anseio,
perderei a lucidez?
Se eu lutar para conseguir tudo que desejo,
me colocarão de volta no meu devido lugar?
Se eu ignorar os velhos conselhos e todos os avisos,
irei vencer ao final ou serei jogada de volta ao chão?
Sera que minhas asas derreterão?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Depois da explosão tento juntar as partes.
Me recolho, repenso, recomeço.
Logo reinicia a combustão...
E todos pensam que sabem de mais,
vivem em seu show de truman particular
dando tanta importância a si mesmo e a seus pequenos jogos.
Juram que o mundo gira em torno de si, entendem de tudo, sempre tem razão,
esquecendo que a sua é só uma maneira de ver dentre bilhões.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Visão

As vezes me sinto como uma pedra velha do lado de fora de um muro que cerca um lindo jardim. e lá dentro, as flores e arbustos se escabelam tentando ser felizes procurando a si mesmas umas dentro das outras. Minha única companhia é minha sombra, que é só minha durante o dia e que se divide entre todas nós durante a noite. E é nessa hora que eu me sinto mais próxima daquelas flores, aquelas flores que não sabem entender nem aceitar uma velha pedra serena, sozinha.
O vento louco de suas paixões levará embora suas pétalas.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Cabelos brancos

Envelhecer faz a gente perder a memória, aos poucos ficar esquecido. O passado é maior do que o passante, e aí as vezes se perde.

Vendo tanta gente parada pra olhar o movimento, me dá um certo medo. Medo que a gente esqueça de como se divertir.

domingo, 29 de novembro de 2009

As rimas terão um novo lar...

http://pingospoeticos.blogspot.com/

É...

O melhor jeito de guardar um segredo é não conhecê-lo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Trair

Quem são estes senhores, estes aos quais me aliei? Será que estou servindo aos assassinos para os quais eu apontava, bradando por arrependimento? Ao que parece, estes, disfarçados, me iludiram e me mantiveram ao seu lado, lutando pela sua causa secreta, ajudando na sua formidável e proveitosa expansão.
Agora eles precisam de mais espaço, precisam de algo que não é deles, precisam derrubar e matar. São magos habilidosos, suas mãos são invisíveis. Mas posso ver o efeito do que elas fazem, isso me apavora e me enraivece. Lá estão seus outros servos, decepando as vidas de minhas irmãs e encurtando as suas próprias, agindo sem sentir. No lugar onde elas viveram, pacificamente, colocarão suas máquinas monstruosas, abissais - crias de alguém capaz de destruir a própria grande mãe. Ironicamente, estes suicidas homeopatas saúdam a partida dos seus, quando caem, decorando seus túmulos com flores. Flores, como eram flores aquelas que pisaram e arrancaram, porque agem sem sentir.
Mas eu sinto - e sinto como se tivesse juntado eu mesmo alguns daqueles galhos que agora fazem parte da fogueira que, lentamente, e cada vez mais rápido, vai queimando tudo que se conhece por belo e se conhece por vivo. Onde eu esperava chegar indo para o lado errado?

domingo, 22 de novembro de 2009

Além disso...

O nosso mapa do tesouro é uma carta de alforria.

sábado, 21 de novembro de 2009

Super dotado

O menino calculadora pensa veloz, sabe de muito e sabe aprender.
Mas suas poesias tem sempre a mesma rima e sempre o mesmo fim: *BEEP*

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ponto (vista)

As vezes as nuvens encobrem o sol;
Mas são elas que fazem o seu pôr ficar colorido.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E de que são essas mudanças? Formas ou cores? Densidades, tamanhos, desenhos? Muda o fora ou o dentro ou os dois ou nenhum?

Sim, é claro, nada é igual ao que sempre foi, ninguém se mantém estático. Mas essas mudanças são acompanhadas por quem está junto. Deve ser, só pode. Quem fica incompatível se separa. Por que algumas pessoas simplesmente vão embora? Porque elas não mais se pertencem, não mais dão certo juntas. E outras vem do nada e se dão perfeitamente bem...

A figura formada pelo quebra-cabeças é uma colcha de retalhos.
Se você tem certeza de quem é, você pode se misturar e experimentar a vontade.
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Se conhecer profundamente é o passaporte para a liberdade.
Escolha o teatro e o cenario.
Decida seu personagem e o figurino
Eleja os personagens principais e os coadjuvantes.
E va brincar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Então

E então foi aqui que me revi
Voava, delirava e acordei.
Tudo era escuro ao meu redor
Invisível aos olhos que ceguei;

Dia claro e luz nenhuma,
Meu braço inerte, leve pluma,
A mente lá longe, página rasgada,
Folheia a si mesma, história inventada;

Que doce agressão é a morte,
Como a vingança de um trago forte,
Ida por passagem de eterna mudança,
A um lugar de nenhuma lembrança.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O ônibus virava na Protasio e seguia em direção da Osvaldo. Eu fechava meu livro e descia na primeira parada do Bom Fim. Descia na rua já quase vazia, imersa em meus pensamentos. Processando meu dia, degustando o livro que tinha acabado de fechar, a aula que tinha assistido, não que todas as aulas fossem interessante, ou mesmo uteis. Mas de quando em quando tinha aquelas que me marcavam profundamente. Ou apenas revivia momentos especiais do dia. Enquanto isso sempre sentia meu coração levemente apertado. Angustiado de tudo aquilo que não tinha lido, aprendido, ouvido, vivido. Com tristeza por todas as vontades que tive e não pude concretizar, todos os estímulos que tinha sofrido e não pude seguir. Pelo simples fato de ser uma só. Era esse o gosto das noites solitárias no curto caminho pelas ruas do Bom Fim até minha casa.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Bando

Apenas o pássaro que voa na frente não sabe para onde vai.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Bom, se for natural. Ruim, se for por falta de opção.

Grande inverdade, vendo-se com calma. Toda forma tem seu oposto. Mesmo a mais excêntrica tem um par idêntico e inverso. Pois todas elas são partes do mesmo todo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

não pertencer,
não encaixar,
bom ou ruin?
e se o sol, de repente não é mais o sol?
e se a luz se apaga?
a gravidade desaparece, não existe mais em volta do que orbitar,
porque simplesmente o sol deixou de ser sol.
Então, você se deixara virar um buraco negro, ou procura outro sol?
você virará sol, ou de repente uma estrela cadente?
o que irá acontecer?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pontas (nós)

Somos pontas, somos sobras.
Partes que não se encaixaram, objetos que não ficaram no padrão fabricado.
A velha história das ovelhas negras... sim, os lobos não gostam da nossa diferença e nos apontam como erradas para aquelas que não souberam olhar em volta.
Cada um de nós é a peça que sobrou da caixa de um velho quebra-cabeça diferente, por não fazer parte da figura uniforme formada por ele.
Justamente as nossas formas excêntricas, cantos tortos, as falhas ao nos copiar, o erro na fabricação de mais um clone indistinto, justamente o nosso não encaixar fez que nos juntássemos. E uma das coisas que nos mantém unidos é o fato de não nos querermos espalhar, neste amontoado de corpos de plástico e mentes murchas. Porque não há razão para ser apenas mais um, quando se pode ser único.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Egocentrismo.
Todo mundo despreza, e todo mundo pratica.
Sempre se perguntava se estava fazendo o que era certo.
Se devia ser honesto consigo mesmo e curtir a vida,
ou se devia pensar mais no futuro, no que era certo, nos que os outros pensavam.
Tinha medo de errar o ponto, de pender de mais para um lado.
Mas continuava, continuava vivendo, apesar da sombra dessa duvida.
Tinha tanto medo de machucar os outros.
E a sensação de estar perdendo algo a acompanhava sempre.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Siga

Deixe as lembranças guardadas, saia e traga novas companheiras para as antigas recordações.
A nossa mente só foca uma coisa de cada vez. Não há porque dedicar dois momentos a mesma coisa.
Se você pudesse mudar?
Se você pudesser ser outra pessoa, morar em outro lugar, ter outra situação economica, outra familia, amigos, bagagem, personalidade. Se você pudesse ser qualquer coisa, viver de qualquer maneira?
O que você faria?
Você vive e assiste a si mesmo.
Você conhece os caminhos. Vocês sabe a verdade.
Mas só observa a você mesmo seguir seus desejos.
Se permite errar, ve seus erros e acertos,
com a paciência e um sorriso de um pai.
Ele amava,
ninguem entendia.
Era muito pra esse mundo.
Coração muito grande,
mente muito aberta,
muita energia pra gastar.
Insaciavel, queria tudo.
Saber tudo, entender de tudo, ouvir, ver, amar tudo.
Queria viver, viajar, experimentar, se expressar, se divertir, ser ele mesmo, ser feliz.
Amava a vida, queria dissolver-se.
Fundir-se com a natureza, os amigos, a arte, a filosofia, o universo.
Queria ser um com o cosmos.
Ele queria tudo, não sabia ser menos,
não sabia parar.
Não entendia limites, correntes, barreiras.
Não podia ser podado, era uma alma livre.
Mas uma alma livre presa a um corpo de carne e osso.
Aos limites do tempo e espaço. E as regras de uma sociedade atrasada.
Incompreendido, censurado, pressionado, difamado. Apanhando de novo e de novo.
Assim corrompemos e perdemos outra alma de ouro.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

É...

Talvez o tolo só quisesse saber para onde o dedo apontava...

Engenheiro (O)

Todas estas coisas devem estar ligadas a mesma engrenagem;
O sol, a lua, os ponteiros do relógio e essa esteira estranha na qual eu ando, obras de um engenheiro maluco.
Pois o tempo é leve e louco - corro com força para aproveitar melhor os momentos que tenho, mas a esteira roda e gira a engrenagem, mexe os ponteiros do relógio, empurra o sol e puxa a lua, tudo vai embora com pressa. E quanto mais eu corro, para aproveitar o pouco que resta, mais rápido tudo vai adiante, me deixando sem saber quem segue e quem foge. Talvez os dias só estejam com pressa para conseguirem acompanhar o ritmo dos meus passos.

Meus cabelos caem junto com as folhas do calendário e a linha do meu olhar. Mas as minhas rugas serão bem-vindas, pois as terei cedo de tanto sorrir.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A sombra do Monolito

Aprender é lembrar de uma coisa que ainda não sabíamos...

Fantasma

Depois de tudo, ela surge do nada.

Um sorriso e um cigarro;
Não, não tenho fogo, sinto muito...
Caixa de fósforos, fogo, fumaça, sorriso, silêncio;
Retribuo sorriso;
Oi, como vai?
Sorriso, silêncio, olhar vago;
Fala minha língua?
Sorriso, silêncio, olhar vago, mão carinhosa;
Ah, tá... bah, agora não dá mais, chega dessas coisas...
Mão no cabelo, carinho no rosto, abraço;
Não, não é por mal, mas já é hora...
Retribuo abraço;
Onde tá a faca?
Abraço solto, sorriso, silêncio;
Ah...
Sorriso, silêncio, se vai;
Ah...

Nem uma palavra, nenhum sentido, nenhuma expectativa.
Um fantasma veio e se foi, de mão gelada e corpo quente, sorriso amável, olhar chapado, mente distante;
Uma lembrança curiosa, de alguém que não se lembrará.
Mas ficarei gravado no seu subconsciente, memória que ela não teve.
O fantasma serei eu.

domingo, 11 de outubro de 2009

Chama-se de louco quem faz algo que não se entende. Chamar alguém de louco é, então, chamar a si mesmo de estúpido.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

É claro

Um homem sentado em uma cadeira, em frente a uma pequena mesa redonda. Em torno da mesma mesa, mais três cadeiras, todas desocupadas.
- Oi, posso pegar uma cadeira?
O jovem, que acabou de chegar, pergunta, depois de ter passado e cumprimentado seus sete amigos e amigas que estavam mais perto da entrada do bar. A cabeça do homem se movimenta para dizer que sim. O rosto diz que tanto faz. O jovem agradece com um sorriso curto e despretensioso, vai para junto dos amigos.
É claro que pode, pensamos, de perto dele. O sujeito está aí há tempos, bebendo sozinho esta cerveja ou a anterior. Ninguém veio sentar com ele e nem virá, parece. Coitado.
"É claro que eles não entendem", pensava ele vendo nossas caras de uma quase compaixão que era, obviamente, insuficiente para nos candidatarmos a lhe fazer companhia.
É claro que não podemos entender que ele não esperaria amigos num bar, não guardaria assentos para eles. Porque eles não os conseguem usar, porque eles não precisam deles. Eles circulam por lugares onde as cadeiras não param de pé. Onde os homens não param de pé.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ele chegou, comprimentou os amigos e avistou ela.
Ela sorriu, gostava dele. Se sentia bem em sua presença.
Ele sorriu de volta, tomou coragem e foi falar com ela.
- Oi, tudo bem?
- Tudo, e contigo?
- Tudo certo. Sabe, to querendo falar contigo faz um tempo. A gente se conhece faz pouco, mas sinto que te conheço muito bem, somos muito parecidos. Vamos sair para conversar, tomar alguma coisa?
Ela virou as costas e foi embora. Era claro que ele era igual aos outros.

domingo, 4 de outubro de 2009

O Operário da Grande Operação

Quebra, se quebra, cola, corta, monta
Se muda, se acerta, cabeça já tonta
Braços de muitos, trabalha sozinho
Mão ferramenta não sabe dar carinho

É...

Há algo triste atrás daqueles olhos...
Hm... vamos fazê-los sorrir!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O senhor que saiu do seu caro carro com cara de triste assim me fez pensar...

Na verdade, o meu maior medo é saber do brilho da juventude em meus olhos ser substituído pelas rugas de uma sabedoria amarga, sem descobrir, depois de todas as facadas que me levaram, pelo que procurava eu, nesse tempo todo, olhando em frente, ao horizonte, ignorando as pedras e as flores que pisei. Saber que as doses de tristeza, que eu engolia e trocava por um sorriso, se plantaram em meu rosto, que agora é velho e morto. Saber que eu só tinha uma chance e a desperdicei.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

e não é porque eu sou A que eu não posso ser B, ou ainda Z.
Talvez um dia vocês descubra
que todos são capazes de brilhar,
e todos devem saber descolorir.
Derepente você percebe que tudo é uma louca montanha-russa
altos e baixos,
fases e mais fases,
um ciclo sem fim.
E se você parar de tentar controlar
e se deixar levar
você encontrará a paz.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

É...

Eu acho que o tempo está passando cada vez mais rápido, e vai continuar a passar mais e mais rápido, até que não se possa mais existir durante sua passagem, sendo ela mais veloz que o pensamento ou mais veloz que o espírito do homem. Esse é que será o fim do mundo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Tapa

E uma roda passa perto, nessa estrada cheia de lama, caminhos errados e destinos desfeitos. Roda grande, velha, séria, má de caráter. E tu, aí dentro, rastejando perto dela, faz pouco dos idiotas que andam na mesma estrada que tu, mesmo com essa roda tão grande. Acha que estão em situação igual ou algo assim... mas não pensa ou não percebe que, acima da visão que teu tapa-olho te permite, um veículo grande e confortável se apóia no eixo que brota da roda esta. E, lá em cima, os donos deste veículo e da tua mente andam, fumando cigarros de prata, rindo da própria invisibilidade, sentados em almofadas costuradas com as penas dos teus sonhos. E daqui a pouco eles passam por ti.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

É...

tenho medo de não ensinar meus filhos a atravessar a rua direito... porque os carros vem andando muito rápido.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Turbilhão

Poeira, fumaça, vento, água e espuma... gritos, risos, confusão e alegria. Objetos em choque, trajetórias se cruzam... e (é claro) eis que, no meio disso, se descobre algo por que se vale sorrir, vale olhar. E diante disso, nada pode ser melhor que estar vivo.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Na verdade, a total ausência de público não é motivo para parar de cantar.

Não acham?

domingo, 2 de agosto de 2009

Outro quem

Pena que caiu das asas de uma águia que voava alto e ainda voa, longe. Pena que cai lentamente, até o solo duro e distante, caindo sem poder evitar, sem escolher a direção. Para depois de muito (pouco) tempo chegar ao fim deste trajeto, no ponto ao qual nunca pensei em me dirigir. E então, virar pó.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Gelo, gente, geada.

Fogão a lenha, aquecedor, ar condicionado e lareira... mas os corações continuam gelados.

Porque o fogo do sol não é irmão
do fogo anunciado pelo trovão.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Repete

Que grande piada, amena ilusão.

As primeiras marteladas são satisfatórias, pouco a pouco o prego se enfiando na tábua séria, sisuda. A vitória sendo conquistada.
Depois o braço começa a cansar, o som do martelo, quando falha, é surpresa.
Quando este cai ao pé, nem a dor acompanha o processo.
A madeira já está amassada, o prego foi fundo.
E se passa a bater nele com a própria cabeça. Mas ele não sai do outro lado.
Do outro lado sai a gota de sangue que escorreu da testa.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Um susto

Perde-se um som, sem dono, roubado;
Que voa, vadio, com o vento que chora ali fora.
Um grito, suspiro, canto abafado,
vai e volta, levando silêncio embora.

Os homens, de pé, temeram contradizer um iludido.
Assustados, pequeninos não tiveram coragem.
Agora voa o agudo chamado gemido,
doce pétala de metal, mariposa selvagem,
pra de onde nem deveria ter saído.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ora, é claro.

É mais fácil reclamar. É mais fácil falar do que incomoda e do que atrapalha, porque as pessoas, em maioria, são medíocres e não conseguem superar essas coisas. É que o ar mais puro está mais perto do céu, longe das cabeças e das bocas que resmungam. Mas as pessoas, em maioria, não sabem voar. E não sabem falar de algo que está além de sua visão limitada. Em sua maioria, não sabem de nada.
Tanto barulho por nada,
Ah meu deus, tanto falatório, briga, drama.
Tanta crise. Pra que?
Usar tantas desculpas pra fugir, criar tantos problemas pra se defender.
Inventar tantas fórmulas para tentar controlar. Mil maneiras de rotular.
Pra que?
Não é assim.

O caçador de Unicórnios (fragmentos)

Deitado em uma rede de ilusões...
Sobrevoando idéias inocentes...
Procurando uma forma de se perder...

Ao aceitar mais uma chance de rendição,
recorda-se de um dia que não veio.
Ainda tem um momento para esquecer,
não haverá mais tempo pra perder fazendo contas.
Mas todos que fugiram já morreram
e os reféns hoje são reis.

E aqueles que pediam punição, hoje imploram por migalhas,
Sabendo que o fim só pode ser alcançado quando se começa de lá;
Shhhhh, fica quieta!
Pra que tantas duvidas? tantos questionamentos?
Ah, la vem tu em crise de novo!
Tu não ta cansada de tanto drama?
Iii, e agora o que?
Todo esse ego, me enoja.
Tu não te irrita contigo mesmo, por que tu jura que ta sempre certa?
Que sempre sabe de tudo?
Tu sabe que não é assim!
Ah também não é pra tanto, não precisa ficar tão insegura!
Para de xoramingas, te anima!
Ah, agora começam os planos ¬¬
Para de planejar tudo, para de controlar, deixa rolar.
Porque tu não pode deixar as coisas acontecerem?

Ahhhhh, tu me cansa!
CALA A BOCA!

sábado, 4 de julho de 2009

Caminho dos Cegos

Sentado atrás da porta, um velho observa.
O futuro é uma eterna ameaça...
Ao som das trombetas, a verdade cairá no esquecimento
As correntes da vida pausarão por um momento.

Não conheceu a dor, nem a tristeza
Viveu antes de inventarem a morte
Por isso mesmo sentiu-se perdido
Pois quando não há fim, não há nenhum sentido.

O Pântano

As crianças cegas estão plantando seus morangos;
Em silêncio, despercebidos, seus pais jogam sal na sua horta.

A pobre menina cria pássaros no quintal de casa;
Seu vizinho os ensina a voar, amarrados em baús.

O homem solitário vai aprender a tocar guitarra;
Mas toda noite sua mãe corta a corda do lá.

Porém ninguém interfere na rotina da senhora suicida, ou na do velho palhaço. Eles já se afundam, sozinhos, o suficiente.
Talvez se eu tivesse me escorado nessa árvore logo, teria percebido antes que não era o mundo que girava loucamente, e sim minha cabeça que não sabia onde mirar. E ainda dá vontade de ir a muitos lugares ao mesmo tempo. E ainda dá medo de não me deixarem passar do portão.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

ah que saudade,
que saudade do meu antigo eu.
que saudade de sentir, e acreditar sempre.
de sonhar, e saber que esses sonhos vão se concretizar.
ahhh que nostalgia, que vontade de voltar a ser aquela pessoa.
aquela pessoa que é sincera, simples, boa, sonhadora, pacifica.
Ah que saudade de mim mesmo...

será que vou me encontrar com ela no meio das minhas andanças?
Você sabe..
como todas as pessoas vivem?
Elas odeiam, e continuam, e continuam..
Oh meu deus, eu estou tão cansado
Elas acordam, tomam banho, comem, andam, trabalham, vem o jornal.
Alguns bebem, alguns lêem, alguns fazem sexo.
Mas são todos a mesma coisa.
Eles escutam músicas, assistem filmes, eles estudam,
e continuam, todos, todos a mesma coisa.
Cada um com seus sonhos de papel, cada um com suas desilusões,
aprendizados, novas filosofias, suas morais enraizadas.
Todos a mesma coisa.
Alguns tentam, realmente, alguns tentam, remar, fazer alguma coisa diferente,
tentam fugir disso tudo,
yeah, alguns tentam, mas...
no fim, são todos a mesma coisa.
Você sabe, como nós todos vivemos?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sentado

Se a roupa é nova ou suja, a culpa é do governo. Nem perguntaram se eu queria tomar aquele banho... agora, limpo, não dá vontade de dar dinheiro. Acham que o cara tá se fazendo, pedinchando de barba feita e sem feder.

Essa velha, de cabelo branco, me negou a moeda, ergueu os olhos e desceu a rua. Engraçado, ela não lembra que foi ela mesma que me deu essa caneca que estendi. Mas nem se era de esperar, afinal ela era só uma criança, então.
Se todos querem, então qual é a graça?

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ei, velho, sai daí! Vai embora, cara, pára de mexer.
O que você procura, afinal? As respostas ou as perguntas?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Aqui, aqui é que se vê, se vê

Ei, cara, aquela bandeira que eles acenam, cara, é só uma ilusão. Não te deixa levar pelas ondas quentes das palavras construídas, formando redes para pegar os peixes que não sabem nadar.
Os discursos são carícias, caricatas expressões das tuas idéias, pra causar identificação.
Ei, amigo velho, aumenta o volume que eles vão pegar os megafones, amigo velho.

Acho que o portão não fecha antes da gente passar, se a gente correr. Se a gente voar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

De novo e de novo,
caiu no mesmo lugar.
Levanto, procuro outro caminho.
Mas de novo e de novo,
caiu no mesmo lugar.

Canso, pareço andar em circulos,
procuro a saída, mas esta parece não existir.
Me destraiu, fujo, me entorpeço.
Continuo a procurar,
mas nunca acho o que.

Vocês também não estão cansados?
Mesmas histórias, mesmos lugares,
mesmos personagens, mesmos jogos,
Vocês já não estão cansados?

Fico á margem, observando.
Já não me importo mais com nada,
o que pensam de mim, o que esperam de mim.
Deixe para lá, já percebi que ninguem me saca.

Só estou cansada de tudo isso,
De novo e de novo.

À procura da saída...
Sempre vaguei por diferentes lugares e grupos com muita facilidade.
sendo assim tive muitas experiências diferentes.
Conheci muitas cenas, muitas pessoas...
Mas me encaixando parcialmente em tantos lugares,
nunca realmente fiz parte de nada.
Nunca me senti em casa, nunca achei o meu lugar.
Quando uma parte de mim se sentia tão familiarizada,
outras gritavam em solidão e discordância.
E assim quando acordo me sentindo abandonada, fracassada e sem esperança.
Recorro a... mim.
Quando preciso de conforto vou ao encontro daqueles que me fazem bem,
sem nunca me cansar ou me julgar.
meus filmes, livros, da natureza, meditação, yoga, dança
e principalmente da escrita e da música.
"Well the music is your special friend"

quinta-feira, 11 de junho de 2009

-

- E a culpa é tua!
- Minha?
- Sim, foi o que eu disse.
- Por que tu diz isso? O que faz com que seja culpa minha?
- Bah, esse tempo todo... te escondendo, evitando se envolver.
- Podia ter sido muito pior se eu me metesse de cara.
- Até podia, mas agora... chega nisso... talvez fosse melhor ter arriscado do que deixar as coisas chegarem nesse ponto.
- Agora não vamos mais saber.
- Tu sabe que tu podia ter mudado tudo!
- Tu sabe que não queria estragar tudo!
- Mas era bem capaz de ter funcinado...
- E era capaz de não ter mais volta.
- É, mas no fim não deu certo igual.
- O fim ainda não chegou. Eu ainda tô aqui, e eles ainda tão lá. É minha vez de decidir.
- Não dá mais tempo!
- Claro que dá. [se levantando]
- Tu vai lá?
- Tô indo.
- Certeza?
- Sim, vou resolver isso.
- Também vou.
- Então vem.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ela vem de leve, de mansinho, e começa a te encantar.
Ela fica mais a vontade, e vai crescendo.
Então começa a falar, aquela voz fantástica.
Fala as coisas certas,
tudo aquilo que tu sempre quis dizer
mas nao conseguiu colocar em palavras.
E supreendentemente tudo se encaixa em uma harmonia perfeita.
Você se deixa levar, se envolve completamente.
Para de pensar, finalmente está em paz, está feliz.
mas logo a música acaba.
Não feche a porta,
não se fixe à uma reta,
não se prenda a realidade que tu inventou.
Abra os olhos, abra os braços.
Deixe entrar, deixe te levarem.
Se deixe dançar conforme a música,
apesar de as vezes parecer não ter sentido.
E não se prenda à esse novo caminho.
Se mantenha aberto, se mantenha atento,
logo, logo, outra brisa irá buscar você.
Pare de tentar entender a lógica disso tudo.
olha lá quem apareceu!
Veja só, quem já volta!
o inferno foi só um sonho.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Queda

Primeiro, estava trancada, presa, grudada.
Moldes envoltos pelo tempo, a separação foi difícil.
Quando saiu, caiu ao chão, som ensurdecedor.
Olhando em frente, a luz perfurava a mente. Fiquei ofuscado, confuso.
A pele queimava e os olhos ardiam.
Aos primeiros passos no meio da multidão, cada um não me reconheceu.
Parado e olhando este estranho na janela, dúvidas saltam e esperneiam.
Como se faz pra ser natural? Como é não fingir?
Ela foi pisoteada e virou pó.
Não há como vesti-la novamente, as cortinas caíram ao se abrir e o roteiro foi queimado.
Atrás da janela há uma parede.
E as cores são mais felizes quando a visão flui sem a interferência de uma máscara.
--
O que é isso no meu rosto?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Então vá!
Corra o mundo, brinque com suas mascaras, encarne seus papéis!
... mas volte, volte para a origem de tudo.

****

Lembre que são apenas mascaras e personagens.
É apenas cenario, papelão e gesso.
É fantasia,
e a realidade está logo após.

****

E se você não se perdeu no meio, a viagem sempre faz sentido.
É no retorno que tudo fica claro.

domingo, 31 de maio de 2009

O

Tudo passa sempre pelos mesmos pontos, sempre se repetindo.
Mas nada volta.
O que está aqui já foi e nunca mais voltou.
Porém está neste mesmo lugar, pois a estrada faz uma curva sempre pro mesmo lado.
E aqui estou eu de novo.
Como ginetes dos cavalos de um carrossel, aqui estamos nós de novo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Dedos

Meti a mão e me cortei.
Bati os dedos contra o muro, dei soco na parede.
De tanta pedra e tanta corda, eles se fizeram fortes.

Na oitava vez, a mão não se cortou.
Os socos no muro não doíam mais.
Mas uma mão que não se fere na pedra áspera não sente a beleza de tocar uma flor. E a diferença entre a agressão e o carinho é uma linha fina que a mão grossa não sabe diferenciar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

não esqueça de ser aquela pessoa que tu gosta tanto,
não esqueça de sorrir quando o dia está bonito, ou quando a chuva vem refrescar...
não esqueça de cantar a sua música preferida, de dançar a qualquer som,
de rir sem motivo...
não esqueça de desenhar, pintar, escrever, não porque tem um bom resultado,
mas porque faz te sentir bem!
não esqueça de ter tempo pra pensar, pra relaxar.
não deixe as pessoas que tu ama de lado, não deixe o amor esfriar,
ou os compromissos comerem o todo teu tempo.
Não empurre a felicidade pra depois.
Não espere o próximo ano pra curtir a vida.
Pare de reclamar,
se a vida está ruin, tente muda-la, se não pode, aproveite o que tu puder.
não se deixe consumir pela raiva, pela revolta,
não se anestesie, não entre no piloto automático.
tente construir cada dia uma vida melhor, tente aproveitar todo o tempo...
não esqueça quem tu é...
não se deixe levar até tu ser só mais um, até tirarem o melhor de ti.
se agarre aos teus valores, as tuas verdades,
não se entregue, não deixe eles ganharem...
não esqueça de ser quem tu é.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Exercício (não, não é)

Não, não é o tempo que passa rápido tão rápido... somos nós que corremos demais.
Não, não é a vida que é curta... nós é que, na verdade, pra valer, vivemos tão pouco.

O medo que temos da morte não é por abandonar este corpo, é medo da solidão. Somente cabe uma alma na passagem entre este mundo e os outros. Somente cabe um reflexo no espelho, mas muitas imagens passam pela janela.

E pra ti (sim, tu), o que mais importa: o dentro ou o fora?

Não há alguém que nos conheça melhor do que nós mesmos. Por isso essa incerteza, essa vontade de ser outro.

E luta contra a dúvida, inimiga insensível, invisível, invencível. E foge do ficar, do permanecer e da vontade de deitar. E o abraço é arma decisiva.

Não existe melhor disfarce que uma fantasia. Não existe melhor mentira do que uma confissão.

E as mensagens são escritas nas costas de quem deveria lê-las. Pois o medo de revelá-las é muito grande.

domingo, 17 de maio de 2009

Ameaças

Elas são maiores, mas ainda não são completas. Espero que alguma um dia se realize. Há muita coisa que assim espero...

Ameaça III - Estrela Vermelha

‘Não era de se esperar que as pessoas reagissem de outra forma, vivendo sufocadas por uma constelação de tão tênue insignificância... Ocorre que a disciplina pode ser implantada até mesmo nas mentes mais revoltadas. Porém, nesses casos, um conseqüente desprendimento da ordem disciplinar a qual estas foram submetidas pode levar a atos mais amplamente destrutivos. Atos extremamente perigosos... ’
Era o que eu ouvia, de um dos sacerdotes, numa das que seriam as últimas noites em que estaria aos pés do templo. Desde que tenho uma visão própria ou racional dos fatos, acho que as pessoas são muito mais influenciadas pelo que sentem em relação a quem lhes diz algo do que pelo conteúdo da mensagem. Talvez por isso toda esta história pareça tão vazia, por ser pronunciada por uma voz neutra, por um rosto sem emoção, mais parecendo um autômato. Na verdade, todos os baixos sacerdotes são muito parecidos, em seu modo de agir e se expressar – ou não expressar. Passam décadas sendo treinados para isso. Talvez, no início, tivessem algo de especial. Como plantas constantemente podadas, sem flores ou folhas, que, ao não serem muito mais do que troncos, são apenas formas indecisas e indefinidas.
Era isso o que eu pensava, quando aquelas palavras ultrapassaram a barreira dos meus ouvidos e se permitiram interpretar por meu cérebro. “Perigosos”, disse o padre. O perigo é um sentido com o qual a maioria dos cidadãos não está acostumada. Na verdade, a sociedade garante bastante tranqüilidade para que possam viver felizes. Há muita segurança... Para seus corpos. Mas e para seus corações?
‘... Como fios condutores da verdade, entendimento e justiça, que parte de nossos sábios e nobres mestres, chegando a cada cidadão, somos nós responsáveis por manter estes ideais de harmonia e irmandade entre os homens. Cada um que parte, em direção contrária ao equilíbrio, significa um esforço dos que seguem a linha da correição em mantê-la reta. Isso causa instabilidade, e conseqüentemente redução nos resultados potenciais e no rendimento do trabalho. O que faz com que a nossa bênção divina seja menos brilhante. Mantenham a jornada conforme planejado - esse deve ser o ponto constante em seu fluxo de pensamentos. Era o que eu tinha a dizer, àqueles que chegam hoje e àqueles que partem depois de amanhã.

Ameaça II - Grande Reunião

Peixoto foi o primeiro a chegar. Quando os outros chegaram, já estava lá há muito tempo. Alguns dizem que sempre esteve lá, e que o ‘lá’ se fez ao redor dele. Sorriu discreta e amigavelmente, durante períodos breves, a cada um dos que chegaram posteriormente e o cumprimentaram, respondendo não mais do que um ‘sim’ quando perguntavam se tudo estava bem. E ele podia assegurar isso.
Raul foi o segundo. Chegou e logo se sentou, ao lado direito de Peixoto. Trouxe um saco de papelão, do tipo de que se usa para embalar pão, e o deixou na mesinha onde havia também uma garrafa térmica com café e seis pequenas xícaras de porcelana.
Eu fui o terceiro a chegar. Cumprimentei Peixoto com a mesma distância de sempre e dei um abraço em Raul, que se levantara para me saudar. Ele notou que trouxe uma caixa. Depois dos cumprimentos, deixei-a perto da lareira. Voltei para perto da porta e fiquei de pé, esperando a chegada dos restantes.
Carlos chegou, como de costume, com um maldito cigarro na boca. Apertou minha mão e ficou do lado de fora, tragando o seu veneno. Entrou logo depois, e sentou-se à frente de Raul, na mesma hora em que começou a chover. Forte.
Passaram-se vinte tediosos minutos até que chegasse Ernesto. Veio vestido com uma camisa simples e não muito nova. A longa barba preta trazia consigo alguns farelos de comida, que ele limpou depois que lhe fiz um sinal indicando a sujeira. Tirou o boné marrom estilo Fidel Castro que usava e sentou-se no sofá que ficava perto da mesa do café, às costas de Raul, que se virou, ficando de lado na cadeira.
Depois de mais meia-hora esperando, Carlos comentou:
- Que será que houve com o Alexandre? Não se atrasaria tanto tempo se tudo estivesse bem...
- Acho que não virá... - disse Raul calmamente.
- Vamos começar sem ele. - propôs Carlos.
- Não. - respondeu Peixoto com voz firme e fria.
- Não seria justo e nem daria certo. - disse Ernesto - Acho melhor procurá-lo. Quem vai comigo?
Eu fui.

Ameaça I - O inatingível

A luz daquela manhã ainda era quase escura como a noite. Ahmiad levantou-se em silêncio, deu um beijo na irmã, que dormia, e foi com o pai até a porta. Nas suas costas levava a mochila, com algumas moedas, pena, tinta, um livro vazio, outro cheio de escritas e roupas simples; também seu arco e pouco mais de uma dúzia de flechas. Vestia seu robe cinza claro. Seu cavalo estava pronto do lado de fora. Pensou: “e eu, estarei?” O abraço no pai demorou algum tempo, até que este se desvencilhou de seus braços e, com os olhos, apontou o animal que esperava. Ainda mirou o velho Sombra da Noite por alguns segundos, pensando no tempo em que passariam juntos e como era bonito seu pelo escuro com manchas negras, mesmo tendo passado pelo amanhecer tantas vezes. Ajeitou a bainha do sabre e montou.
Olhou de volta para casa. Viu o que sempre via, mas de um jeito que o fez sentir saudades antecipadamente. A casa não era muito extensa, tinha dois andares. Era uma casa de elfos numa cidade de homens; ficava no chão e tinha paredes sólidas de madeira meio escura, porque estava numa cidade de homens. Na frente, no lado direito (na visão de quem chega) da larga porta havia uma grande janela, sob ela uma floreira com flores claras e incomuns, porque era uma casa de elfos. No segundo andar mais duas janelas, menores que a de baixo, a da esquerda sendo a do quarto de Ahmiad, a da direita, a do quarto de Adamud e da esposa, Érika. O telhado era feito de telhas de barro, escuras e bonitas. De fato, toda a casa era bonita, simples e de bom gosto, como uma casa de elfos numa cidade de homens. O chão era feito com tábuas estreitas e curtas, as paredes internas eram pintadas de branco e, numa delas, na sala, acima da lareira, estava pendurado um grande retrato de Selmone, o patriarca da família, que morreu na guerra. Fora pintado numa pose honrosa, vestindo uma belíssima malha élfica, com a mão direita sobre o punho da espada embainhada na cintura, e a outra segurando o elmo prateado com o desenho de uma meia lua, elmo este que usava em batalha.
A luz do amanhecer dava àquela construção de madeira um ar belo e melancólico, o que fez com que ambos pensassem em coisas vagas e distantes. Talvez lembranças de pessoas que se foram, talvez daquelas que nem vieram.
- Será um longo caminho...
- Será. - depois de alguns segundos silenciosos Ahmiad acrescentou, sem tirar os olhos verdes do nada: - Voltarei logo.
- Voltará na hora certa.
Abaixou a aba do chapéu pontudo. Nesse instante, o sol nascia no horizonte. Ambos observaram o belo momento por um instante silencioso.
- Que o Criador ilumine seu caminho - disse Adamud.
- Que Sua luz se divida sobre todos nós.
Após essas palavras, cutucou o cavalo e partiu, sem pressa ou com medo de chegar logo. Preferiu não falar com seu irmão, até por não saber onde este andava, nem com a madrasta, pois nada havia a lhe dizer, como sempre. Sairia pelo oeste e pelo norte. A poeira não se levantou enquanto os cascos leves de Sombra da Noite pisavam lentamente o chão. Não olhou para as pessoas por quem passava ao sair da cidade, apenas cumprimentou um ou outro conhecido que gritou seu nome. E esses pouco se importaram com sua muda passagem, conversa não lhes faria falta. Mas uma voz o chamou de uma maneira familiar, mesmo soando diferente. Uma voz meio cansada, meio triste e meio distante. Olhou para trás e viu a irmã correndo com os pés delicados nus, os cabelos loiros esvoaçando. Parou e desceu do cavalo. Logo ela o alcançou.
- Partiria sem dizer adeus? - perguntou Alana ofegante, segurando os braços do irmão.
- Dizer adeus me dói, principalmente a você - respondeu Ahmiad.
- Então não vá, não precisaria dizer adeus se não nos deixasse...
- Ficar aqui me faria sofrer ainda mais. Por mais que eu goste daqui e de vocês todos, esse é um lugar que me traz angústia e lembranças as quais não queria ter. Eu preciso ficar um tempo fora, respirar ares mais leves, sentir no rosto um vento fresco de terras longínquas.
- Quanto tempo pretende ficar longe?
- Não sei dizer. Até que eu já possa sorrir novamente, ou até que não tenha mais olhos para chorar - disse Ahmiad enquanto passava suavemente a mão nos cabelos da irmã.
- Suas palavras são tristes e pesadas. Eu sinto tanto... - disse ela segurando a mão fina e de dedos compridos dele.
- Triste e pesada tem sido minha vida. Dessa vez não tenho palavras bonitas para usar no lugar dessas, que são duras e ásperas. Não se contagie pela minha tristeza.
- Mas porque saía em silêncio?
- Não quis acordá-la, estava com uma aparência tão tranqüila enquanto dormia.
- Tolice! Não pode e nem lhe permito partir sem dizer adeus!
- Adeus.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Reflexo

Cuidado. Janelas e espelhos transmitem imagem. Mas as fontes delas estão em lados diferentes.

É parte, mas é todo

Aquela parte no meio da confusão é tua essência... o eu, um eu, tanto faz. Mas ela é feita das partes que a cercam. Assim como eu, qualquer outro. Afinal, é difícil diferenciar grãos de areia de uma mesma praia. Talvez até nem se deva. Talvez até nem se possa.

The Masterplan

somos crianças e nada importa, só o presente, só o carinho, as brincadeiras, as risada e os desejos mais imediatos...
Depois começamos a brincar de ser adultos, mas nossos olhos seguem vendo o mundo romântico, tudo é belo, até mesmo a dor.
Aos poucos o mundo vira mais cinza, as pessoas parecem vazias, o mundo cruel, tudo é tão injusto. E nós odiamos tudo...
Logo tudo vira automático, nada mais surpreende, o dia-a-dia é tão louco, não nos da chance de respirar, pensar, muito menos sentir.

Mas alguns conseguem abrir os olhos e ver uma imagem maior.
O mundo como é, de todas as cores, tamanhos e formas. Tão ambíguo, tão complexo.
Pessoas tão diferentes e tão iguais, cada uma seguindo seu caminho...
Todas partes de um plano maior..
E num momento, do nada,
você se reconhece no próximo,
e vê que toda uma vida tentando se construir era ilusão,
a construção de um castelo de vento, feito só para impressionar.
assim, no meio de tantas coisas que quero ser,
de tantas coisas que planejo fazer,
de tantos planos, a, b, c...
no meio de tantos eus,
entre o passado, o futuro e o presente,
bem no nó entre a emoção e razão, a loucura e a responsabilidade, o céu e a terra, o certo e o errado, o normal e o bizarro,
Entre as emoções mais mesquinhas, os instintos mais vis,
e os sentimentos mais puros, o amor mais verdadeiro e altruísta
Entre a melhor versão de mim mesma e a mais baixa delas,
Bem ali no meio,
você me encontrará...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

E pra quê?

Tempo fatiado, partes diferentes, sem um momento para tirar um tempo, parar um pouco. Porém, sem parar um pouco, apenas indo para lugar nenhum.
Tanta coisa por obrigação e tão pouco por gosto. Afinal, pra quê tudo isso? O que há de tão importante em uma rotina de atos voluntários desagradáveis? Ora, que estupidez!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Confessamos que o cavalo, afinal, se tratava de uma mariposa.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

E quem pode afirmar que aquela máscara não seja, na verdade, um escudo?

terça-feira, 5 de maio de 2009

E que importa se as estradas são feitas de pedras ou sonhos?

Que importa se os mundos são feitos de mentiras ou matéria?
Sua pele é uma colcha de retalhos... como ele pode esconder uma coisa que sequer encontrou?
Era uma vez um príncipe encantado.
Ele era forte, valente, inteligente e bonito.
Ele vencia todos o seus dragões, e arrancava suspiros de todas as damas.
Ele vivia bem bricando nos seus teatros de faz-de-conta.
Até que um dia ele viu alguem que o fez cair do cavalo.
E ele enxergou que seu mundo era feito de ilusão.

contraste

Eu queria fugir disso tudo que dói.
Isso tudo que faz lembrar que eu sou humana,
que eu sinto, me machuco e não tenho controle sobre mim.
Eu queria que tudo isso sumisse,
tudo isso que não tem solução,
tudo que me puxa pra baixo e me tira da minha ilusão.
Eu queria poder acreditar nas minhas mentiras,
e seguir a vida.
Porque vocês não me deixam em paz?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Quando você vai parar de atuar o tempo todo?
De fingir ser o que não é?
De esconder suas partes mais feias?
Quando vocês vai chutar o balde, escancarar a porta e ser quem você realmente é?
Quem é você?
Quero saber a verdade.
Não quem você deseja ser, a parte racional e bonita, a que tu demonstra.
Também quero conhe-la,
ela também é parte de ti.
Mas quero saber mais, ir mais fundo!
Quais são teus desejos, tuas manias, teus defeitos?
Quais são teus vicios?
Você tem sede de que?
Quais são teus traumas, travas e raivas?
Mergulhe fundo e me conte tudo.
Teve épocas que o que eu mais prezava era a bondade,
em outras a inteligência, a alegrias, os sonhos, a diversão, a conversa ou os gostos..
Hoje em dia eu só peço uma coisa;
Verdade.

Por favor, Hosnestidade.

Por favor, honestidade acima de tudo.
Honestidade com o próximo, e principalmente consigo mesmo.
Honestidade nas atitudes, na fala e nas roupas.
Coerência, crueza e realidade.
As coisas com são.
Por favor, Hosnestidade.

domingo, 3 de maio de 2009

uma vez eu tentei ser quem eu não era
tentei me limitar pra encaixar em algum lugar
tentei ser só uma parte de quem eu sou
para tornar as coisas mais simples,
para enxergar o caminho, para deixar os outros felizes.

essa vez eu me sufoquei, amputei partes de mim,
fugi dessas partes por não serem apropiadas,
por não ser o certo, não ser o melhor ou o mais bonito.

Aquela vez eu menti pra mim mesmo,
ficava infeliz e sentia um vazio.
me sentia presa, morta.

preciso ser absoluta, ser eu por inteira,
me expressar, gritar, dançar..

Nunca tente se encaixar,
é melhor a solidão, a confusão, a loucura
do que a mediocridade, o vazio e o tédio.
preciso de espaço pra respirar e ser eu mesma.
Minha hora diária de solidão
Jogada ao sol em meio as árvores
Pode ser jardim criado pelo homem,
e eu sentada num banco de concreto..
mas me foco nas coisas boas.
Silêncio.
Uma hora de paz, meu encontro comigo mesmo.
Uma música, um livro, ou apenas o vazio...
Serenindade, um pouco de lucidez

sábado, 2 de maio de 2009

Palhaço

O palhaço é um dançarino. Dança a mais triste das danças, aquela que esconde a verdadeira essência do ser humano, pois a mostra exatamente como é, de forma que ninguém acredite ser aquela a verdade. O palhaço é um ilusionista, e o salvador da auto-estima da humanidade. Ele esconde dela o que ela é, mostrando a ela exatamente isso.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Nós

Um homem negro, de roupas brancas, dá respostas com perguntas, abre janelas e cortinas. As portas são pesadas demais para ele.

O agente secreto é um palhaço, disfarçado dos farsantes, lutando sozinho contra todas as chances.

Do rosto pras narinas é uma questão de posição, de preconceito. Distinção de dois sentidos, do gosto ao desgaste.

O velho esquecido só conhece novidades, e é assim que ele é sábio.

Quatro pessoas voam por céus irmãos, isoladas.
Quatro pessoas sonham sob o mesmo véu, abraçadas.
Quatro pessoas choram com a mesma chuva, celebrando quando é necessário;

Mas quando os outros vão, um deles se sente só. Porque apesar dos rituais e reuniões, apesar dos encontros com os outros, este ainda não se encontrou. Ainda não descobriu que aqueles três não são amigos ou irmãos. Ele ainda não entendeu que é deles que ele é feito, ou o inverso, e o inverso. E eles, será que sabem?

domingo, 26 de abril de 2009

As coisas que se vê são muito menores

A lista de coisas que uma pessoa gosta é 5 vezes menor do que a lista de coisas que uma pessoa não gosta.

A lista de coisas que uma pessoa não conhece é 75 vezes maior que estas duas juntas. Enfim, vá descobrir novas!

Gota

"Eu valorizo muito as pessoas que sempre sabem o que dizer, e dizem sempre na hora certa. Mas valorizo ainda mais aquelas que sabem a hora certa de não dizer coisa alguma.

Então, que o silêncio nos diga o que precisamos saber, porque muita bobagem já foi dita."

(Ahmiad Damir'haz)
Mais do mesmo,
sempre mais do mesmo.
Mesmas idéias, nóias e tetos,
de novo e de novo..
Tudo é escolha,
cada passo, cada palavra, cada gesto,
a gente vai optando e formando nossa personalidade,
criando nossa vida.
Muitas opções, as vezes a gente deixa de escolher um caminho sem perceber,
e depois já foi.
A gente perde tanta coisa, que escorre pelos nossos dedos pouco a pouco.
Tantas oportunidades deixadas pra trás...
Sinto falta de todas as pessoas que não conheci,
de todos os lugares que eu não fui.
Que saudade daquilo tudo que eu não vivi...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Puá!

O palhaço cósmico ri da nossa cara;
Gastei meus suspiros clamando por deus,
mas os surdos não respondem.
Tanto tempo, tantos maus tratos a si mesmo...
Já era hora da vida concordar comigo e se vingar.
Já é hora de esquecer a burocracia.
As crianças sangram e os vermes choram,
entre as peças, as balas e os corais do tiroteio.
O assalto à sanidade saciou aos sádicos,
e a platéia pediu mais, pra ver o sangue jorrar.
Que bagunça, se mistura, todos no mesmo saco preto,
todos querendo voar. Alguém tinha que ter puxado a corda,
enquanto havia tempo.

domingo, 19 de abril de 2009

Um dia daqueles,
Chuva, mau humor, deprê, parece que tá tudo contra mim.
Quero chutar tudo longe!
Que o mundo inteiro vá a merda!
Tudo que me incomoda parece aflorar..
Me fecho no meu quarto, led zeppelin bem alto, uma xícara de café com pimenta.
Não me encham o saco!

O

Desde que as pernas se tornaram fortes, foi correr.

A vida toda passei, passamos, correndo, seguindo em frente, nesta pista com forma de ponto de interrogação. Muito me perguntei o porquê, qual seria o objetivo no final desta corrida. Talvez essa dúvida dure tanto por não ter parado para pensar na resposta. Chegando ao final, talvez eu encontre o motivo de ter andado todo tempo.

Talvez devesse ter andado mais devagar,
admirado a paisagem,
aproveitado a viagem.

Ainda acho que a maioria das pessoas, na última curva dos seus caminhos, irá perceber que o verdadeiro objetivo, a verdadeira graça desta vida, não estava na outra ponta da estrada, mas sim em torno dela.

- Na busca pelo paraíso, as pessoas se apressam tanto que passam correndo por ele.
Muitas pessoas não vivem, apenas sobrevivem.

Tem pessoas que passam pela vida arrastadas, deprimidas, e fazendo apenas o necessário, se revoltando e reclamando de como as coisas são, achando que o mundo está contra elas.

Tem outras que vão com a onda, deixa os outros moldarem sua existência, fazem tudo o que é esperado deles em cada época de sua vida, sem olhar além.

Rezo todos os dias para não ser nenhuma delas, todos os dias tento tomar as rédeas e
seguir em frente, alcançar meus sonhos, e toda hora tento aproveitar, ser eu mesma,
fazer o que me da na cabeça, e ir além do óbvio..

Espero que não seja apenas mais uma dessas pessoas que fingem viver.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Giro

Desde o primeiro reflexo, com luz diagonal, o brilho verdadeiro foi escondido pela rotina suicida. Ao final da sequencia de repetições de atos diários, este já havia sumido. Por alguns momentos, ele se mostrou, sincero e distante, pelas frestas que ainda me eram permitidas. Tantos sonhos pareciam andar lá fora, alegres e sozinhos...

Horas de tortura se passaram, com o peso das vidraças bloqueando o ar leve e fresco. Idéias forçadas vieram e foram, obrigatórias. Minha cabeça apanhou, espancada à distância. Mas lutava enquanto isso.

Por pensar, se faz forte. E quanto mais forte é a mente, menos resistem as correntes que aprisionam o homem.
esqueça o certo e o errado, tudo que te ensinaram.
esqueça os conceitos pré-estabelecidos
esqueça seus gostos, suas preferências, suas carências...
esqueça tuas manias, teus trejeitos e tudo que ja é natural para ti.
esqueça o que tu pensa de mim, deles, e de ti.
esqueça o que é bom e o que e ruin, o que tem valor e o que não tem.
esqueça o que tu deve ou não deve fazer.
se é segunda ou sábado, janeiro ou julho, se tu tem 12 ou 80 anos
esqueça se tu é bonito ou feio, gordo ou magro, alto ou baixo.
esqueça tuas características, esqueça os teus planos,
esqueça o relógio, esqueça o dinheiro, esqueça o que te mandaram fazer.
Largue toda a bagagem por um minuto, e sinta.

domingo, 12 de abril de 2009

O

As nuvens são outras, mas o sol é o mesmo. Os dedos estão separados, mas usam a mesma meia.
Cidade vazia.
Céu sem nuvens, as folhas brilham refletindo o sol,
brisa tímida do outono que quer chegar.
Dia ridiculamente perfeito.
Ando pelas ruas que transbordam lembranças...
Nostalgia,
mas sem desejo de voltar atrás.
É bom saber que certas coisas não se perdem.
Que eu não me perdi.
"No ato criador, sou arrastado por impulsos
que desencadeiam como vendavais vindos de não sei onde.
Vislumbro e persigo miragens interiores,
que jamais consigo reconhecer na face da obra criada"

mestre

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Somente uma

Há um buraco no céu.

Há um buraco na minha mente, no meu saber.

Não sei de nada, e além disso, só aprendi que não posso saber coisa alguma.

Aprendi a ignorar e me tornei mestre nesta arte. Agora tento tapar os buracos, usando uma peneira como pá, para juntar as verdades enterradas pela minha estupidez. Fico feliz por ter ao menos minhas mãos para cavar. Fico feliz por ter um buraco no céu, para onde espiar e desviar minha confusão.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Conheço no mínimo umas dez versões de mim mesmo.
Como alguém pode ser assim tão ambígua? ou ambígua só serve pra quando é dois?
Isso nunca me agradou, ser volúvel deixa as pessoas desconfiadas.
O que não entendem é que eu não sou a ou b.
Eu sou todas essas versões misturadas.
Sou um misto de filosofias, pessoas, músicas, livros, lugares, humores, rotinas e gostos um tanto contraditórios.
Simplesmente nasci assim.
Meu problema é ser tão transparente.
Preciso ser sincera comigo mesma, preciso me expressar, preciso me jogar de cabeça no teto.
Então se eu me sinto de uma forma, não vou fingir que não é assim.
e assim vou indo, girando loucamente, subindo e descendo, tentando me achar no meio da inconstância.
Agora, se você olhar debaixo da superfície verá que no fim é tudo uma coisa só.

domingo, 22 de março de 2009

O cavaleiro poeta medita, de frente para sua sombra.

Seu auto retrato é um quebra cabeças,
cujas peças ele perdeu.

terça-feira, 17 de março de 2009

ponto... pontos

Em alguns dias, surgiram momentaneamente algumas antigas presenças constantes. Em lugares diferentes, em outras companhias. Essas com que me deparei formavam um círculo, um laço com pontas apontando para a mesma direção. Agora, quando as vejo assim, a roda já completou mais uma volta, do ponto de vista que me parece o seu ciclo, desde a época das presenças compartilhadas.
Hoje, separados, os pontos do círculo se dirigem a outros cantos, cercados por outros hábitos. Já não se vestem com seus lindos mantos verbais, seus copos de plástico já foram reciclados. A grama esburacada onde sentavam agora é plana. Mas a árvore que lhes dava sombra continua lá, seus galhos ainda aguentam o peso de alguém que se pendura neles.
Sim, alguém ainda vai onde costumava ir.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Quero dizer, não tenho medo da vida

Cansei de pensar,
assim não da mais.
Não interessa o que supostamente eu deveria fazer,
não importa o que tu venha me dizer,
não quero saber o que tão pensando de mim,
só quero viver assim.

Ta na hora de ficar em cima dos meu própios pés
me encontrar no meio da confusão
ir a luta, ganhar o dia
fazer algo por mim
ser eu mesma, ser extrema,
sem pensar duas vezes antes de agir.

Só quero é crescer, ganhar meu pão,
ir atrás dos meus sonhos
conquistar meus anseios
ficar com meu amigos até de manha
e nas tardes de folga
dar risada e lembrar como a vida é boa,

Desculpa pelos pés que eu pisar no caminho
vou tomar cuidado pra não fazer, não é o que eu quero!
Mas agora no primeiro lugar está eu
agora está na hora eu tomar a decisão,
virar o jogo.
cheque mate!

segunda-feira, 2 de março de 2009

milhões de possibilidades
apenas um caminho a trilhar
qual a escolha certa?
qual o caminho correto?
em qual deles se esconde a felicidade?
milhões de possibilidades
uma fala, um gesto, um passo, uma esquina a dobrar,
muda tudo.
Por onde ir?
Temos que tomar uma escolha, sem hesitar,
se atirar de cabeça.
Não tem como não escolher, ficar parado já é uma escolha
e o mundo segue correndo, e agora o que você fará?

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Confete

Os circos, enfim, se tocaram e se fizeram mistura. Não mais vivem juntos somente na psique dos seus escravos. Os circos estiveram juntos, no aniversário de uma das cores dos palhaços. E os estúpidos espectadores aplaudiram. Alegria, alegria!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Loucura,
Ninguém se importa
sentindo medo
olhando em volta
não há ninguem lá...

Então eu digo,
não me importo
porque eu estou pronto
sacolejo, bagunça
morrendo aos poucos
rompendo em prantos

Será só isso mesmo?
Quando acordar sei
que vai estar tudo no lugar, vai
ser bom pensar de novo
em tudo o que posso fazer

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Aqui

A água corrente, passa por mim, molhando aos poucos. Da mesma forma que faz há muito tempo, mais ou menos como fez desde que cheguei aqui. Neste momento, o sol bate apenas do outro lado, na margem mais pedregosa, onde as pessoas não costumam sentar.

Sinto-me estática, vendo os jovens brincando no rio. Gritos e saltos preenchem o momento. Duas senhoras observam, enquanto um rapaz salta de uma rocha mais alta, para perto de seus amigos. Lembro-me de estar aqui, quando eram elas que pulavam das pedras, alegres e infantis. Enquanto isso, eu observava. Agora elas também observam. Mas logo irão embora. Eu ficarei aqui mais um tempo.

Uma menina sai da água, em direção as senhoras, aparentando cansaço. Pega uma toalha, do lado da mãe, e seca os cabelos. Um pouco depois, outra menina e os três garotos, que se banhavam no rio, também saem em direção ao porto que os aguarda, com braços abertos e chapéu de sol. Eu ficarei aqui mais um tempo.

As mulheres adultas ficam de pé. São belas, não são jovens. Recolhem chinelos e roupas que ficaram espalhados, preparando-se para voltar ao aconchego das pedras polidas. As duas senhoras dão-se as mãos, e vão andando na frente. Logo são ultrapassadas pelas crianças, e sua pressa de ir, não embora, mas de ir a qualquer lugar.

Eu ficarei aqui, mais um tempo. Talvez fique mais uns seis ou oito séculos, até minha hora de deixar este mundo – ou de realmente me tornar parte dele. Talvez eu vá embora antes, quando alguém perceber que este não é meu lugar, quando encontrarem a lembrança que seus antecessores deixaram. Quando perceberem que não adianta reclamar de quem me pôs aqui, quando lembrarem de me dar a mão e me levar embora. Quando lamentarem terem sido tão estúpidos.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Além

'Te encontra no meio do onde,
de onde eu sigo,
sem saber até quando ir.
Sombras que mentem, roubando a estrada
que me prometi;'

'Não vejo tal sombra,
teu olho, enganado
te faz espírito trêmulo
suspira, assustado
Está de partida e teme,
se passa por mim, ou aqui.
Não sabe onde vem esse agora,
mesmo que embora ilumina;
além.'

'Luz escondida - me prende,
mas não me vence,
voo n'outra forma,
não ando, só penso
na estrada que subo,
calada, entre as vozes que ousam...
além'

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Tentando me encontrar.
Olhando, vendo e revendo.
Seguindo impulsos, pensamentos, sonhos...
Mudando de idéia,
tentando construir,
batendo de cara contra o muro.
Me decepcionando,
nao desistindo jamais.
Cavocando, olhando mais fundo,
descobrindo manias, vicios, medos, nóias infundadas.
Abrindo os olhos, abrindo a mente, percebendo mais,
entendendo mais, o mundo, as pessoas, a vida...
Agindo, caminhando, criando, aprendendo,
cliques, descobertas, insights...
Um eterno renascer, um eterno destruir e construir,
melhorando, reforçando, procurando o caminho...
e caminhando, aproveitando essa estrada maluca, essa roda que gira,
me surprendendo com a inconstância, as surpresas e as voltas que a vida dá.
Caindo e levantando, chorando e rindo, pensando e agindo, indo e voltando...
sempre vivendo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Contra

Vocês passam vinte e quatro horas
Falando coisas não pensadas
Vendendo sensações plastificadas

Mas as pedras sempre voam pro lado de cá
Onde idéia vibra, dançarina
Quando grito se liberta em melodia

Mas as vaias sempre ecoam pro lado de cá
Pras raízes coloridas cultivadas
Por linhas de sorriso não cortadas

E as chaves que eu achei
Na luz de holofotes, lá do céu
São pra arcas cheias de pó,
Dos tesouros da riqueza de papel.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Humanos

Os seres humanos... alguns acreditam que somos um câncer para este planeta outros acreditam que somos a cura. Talvez nem um nem outro, o certo é que erramos e nem sempre aprendemos com os erros. O certo às vezes é o errado, porém eu tenho um sonho de que um dia vamos viver em harmonia com tudo, e este ser vivo chamado planeta Terra vai estar em harmonia consigo mesmo.
1 guerra mundial, 2 guerras mundiais, estamos perto da terceira talvez... MAS AQUI ESTAMOS NÓS! Mesmo com todo o horror preparado para nos exterminar, é sempre bela a persistência da vida... e essa força é maior que tudo o que podemos criar ou imaginar...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Baile de máscaras

Fui a um baile
com pessoas mascaradas
Umas eram malvadas
Outras bem camaradas

Então, no meio do baile
caíram as máscaras
todas as pessoas
revelaram as caras

muito queria eu
que as pessoas não fossem enganadas
eu muito menos
pensava que máscaras precisavam existir
até me dar conta
de que as pessoas precisam mentir
tudo o que você vê
é apenas o que elas sabem fingir.

domingo, 25 de janeiro de 2009

0 | 1

Você vive numa cidade? Então todos os dias vê uma fábrica, não importa de quê. Elas são parte da engrenagem que faz a grande máquina funcionar. Bem ou mal, mas fazem. Elas estão lá, na nossa frente, na frente de quem jamais entrará nelas, na frente de quem dali nunca sairá.
E esses, que estão debaixo das chaminés, trabalhando em produtos a serem consumidos, são produzidos e consumidos pelas fábricas invisíveis, pois estão presos àqueles que os governam. São robôs sem sequer inteligência artificial. Massa de modelar, folhas em branco pintadas com tinta sem cor. Não fazem greve, pois são escravos de senhores fisicamente pacíficos. São agredidos por métodos mais eficazes de violência, nem ao menos sabem disso.
Os seus senhores são grandes magos, assassinos de mãos intocáveis. Matam suas vítimas sem que elas percebam, pois continuam vivendo. Fazem com que essa pareça uma grande dádiva. Os degraus da escada sentem-se felizes por servirem para a subida de alguém mais esperto.
Esses fantoches manipulados por controle remoto, além de escravos são buchas de canhão. Lutam pelo conforto de seus donos. São alimentados de fantasmas falantes e dançarinos mórbidos. São nutridos de falsas esperanças e promessas sem chão. Compram verdades em latas de plástico. E uma fábrica de verdades extrai matéria prima de uma fonte de mentiras.
Vivem em plantações de concreto, intoxicados pelas mentiras e pela frieza de seus colegas de cela. Se alimentam dos frutos de uma plantação de ilusões, o grande circo com bolas e palhaços, assistido por grandes massas à grandes distâncias.
A grande massa é formada por infelizes indivíduos; cada um deles está em seu próprio porão, sem janelas ou portas, com paredes e teto de concreto. A eles será permitido subir no que chamam de vida. Mas, em dado momento, baterão a cabeça no teto, pois só lhes foi permitido alcançar aquele ponto. Alguns têm este limite mais alto, disso criam ilusões de poder e liberdade, de estarem chegando a algum lugar. Mas estão presos, como os outros. Diferente dos poucos que enxergam a luz - a sua própria. Estes podem transcender as barreiras materiais. Estes sabem que a única maneira de chegar do lado de fora é começar por lá. Estes são tachados pelos magos da mão invísivel como indivíduos perigosos, estranhos e marginais. Pois eles sabem do perigo que estes representam. Eles reconhecem o poder da ferramenta capaz de ultrapassar o concreto e levar suas fábricas à falência. Eis a única coisa que os poderosos ladrões de mentes temem, a única coisa capaz de derrotá-los, a expressão pura da luz de cada indivíduo; a arte, a flor que brilha entre os muros de pedra, a luz que penetra as grossas nuvens de tempestade. A voz que mostra aos cegos, a verdade.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Mar de gente

Brindo a casa, brindo a vida, meus amigos, amores e família
todo mundo precisa de uma luz
essa é a luz que eu preciso
mar de gente é onde eu mergulho sem receio
mar de gente é onde eu me sinto puro e inteiro

Navegar é preciso
senão a rotina te cansa
nunca se entregar
nunca perder o juízo

Dê um bom exemplo
uma onda segue a outra
Faça um bom exemplo
assim o mar olha para o mundo
assim o mar segue evoluindo

Adaptação da música: mar de gente - O rappa

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ensino

Longum iter per precepta, breve et efficax per exempla.
(É longo o caminho das sentenças, mas o dos exemplos é curto e seguro)

domingo, 18 de janeiro de 2009

Pode até ser...

Felicidade parece uma linha constante, para aqueles que observam de longe. Mas ela é formada por incontáveis e indistinguíveis pontos ao longo de si. Cada um desses pontos é a expressão de uma dose de alegria. Felicidade é uma simplificação deste traço, assumindo que ele seja constante, apesar de, entre os pontos luminosos, existirem faixas negras, trechos de escuridão espiritual. Mas são estas partes escuras que ressaltam o brilho dos momentos de alegria. Porque cada queda é nada mais que uma chance de subir novamente.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Felicidade é conquista.
Conquista diaria pra não se deixar abater, e perder a esperança.
Tristeza é facil, tristeza é entrega.
Na felicidade temos que nos manter atentos, ou nos desequilibramos e caimos no desanimo,
e se tu te desequilibra a gravidade faz o resto.
É uma escalada, estamos subindo, é dificil, um movimento em falso e somos jogados de novo ao chão.
Felicidade da trabalho, mas vale a pena. Aos poucos pegamos a prática
e um dia, quem sabe, chegaremos ao topo da montanha, onde não há mais perigo de cair.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Ainda

Entre a poeira e os escombros, ainda restam células vivas. Sob sol quente, ar seco, uma gota de suor umedece o centro das novas expectativas. Restaram algumas sementes, restou algum horizonte. Ainda se pode chegar a algum lugar, pois ainda há como andar. Pois a roda ainda gira.

Tema único

Há tempos que eu não atirava pedras. Aqui debaixo, tudo parece mais suave. As vozes estridentes se calam. 
-- 
Cada pessoa está vesga, por tanto olhar para somente seu nariz. Cada diálogo é uma ampla divulgação de egocentrismo. A primeira pessoa se tornou a única. Ora, por favor... Calem essas bocas!

sábado, 10 de janeiro de 2009

sábado, 3 de janeiro de 2009

Fruto do Concreto

'Eu vejo um velho, dormindo na calçada
numa poça de mijo, com a calça arriada
tomando pinga pela noite inteira
gastou tudo que trazia na carteira
hoje de tarde, esse velho se levanta
com um gosto de vinagre na garganta
ele ergue as calças e sacode o pó,
vai para a praça ver se o povo ainda tem dó
não trabalha porque não sabe mentir
enche a cara por não ter como fugir

debruçado no balcão, toda noite ele se engana
seu foguete é um copo, o combustível é de cana
voa pra bem longe, aterrissa na calçada
volta de viagem com a vista embaraçada,

mas sua liberdade amanhã vai ter um fim
dois homens vão levá-lo, dirão “foi melhor assim
ele não dava lucro, emporcalhava a cidade
não contribuía com a nossa sociedade”.

o velho ganhou corte de cabelo e massagem,
um pedaço de terra e uma última viagem,
agora entre os seus restos enterrados
até os vermes tão ficando embriagados'

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A partida

'Beba um gole desta nave, e não estamos a sós!
Ainda é cedo pra fugirmos, pra dentro de nós!
De mãos dadas, com um sonho em comum,
Partir pro mundo inteiro, de lugar nenhum...

Há quem diga que o sorriso é uma arma,
Que o guitarrista é um agente do karma,
No fim, então, perceberemos,
Uns aos outros é tudo que temos.'

Quando se dança as vozes se calam,
a mente silencia,
os sentimentos se extravasam,
nos conectamos com a nossa essência.

Dançando tudo some, nada mais existe.
Nos sincronizamos com o universo,
com tudo aquilo que simplesmente é.
E todos os tormentos se vão.

Enquanto dançamos
Mente, coração, corpo e alma,
viram um só.
Pessoa, música, e universo
viram um só.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Está dentro de nós [2]

No fundo sabemos exatamente quem somos e do que precisamos,
mas não nos ouvimos, somos teimosos.
Saimos, procuramos as respostas do lado de fora.
Criamos filosofias, sonhos, amores, todos de papel e areia..
Quando o vento bate, e nada resta, pensamos que é o fim.
Tudo silencia.
Então, ao longe, ouvimos a risada do nosso verdadeiro eu, rindo da nossa tolice.
A felicidade sempre esteve em nós.

Está dentro de nós [1]

No fim as pessoas são o que sempre foram.
Quando chega o final as pessoas retornam, e veem quantas besteiras fizeram no caminho,
o quanto se perderam, tudo pra chegar aonde?
No que sempre foram, no que sempre souberam lá no fundo.
Pois a verdade, o caminho, sempre esteve em nós,
infelizmente, não ouvimos e preferimos procurar do lado de fora.
só nos resta rir de nós mesmos.