segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Heróis

Não tenho vergonha de confessar que ainda procuro todos aqueles heróis da minha infância.
Onde foram parar?
A sensação de nostalgia, a boa sensação de que existe algo de bom em algum lugar, e principalmente de que tudo vai dar certo no final. Que final?
No fundo eu não deveria gostar deles, afinal, eles serviram pra esconder muita coisa de mim, o choque de realidade aumenta quando tu percebe como o mundo vai se revelando. Em tons de cinza, geralmente escuros.
Meu pai foi o meu primeiro herói. E é um pulinho pra encontrar ele novamente, basta ir até São Chico. Só que assim como os outros, ele já deixou de ser um herói faz muito tempo. Mais precisamente quando eu tinha onze anos ou antes. Hoje ele é só o meu pai, uma pessoa normal, sem super poderes, mortal e frágil. Como todas as pessoas.
Queria muito voltar a ver o mundo como era antes. Ou isso seria querer voltar a ser estúpida e ignorante?
Há quem diga que os médicos e as enfermeiras são os heróis do mundo. Então por que tanta gente pede ajuda pra deus? O deus super-herói, super homem, cujo super poder é usar as pessoas para operar seus milagres. Ora, isso eu também posso fazer.
Não me sinto heroína, a menos que você esteja se referindo àquela droga. Já posso ter sido a heroína de alguém nesse sentido. É difícil de ver a própria toxicidade.
Dia após dia vamos fingindo que está tudo certo.
Noite após noite o amor vai ficando cinzento e aquele brilho no olhar vai se apagando sem que alguém dê importância. Como aquelas estrelas no céu que somem para todo o sempre sem que alguém note. Sempre sobra alguma outra.
Talvez esse seja o mal da coletividade. Sempre tem outra pessoa quando alguém morre, nos cegando quanto à beleza da especialidade de cada um. Basta ver o noticiário, que divide os grupos entre ricos e pobres. Como os pobres são maioria, geralmente são tratados com menos importância.
Esperar o que, de uma sociedade que diz que o policial é herói quando mata e o médico é herói quando salva.

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