sexta-feira, 9 de outubro de 2009

É claro

Um homem sentado em uma cadeira, em frente a uma pequena mesa redonda. Em torno da mesma mesa, mais três cadeiras, todas desocupadas.
- Oi, posso pegar uma cadeira?
O jovem, que acabou de chegar, pergunta, depois de ter passado e cumprimentado seus sete amigos e amigas que estavam mais perto da entrada do bar. A cabeça do homem se movimenta para dizer que sim. O rosto diz que tanto faz. O jovem agradece com um sorriso curto e despretensioso, vai para junto dos amigos.
É claro que pode, pensamos, de perto dele. O sujeito está aí há tempos, bebendo sozinho esta cerveja ou a anterior. Ninguém veio sentar com ele e nem virá, parece. Coitado.
"É claro que eles não entendem", pensava ele vendo nossas caras de uma quase compaixão que era, obviamente, insuficiente para nos candidatarmos a lhe fazer companhia.
É claro que não podemos entender que ele não esperaria amigos num bar, não guardaria assentos para eles. Porque eles não os conseguem usar, porque eles não precisam deles. Eles circulam por lugares onde as cadeiras não param de pé. Onde os homens não param de pé.

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