quarta-feira, 31 de outubro de 2012

E não volta mais

Vai, some daqui
Fica em silêncio
Lambe teu doce
Sem pra trás olhar

Já não adianta
Acabou a luz
Nada mais emana
Não tem como arrumar

Por que ainda
Parado aí estás?
Não te convenci
Que nada vai mudar?

Não pensa nada
Nem um motivo
Não quero argumento
Nada ficou pra explicar

Porque nesse mundo
Pra duas pessoas
Assim como nós
Não tem mais lugar

Observador Lunar

Debaixo da árvore.
Na sombra do sol.
Sol dá sombra.
Antes fora.
Antes de ir embora.

O sol se foi.
A luz ficou.
O macaco de ontem.
Hoje, levantou.
Não mais anda.
Como animal.
Como ser humano.

Monolito negro.
Tocavél não por dedos.
Polegar opositor.
Se encerra o conhecimento.
Dentro de seu torpor.
Não faz sombra.
E não faz luz.

A luz esteve no animal.
De ontem pra hoje.
É ele quem sabe.
Num sentido vão...
Se vai ser luz ou escuridão.

A lenda do Uariuant

Era dia já quando resorvi alevantar da cama. O sol ardia arto, e eu era só mais um véio ensopado dono de uma prantação de aipim. Criava algumas galinhas também, num galinheiro imporvisado, como era uma lonjura da cidade elas viviam mais sortas do que presas. Do lado do meu sítio tinha a fazenda do Lutiér Vicentão, Pino no Ombro, porque ele tinha pobrema de articulação... Dono dum baita bananal.
Abri a janela e oiei pra fora, praquela prantação bunita, vi que não ia ter muito trabáio. Meu Gurgel Xavanti, modelo de 74, tava na garage, sempre pronto pra uma aventura até a venda. 
Andei pra fora, tava indo pegar o ancinho, pra catar umas fôia e juntar o mato que tinha capinado onti, quando veio a Gertruda, minha companhêra de sítio, vira lata gorda, tarvez ela tivésse se apercebido que eu tava levantando mais tarde...
Tinha juntado o mato e tava oiando os aipim quando a Gertruda começou a dá pinote e se arvoroçá acuando pra tudo que é lado...
Tá. Comecei a oiá em vorta, num via nada, num via nada... Até qui vi um bicho estranho em um galho numa árvore me oiando também, era meio pequeno do tamanho de um leitão tarvez, tinha uns olhão graúdo de pexe e bem cororido, umas pata de galinha, também graúda... Nunca tinha visto nada parecido com aquilo, ele começou a fazer um som meio de pássaro e abrir a boca saracoteando com a língua... A gertruda tava que nem loca correndo em vorta na prantação acuando...
Pareceu um estalo. Que nem quando a gente cochila. Acordei era no meio da tarde, a Gertruda me lambendo a cara e eu deitado do lado da prantação, parecia dismaiado.

Depois desse dia confesso que fiquei com medo. Cunversei com o Vicentão sobre o acontecido, e fui comprá uma surda pra mim... Sabe? Pau de fogo? Pra ispantá esses bicho que parece assombração...

Depoimento verídico de Abedilia Inácio da Silva

Arlindo não olhou para os dois lados

"Preciso muito do banheiro", pensou Arlindo na volta da padaria. Neste dia, trazia consigo umas roscas, uma grande quantia de pão e uma imensa fome.
Ouviu a si mesmo dizendo isto e olhou em volta, a fim de certificar-se de que ninguém mais o tivesse ouvido. Atravessou a ladeira em frente a praça cujo chafariz estava desligado há dias, e fez isso olhando apenas para um lado. Compras na mão, caminhou pela calçada, pátio e varanda até a porta de sua casa. Tirou a chave do bolso da calça jeans preta e velha, abriu a porta, tomando cuidado para derrubar nada, e fechou sua passagem com uma bundada.
Levou as sacolas até a mesa da cozinha e as deixou lá, sem abri-las. Foi até o banheiro, lavou o rosto, as mãos, os olhos; secou as mãos e o rosto; masturbou-se formalmente, deixando a porra cair no vaso e deu descarga. Lavou novamente as mãos, agora com mais dedicação. Ligou o rádio da sala, que seguiu a reprodução de um disco da Joan Baez.
Foi até a cozinha, serviu a si um copo de leite e levou o pacote de roscas fritas de polvilho até o sofá. Comeu uma delas e gostou muito. Tomou um gole do leite e juntou o jornal, abrindo-o na página dos esportes. Não era isso que queria. Também o obituário não lhe reportava qualquer vingança. Seguiu, passando sem rir pelos quadrinhos, até a parte que anunciava as novidades no teatro, cinema, e outros lugares aos quais não iria. Bastante coisa boa, percebeu.
Comeu outra rosquinha, enquanto olhava o relógio de parede. Quase seis horas.
Desligou o rádio, ligou a televisão, devolveu o jornal a algum canto. Assitiu um seriado estúpido de grande sucesso, comendo as outras três roscas enquanto encarava a tela, calado, coçando o saco de vez em quando; saracoteando entre os canais durante os intervalos comeciais.
Continuou calado pelo resto da noite; depois de tomar seu leite e comer dois sanduíches, depois de tomar um banho quente. Continuou calado enquanto assistia o gol marcado pelo Paulo Polícia, enquanto via uma reportagem sobre a fome lá longe, e até mesmo quando o sinal da tevê sumiu por um tempo.
Estava calmo, como costumava estar ultimamente. Calmamente vestiu-se para ir trabalhar, quando chegou a hora certa. Partiria em boa forma e sem atrasos, como de costume.
Tudo corria bem, até que nada aconteceu.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sobre o tudo e o nada...


Acordei  naquele dia e nada mais era como sempre foi...
A calmaria dos dias banais passaram na minha mente como lembranças de uma outra existência , rastros de um outro mundo dentro do meu próprio mundo.
Será que o meu mundo mudou  ou eu o olhei de uma outra forma?
Não sei, nunca saberei, só sei que naquela manhã tudo parecia diferente.
O velho se tornara novo, mas não mais tão belo.
Aquelas pessoas correndo já não fazia o menor sentido, correndo para alimentar o que as farão correr novamente ... pobres existências míopes, escravas de si mesmas.
Tento encontrar pistas de onde nasce esta fumaça negra que obscurece a visão e paralisa os sentidos, mas ela se mostra diferente para cada um que a vê, os que podem a ver.
Não tem cara, nem olhos...
Seus sussurros me fazer procurar por respostas, me desafiam!
Acordam-me no meio da noite e me fazem sonhar em pleno dia.
Não recordo o dia em que o muro se ergueu, mas naquele dia adormeci sem saber se a vida seria um sonho irrealizável!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Quando a sala do palácio se esvazia - Parte I

Continuação de A vasta estepe um cavalo rápido e o vento em seus cabelos.

- Só precisamos que dê um recado à ele. Que o afaste da cidade, coisas de negócios...
- Não é melhor eu matá-lo? - Disse a elfa.
- Não! Ele é importante para manter a rede comercial... querendo ou não é o que nos dá oportunidades.
Ela acenou com a cabeça. Do lado de sua cabeça, pode perceber uma pequena aranha que descia suave em sua teia. Era um porão sujo e abandonado na área portuária daquela cidade.
O homem com quem falava era um velho "amigo", que para ela significava um contato, que se convertia em contrato muitas e muitas vezes.

A tarde se esgueirava pelo tempo, e a cidade andava movimentada como sempre. Elfa seguiu para uma taverna esperar a noite cair, para entrar em ação. Era sempre a mesma coisa, mas era sempre emocionante. Lá a música tocava, a bebida se esbaldava, raças se encontravam... nem sempre de maneira amistosa.

No fundo da sua caneca, agora vazia, ela via o seu rosto no reflexo do refugo da cerveja, em uma tentativa inconsciente de ver dentro da sua própria mente, o que ela escondia... O seu passado sem memórias, que a deixara jogada naquele caldeirão fervilhante de tramoias e sujeira que era aquela cidade... Havia a possibilidade de que outra possibilidade para sua vida fosse igual ou pior. Não que ela considerasse bom ou mal, certo ou errado, melhor ou pior... era só sua personalidade desconhecida, se é que havia, escondida em sua mente minimamente se manifestando.

Quando a noite iniciava, ela se dirigiu para as imediações do palácio onde estaria Hadd' Alid, um mercador poderoso, comprador de escravos com contatos na região de Maztica, no oeste, o que fazia com que ele tivesse acesso à plantas medicinais e artigos valiosos exóticos...
Ela deveria se vestir como uma escrava e se juntar com um grupo de mulheres escravas que estariam chegando no palácio. Foi a parte fácil, uma pequena maquiagem, uma roupa adequada, a adaga escondida e ela estaria pronta.
Quando estava no meio das escravas, se lembrou com ódio do palácio de Ramud Aku'r, no seu tempo de escrava... e aquelas mulheres estariam passando a mesma coisa.

Na verdade para ela, bastava ele ter relação com escravos que o ódio já se fazia presente. Ela fora uma escrava por tempo demais, e talvez o seu "recado" para o mercador representasse de fato um assassinato. Ela não estava ali por ser boa em obedecer, afinal.
Era difícil esconder sua expressão quando entrava no palácio, mas uma vez lá dentro, tentava manter o sangue frio, como a lâmina que viria a usar. Procurou se esconder em um quarto próximo ao aposento onde Hadd estava jantando com a filha, não haviam guardas por ali.

Era um luxuoso quarto, iluminado por alguns candelabros de ouro, uma cama enorme, do mais fino tecido que ela já havia visto em Porto de Calim. Andou em direção aos móveis de madeira que estavam dispostos pelo quarto, para ver algum vestígio de jóias quando ouviu passos em direção do quarto...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ser um fruto

É perturbador, depois de achar-se um estranho por anos, redescobrir-se em uma forma há tanto tempo ignorada. Os olhos se arregalam; bicando a minha asa, tentando descobrir porque não a sei bater, encontrei ali uma escama, dura herança inevitável. Sinto dor ao arrancá-la dali, e dói-me ainda mais saber que ela crescerá de novo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A verdade é algo poderoso. Não importa em qual assunto o sujeito encontrou o seu predicado, o resultado permanece o mesmo. É uma luta para tentar fazer o 'outro' parecer você em um mundo diferente, ou igual, na maioria dos casos. É uma luta, para que o outro enxergue o mesmo que você.
Não é uma questão de culpado ou inocente, certo ou errado, ou mesmo então verdade ou mentira... Pois, ao findar das contas, que neste caso envolvem letras e não números, são várias as verdades, reveladas a cada pessoa a nível individual. Todas elas tem o objetivo puro de tentar alcançar a felicidade, consciente ou inconsciente. É por isso que quando alguma pessoa chega em uma verdade, ela vai acreditar nela com todas as suas forças, e vai querer que o 'outro' veja o mesmo, tamanho o sentido daquilo.
Através de uma vivência, da hermenêutica, a verdade é revelada única e irredutível para o sujeito que a abraça sem resistência.

A velha casa

O piso range a cada passo, e mesmo sendo tudo tão familiar, é tudo tão estranho.
O urso de pelúcia, já sem o olho esquerdo e com uma perna quase a cair, mantém seu sorriso e os braços abertos, na incessante espera de uma criança para abraçá-lo. Em meio ao pó do chão, cacos de vidro são fiéis companheiros das pedras que os fizeram voar das janelas. Os fungos fazem do úmido papel de parede, velho e desbotado, o seu lar. As fotos se espalham pelo chão, sorrisos quase apagados, personagens utópicos, restos de uma história que não existe em livro algum. E o restante ainda está quase no mesmo lugar, mas mesmo assim é tudo tão diferente, tão velho.
Muitos passos, muitos anos, e muitas vidas se passaram.
O mundo seguiu adiante desde então, assim como tudo naquele lugar.
E no fim do corredor encontro emoldurado o velho espelho, que mesmo rachado ainda exibe o que se mantem intacto, o que persiste em prosseguir, e que ainda vai estar lá depois que todo o resto virar pó.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Tanto palco que falta plateia.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Mosquito Interior


Carrego comigo uma eterna qualquer coisa, uma mistura de infelicidade com inquietude.
Não chega a ser um lobo da estepe, que uiva em desespero por liberdade, dividindo uma personalidade em duas ou dois milhões.

O que eu tenho é um mosquito.

Meu infeliz companheiro de espírito, menos grandioso e nobre, encontra prazer nas pequenas coisas.
Diverte-se zumbindo um ‘e se?’ quando tudo aparenta paz e sorriso.
Quando a pele lisa da simplicidade repousa, ele pousa e morde um ‘será?’.

Geralmente, pra espantá-lo, só preciso de um copo, um bar, uma conversa. O problema do mosquito interior é que ele volta, sempre por um motivo diferente, sempre com um zumbido diferente. Seu objetivo na vida é ser notado, chamar minha atenção e me fazer dedicar ao menos um pensamento sobre o assunto.

Eis que dia desses tomei uma decisão: submeter-me-ei a uma Cirurgia de Remoção de Mosquito, realizada pelo Doutor.
Os resultados do pós-operatório podem ser observados aos montes por aí, e se mostram melhores que o esperado. Após o procedimento, não há mais dúvidas, críticas, lágrimas, questionamentos interiores. Nunca mais um dia bonito deixará de ser vivido por medo do pôr do sol por vir. Imagino poder conversar com alguém e não querer saber que livro leu e que disco escutou. É o sonho, é o primeiro passo para Ser.

Sem o mosquito, a vida há de ser mais fácil, mais simples, mais cega.
Após a remoção do mosquito, há de restar somente a felicidade.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Reflexos


O a se viu a.
O pó se viu pó.
O céu se viu céu.
O tolo se viu tolo.
O sábio se viu sábio.
O alegre se viu alegre.
O invisível sequer viu.
O triste se viu triste.
O santo se viu santo.
O sujo se viu sujo.
O sol se viu sol.
O só se viu só.
O z se viu z.

Mas o espelho...
Ah, esse se viu infinito.
=)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Eu não tenho onde acender incenso

Engatilhada na goela, uma reclamação. Esta não alveja o escapamento do automóvel, tampouco o cigarro da senhora que segura a bolsa firme e temerosamente, enquanto atravessa a avenida a caminho do ateliê de corte e costura.
A reclamação, essa, está guardada para a imperdoável queima da minha profana vareta de incenso.
Seja no meu calabouço particular, na sala de chá ou no sacrossanto tribunal da praça pública, pouco importa; haverá uma voz a se erguer em protesto a este ato inaceitável que eu ouso apreciar.
Resta, assim, passar no Joe Surfboards e ver se ele já consertou minha prancha.
Caso a loja esteja fechada, acendo um incenso por lá mesmo, entupo minhas narinas com o odor hediondo e fujo, antes que a chuva divina, enviada pelos incansáveis vigilantes, me venha castigar.
Se a fumaça ainda souber me proteger, que eu não ouça seus gritos de protesto, nem seja agredido pelos seus olhares julgadores enquanto corro de volta para a colcha de retalhos em que me disfarço.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ka-tet

Feito de plurais, chegou lá dia desses, dia qualquer, segunda de sol se bem me lembro, mas minha memória me falha tanto.
O cabelo comprido não lhe caía muito bem, fazia-o parecer uma samambaia ambulante, arrancava risos dos demais, que diziam que ele de alguma forma lembrava um pouco um sapo.
A princípio subestimei sua inteligência e conhecimento, talvez um método subconsciente de punição pela forma arrogante com a qual por vezes falava com os demais. Passava-me em sua fala a autoconfiança excessiva, a arrogância dos jovens demais, daqueles que ainda tem 19 e acham que alguns anos de experiência podem ser substituídos com as teorias provenientes de livros escondidos pela poeira de bibliotecas municipais.
A mim e aos outros tratava com indiferença e constante ironia, causando nos mais irritadiços profunda aversão.
Talvez fosse só seu teste, sua maneira de evitar a contaminação de seu puro espírito pelas palhaçadas do circo popular, o casulo que o protegia dos bips que os altifalantes dos robôs produziam em intervalos regulares, das baboseiras dos lunáticos egoístas, mas mesmo que de certa forma até concordasse em sua proteção, ainda me parecia a maneira errada.
E aos poucos eu, que fora crescido em meio a desafios que todos até hoje desconhecem, que aprendera a ver o espírito separado do corpo, pude ver que brilhava nos olhos daquele jovem outra luz, a luz dos que tem mais que apenas fome física, daqueles que tem uma infinita fome dentro da cabeça, que querem devorar o mundo, o universo, as dimensões e a imensidão além com vorazes mordidas.
E também aos poucos, me senti conquistando a amizade do que por muitas vezes se dizia não meu amigo, usando da vasta paciência da qual dotava então para ignorar os estúpidos comentários do estimado imbecil, acreditando naquela minh'alma que me diz quando alguma amizade vale os esforços executados.
E eis que tornamo-nos amigos. Eis que, ao que o tempo passava, ganhei mais um par de braços e pernas para me apoiar e empurrar, uma mente ávida pelos mistérios para incitar a minha própria nos caminhos do desconhecido, o amor de mais uma pessoa a tornar minha vã existência digna de mais um punhado de sorrisos.
Novas portas me foram abertas, novas histórias me foram contadas, novos lugares me foram apresentados, novas dobradiças foram instaladas no topo de minha cabeça para que fosse mais fácil jogar lá um punhado de novas ideias, e um botão foi instalado em minha testa para que se fizesse mais fácil de fazer uma batida de ideias, uma mistura de possibilidades.
Mas acho que, uma das coisas mais importantes, foi que novos amigos me foram apresentados, pessoas de ideias similares e diferentes, possuidores de outros ingredientes para as misturanças que agora se faziam possíveis dentro de minha mais aberta mente.
Mas há outras coisas importantes, há sim.
É graças a este peculiar indivíduo que hoje escrevo este texto, que hoje mostro aqui, e que não tenho medo de expressar com minhas palavras e ideias a gratidão que por suas atitudes sinto. É graças a ele que muitas coisas novas se fizeram possíveis.
Nos bancos de praças agora há mais filosofia, nas fachadas de prédios há significados subliminares, copos são erguidos em mesas de bar honrando tradições milenares, interrogatórios avaliam fatores aleatórios, as conversas sem sentido vibram pelos ares, e o que mais faz sentido é muitas vezes ignorado em favor das toalhas que você deveria ter aí do lado.
Conheci Roland, Hans-Thomas, Peixoto, Sofia, Adolfo, Jake, Susannah, Eddie, entre tantos outros.
E o tempo passou tão rápido, as algumas memórias se fizeram tão vagas.
Hoje já não é mais tão comum a sua companhia, mas se o encontrar ao acaso, na rua, conversaremos como se ainda fossemos os mesmos colegas separados pelas jaulinhas, e talvez até tomemos um achocolatado e quem sabe até umas bolachas recheadas em qualquer praça por aí. Faremos as mesmas piadas cretinas e riremos, mas não muito, de nossas faltas de sorte.
É ele o idiota que vai achar um bom punhado de erros aqui.
É ele mais um integrante do exército dos que me acompanham a navegar, dos que sentam ao lado, pegam o outro remo e me ajudam a seguir.
De uma coisa, porém, ainda me recordo acima das demais.
Diante das adversidades que lhe eram impostas, sua solução era sempre a mesma.
Amor é a resposta, dizia ele.
Amor é a resposta, repito eu até o fim.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012