domingo, 25 de janeiro de 2009

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Você vive numa cidade? Então todos os dias vê uma fábrica, não importa de quê. Elas são parte da engrenagem que faz a grande máquina funcionar. Bem ou mal, mas fazem. Elas estão lá, na nossa frente, na frente de quem jamais entrará nelas, na frente de quem dali nunca sairá.
E esses, que estão debaixo das chaminés, trabalhando em produtos a serem consumidos, são produzidos e consumidos pelas fábricas invisíveis, pois estão presos àqueles que os governam. São robôs sem sequer inteligência artificial. Massa de modelar, folhas em branco pintadas com tinta sem cor. Não fazem greve, pois são escravos de senhores fisicamente pacíficos. São agredidos por métodos mais eficazes de violência, nem ao menos sabem disso.
Os seus senhores são grandes magos, assassinos de mãos intocáveis. Matam suas vítimas sem que elas percebam, pois continuam vivendo. Fazem com que essa pareça uma grande dádiva. Os degraus da escada sentem-se felizes por servirem para a subida de alguém mais esperto.
Esses fantoches manipulados por controle remoto, além de escravos são buchas de canhão. Lutam pelo conforto de seus donos. São alimentados de fantasmas falantes e dançarinos mórbidos. São nutridos de falsas esperanças e promessas sem chão. Compram verdades em latas de plástico. E uma fábrica de verdades extrai matéria prima de uma fonte de mentiras.
Vivem em plantações de concreto, intoxicados pelas mentiras e pela frieza de seus colegas de cela. Se alimentam dos frutos de uma plantação de ilusões, o grande circo com bolas e palhaços, assistido por grandes massas à grandes distâncias.
A grande massa é formada por infelizes indivíduos; cada um deles está em seu próprio porão, sem janelas ou portas, com paredes e teto de concreto. A eles será permitido subir no que chamam de vida. Mas, em dado momento, baterão a cabeça no teto, pois só lhes foi permitido alcançar aquele ponto. Alguns têm este limite mais alto, disso criam ilusões de poder e liberdade, de estarem chegando a algum lugar. Mas estão presos, como os outros. Diferente dos poucos que enxergam a luz - a sua própria. Estes podem transcender as barreiras materiais. Estes sabem que a única maneira de chegar do lado de fora é começar por lá. Estes são tachados pelos magos da mão invísivel como indivíduos perigosos, estranhos e marginais. Pois eles sabem do perigo que estes representam. Eles reconhecem o poder da ferramenta capaz de ultrapassar o concreto e levar suas fábricas à falência. Eis a única coisa que os poderosos ladrões de mentes temem, a única coisa capaz de derrotá-los, a expressão pura da luz de cada indivíduo; a arte, a flor que brilha entre os muros de pedra, a luz que penetra as grossas nuvens de tempestade. A voz que mostra aos cegos, a verdade.

3 comentários:

  1. Infelizmente as coisas funcionam assim na "grande máquina", como vc mesmo diz.
    E só o q pode realmente mudar é a voz de quem tem coragem de gritar mais alto e derrubar os tiranos, concordo!
    Isso tem q acabar...
    Mto bom Elias!

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  2. Sim, sim...

    Qlqr forma de expressão q as pessoas pudessem compeender e se defender!!!
    Se vc preferir mais delicadeza pode ser cantar...
    =D

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