quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Trair

Quem são estes senhores, estes aos quais me aliei? Será que estou servindo aos assassinos para os quais eu apontava, bradando por arrependimento? Ao que parece, estes, disfarçados, me iludiram e me mantiveram ao seu lado, lutando pela sua causa secreta, ajudando na sua formidável e proveitosa expansão.
Agora eles precisam de mais espaço, precisam de algo que não é deles, precisam derrubar e matar. São magos habilidosos, suas mãos são invisíveis. Mas posso ver o efeito do que elas fazem, isso me apavora e me enraivece. Lá estão seus outros servos, decepando as vidas de minhas irmãs e encurtando as suas próprias, agindo sem sentir. No lugar onde elas viveram, pacificamente, colocarão suas máquinas monstruosas, abissais - crias de alguém capaz de destruir a própria grande mãe. Ironicamente, estes suicidas homeopatas saúdam a partida dos seus, quando caem, decorando seus túmulos com flores. Flores, como eram flores aquelas que pisaram e arrancaram, porque agem sem sentir.
Mas eu sinto - e sinto como se tivesse juntado eu mesmo alguns daqueles galhos que agora fazem parte da fogueira que, lentamente, e cada vez mais rápido, vai queimando tudo que se conhece por belo e se conhece por vivo. Onde eu esperava chegar indo para o lado errado?

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