segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ascenção

Se eu me importo com o que acontece contigo,
E você se importa comigo também,
Eu não sinto sozinho todo o peso das pedras,
E nessa onda compartilhada,
o mar olha para o mundo, eu tenho certeza!

Deixemos que inventem novas mentiras afinal,
Tenha certeza de não ter certeza,
Nada é a verdade senão isso.

A verdade é preferível à mentira,
Mas nem isso é uma certeza.
Agora, neste ciclo, ninguém quer uma guerra.
Mas isto também é incerto.
A esmagadora minoria que não tem certeza de nada,
É exatamente quem vai fazer a diferença,
Tornar as mentiras como algo obsoleto...
E a verdade como uma boa lembrança.

Só haverá uma linha,
um caminho.
Uma certeza apenas, que será verdadeira de fato.
A certeza de que será melhor.

sábado, 29 de maio de 2010

Desertor

É tão difícil encontrar uma verdade própria a contar, não é?
Que belo seria, sabermos tirar o que há em nós e queremos mostrar, queremos apresentar. Alguns fizeram isso antes, e o fizeram bem. Mas não parece bom ficar, por medo de ousar, repetindo as mesmas palavras, enquanto há tantas coisas novas a serem ditas.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Pintura

O tubo de tinta é uma casa de espelhos, pois a cor que pintamos é a cor que queremos ver.

Mas o escuro... é escuro... não há cor, não há paisagem. Quando um mapa do tesouro é uma foto do espelho, se está perdido. Se está perdido quando só se segue a si mesmo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tudo vive

Como era de se esperar depois de qualquer tormenta...

É incrível a persistência da vida.

O ciclo às vezes se completa de formas diferentes. Nem sempre como o esperado, mas sempre com novas esperanças.
Por que não crer na mudança? Ela só vive para quem acredita, e se vive, sempre carrega as cores, sim! Qualquer uma que quiser. E é a força dessa simplicidade que faz a diferença.
Não há razão para se crer... em ser uma pessoa ruim, é irracional!
Racional, por outro lado, é deixar ir, e lutar pelos poucos que valem a pena, porque eles estão aí e sempre estarão.
Normalmente eles preferem a sombra, mas não é pela falta de coragem de permanecer na luz, e sim pela noção de que embora a sombra pareça diferente, ela não é de todo ruim.

Nada legal aconteceu hoje Parte II

E então, a longa linha acabou.
Se foi aos poucos em um dia ordinário, e tudo aquilo de antes sequer se fez importante, até porque era focado demais para isso.
Vou sentir falta. Um dia tudo passa.
Leve embora, eu nunca tive de qualquer maneira.
Leve embora, e tudo estará bem.

Atrás da cobertura de outra maravilha perfeita onde é tão branco como neve...
Individualmente dividido por uma roda tão indecisa, e não há para onde ir...

Também não há cor alguma.

sábado, 22 de maio de 2010

Lições

Eu sempre esqueço que as pessoas não se importam muito umas com as outras. É um terrível hábito.
E passo a me importar com elas, claro que sim. Mas falta alguma coisa, é muito nada. Nada.
Longe daqui, a teoria da tristeza inexistente é esquecida.
Longe daqui, alguém esqueceu o caminho de volta.

And what have we found?
The same old fears...
Wish you were here;

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Nada legal aconteceu hoje Parte I

Eu não preciso de ninguém do meu lado...
Eu não preciso de drogas para me acalmar...
Estou lendo as escritas atrás do muro...
Não pense que eu precise de coisa alguma. NÃO! Não pense que eu precise de coisa alguma!

Qual foi o crime que cometi?
Quando foi que o muro construí?

Agora, só desejo uma coisa: Quero sair daqui.
Mas as opções estão se esgotando...
Não há saída de emergência.
Nem analgésicos para aliviar a dor...
Nem, ao menos, um local para depositar.

Às vezes parece que há luz do outro lado... às vezes... só ilusão.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dia de chuva

Só queria uma vida normal. Mesmo. Uma vida na cor que eu quisesse, pra poder colorir aos poucos.
A paranóia de só ver vultos em volta e nada sentir sobre nada... O estrago cerebral já está feito. O que é preciso fazer?
Individualmente dividido sobre uma roda indecisa, uma roda do karma.
Quanto mais eu vejo menos eu sei, às vezes parece que sou bom o suficiente...
A roda não gira... mas tudo de antigamente faz-me morrer de saudade, amor pelos velhos tempos. Nunca vou mencionar isso é claro.

Caminhando pelo caminho chuvoso, vejo gentes fazendo tudo o que eu queria fazer... diariamente, repetidamente, incasavelmente, me enchendo de raiva. Não tenho onde colocar isso, a não ser na minha própria cabeça, na esperança de ir tudo embora e nunca mais precisar sentir nada.
"Um dia vai chegar a sua vez." Nunca pensei que fosse ver uma frase tão errada ou tão atrasada, ainda não descobri e nem vou, o que isso quer dizer.
Me acho bom o suficiente por dizer que quero fazer algo nobre... sem nunca conseguir.
Falar com o próprio eco se torna proveitoso, quando as palavras são sinceras demais para receberem uma resposta. Ao menos um olhar.
Já li e reli as escritas no muro, elas dizem o que acho que as pessoas querem dizer em silêncio.
Tudo o que eu quero, de uma maneira ou outra vai embora, inevitavelmente. Fico esperando minha vez, já que é assim, nessa roda estática.
Estou cansado.

domingo, 16 de maio de 2010

Nuvem negra

Desde quando? Até quando? Sortes pestilentas se sucedem. Chega dessa palhaçada!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

It's the last time you'll look like today

Hoje a tarde, eu ouvi Ripples, do Genesis, com muita atenção. Quando cheguei nessa parte, parei. Desliguei o monitor e me olhei no reflexo. Era a última vez que eu pareceria dessa forma. A última vez. Se eu fizer a mesma coisa amanhã, talvez eu não perceba diferença alguma. Se eu fizer isso todos os dias, por quatro anos, talvez eu nunca perceba a diferença ao longo dos dias. Mas eu piscasse os olhos e os abrisse ao final desses quatro anos, eu levaria um susto ao me ver de novo.
E levei um susto ao pensar nisso, ao me ver muito diferente de como era quatro anos atrás. Os olhos mais baixos, o cabelo maior, as espinhas ausentes.
E levei um susto ainda maior ao pensar que lá dentro, atrás desse olhar cada vez menos novo, estavam idéias quase iguais, vontades quase iguais, sonhos e frustrações quase iguais as de quatro anos atrás.
Pela última vez, eu tive essa aparência. Sei que terei esquecido de várias das formas com que me pareci ao longo destes anos, quando levar meu último susto. Mas lembrarei dessa vez, desse dia em que alguém me disse que eu estava andando num caminho sem volta, sentado numa escada rolante que sobe e desce ao mesmo tempo. Um dia, vou lembrar de ter tido medo de nunca voltar. Como as ondas cantadas na música, nunca mais voltar.

sábado, 8 de maio de 2010

Adultos

Então nossos compromissos ficaram muito sérios?
Talvez o tempo fosse muito, para apenas aproveitá-lo; melhor desperdiçar um pouco por aí... É claro que não. Mas essa foi a infeliz escolha.
Será que nos tornamos pessoas muito preocupadas? Ou incapazes de criar coisas novas? Não se faz mais brinquedos com porcarias inúteis. Mas quem são agora as porcarias?
Fomos nós que colocamos as grades na nossa casa, nós que construímos nossa cela. Aprisionando nossas mentes em tarefas muito importantes, desaprendemos coisas simples. Como é difícil espalhar um pouco de tinta pelo chão. E quem lembra do toque da calçada?
Na ordem da vida humana, morrer vem antes de envelhecer.