domingo, 17 de maio de 2009

Ameaça II - Grande Reunião

Peixoto foi o primeiro a chegar. Quando os outros chegaram, já estava lá há muito tempo. Alguns dizem que sempre esteve lá, e que o ‘lá’ se fez ao redor dele. Sorriu discreta e amigavelmente, durante períodos breves, a cada um dos que chegaram posteriormente e o cumprimentaram, respondendo não mais do que um ‘sim’ quando perguntavam se tudo estava bem. E ele podia assegurar isso.
Raul foi o segundo. Chegou e logo se sentou, ao lado direito de Peixoto. Trouxe um saco de papelão, do tipo de que se usa para embalar pão, e o deixou na mesinha onde havia também uma garrafa térmica com café e seis pequenas xícaras de porcelana.
Eu fui o terceiro a chegar. Cumprimentei Peixoto com a mesma distância de sempre e dei um abraço em Raul, que se levantara para me saudar. Ele notou que trouxe uma caixa. Depois dos cumprimentos, deixei-a perto da lareira. Voltei para perto da porta e fiquei de pé, esperando a chegada dos restantes.
Carlos chegou, como de costume, com um maldito cigarro na boca. Apertou minha mão e ficou do lado de fora, tragando o seu veneno. Entrou logo depois, e sentou-se à frente de Raul, na mesma hora em que começou a chover. Forte.
Passaram-se vinte tediosos minutos até que chegasse Ernesto. Veio vestido com uma camisa simples e não muito nova. A longa barba preta trazia consigo alguns farelos de comida, que ele limpou depois que lhe fiz um sinal indicando a sujeira. Tirou o boné marrom estilo Fidel Castro que usava e sentou-se no sofá que ficava perto da mesa do café, às costas de Raul, que se virou, ficando de lado na cadeira.
Depois de mais meia-hora esperando, Carlos comentou:
- Que será que houve com o Alexandre? Não se atrasaria tanto tempo se tudo estivesse bem...
- Acho que não virá... - disse Raul calmamente.
- Vamos começar sem ele. - propôs Carlos.
- Não. - respondeu Peixoto com voz firme e fria.
- Não seria justo e nem daria certo. - disse Ernesto - Acho melhor procurá-lo. Quem vai comigo?
Eu fui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário