segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O encontro de Adolfo na volta da Padaria

Adolfo não pintava mais. Não sentia mais sentido em dar de si às suas obras.
Um dia, dera com a cabeça numa parede de madeira, e a dor tirou-lhe de sua órbita.
Brigou com Sofia, que nada dizia, e esqueceu os segredos das telas e dos tons.
Passavam-se os dias nos seus mergulhos em conhaques e incertezas; remoía as antigas dúvidas revividas por uma hedionda descoberta;
Ora, Adolfo topara com a intragável existência de um limite.
Descobriu-se criatura de alguém maior, ao esbarrar na moldura em que residia o seu existir.
Bem... um dia, havia pensado na hipótese de ver-se a si mesmo pendurado em um corredor... Além disso, jamais compreendera de onde vinham os traços que saíam de seu pincel.
Não sabia onde estavam os outros três lados do seu universo, e nem qual a distância entre cada um deles.
De mistério, ainda lhe restava saber porque diabos estava ali, e como alguém pode ser tão sádico a ponto de deixar sua criatura solta num mundo sem explicações.
Sem saber, ele sabia como era ser Sofia.

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