segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Raivinha

Só resta mesmo bater a cabeça. Bater contra a parede. Bater como pêndulo musical. Um trovejo depois do outro. Depois da era da razão.
Porque o que sobrou foi a treva. Atrevo a dizer em alto e bom som.
Um dizer cansado e transbordante. Triste e melancólico.

Não tem muito tapete pra debaixo de onde varrer o ranço que escorre de meus lábios.
Uma vez quando criança, eu tinha a esperança de um futuro não exatamente alegre, mas também não um marasmo de incerteza, uma tragédia atrás da outra. Um sisteminha lixo engolindo tudo e todos um atrás do outro. Pra trás soltando merda e pra frente soltando gorfo. Reduzindo pessoas ao lixo que consomem.
Tudo bem baratinho, taí tudo a venda pro pessoal comprar. A gente viu no que deu a venda de sonhos na última eleição. Um bando de burros teimosos.

Um punhado de mortos. E tá barato né? Podia ser a economia. Ah não, ela também quebrou.
Curiosamente culpa dos outros, os de vermelho, do malzinho e do diabinho. Os capatazes molengas que jogavam migalhas e davam um ou outro colchão pros miseráveis poderem pelo menos dormir com algum calor, alguma dignidade.
Nada que os heróis não resolvam não é mesmo?
Crianças engravatadas com poses mimadas, crianças criminosas. Brincando de heróis nacionais.

O importante é vencer na vida. E aqui eu sigo, salvando vidas não sei pra quê. Se a vitória maior é a da morte sempre.
Disse o jornal do almoço, falando dos heróis que mataram os bandidos.

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