sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Dívida

Ah eu devia?
Acendi o cigarro como o padeiro que foi visitar Don Corleone no hospital, tremendo.
Why should I?
Aos gritos na minha cabeça. Devia estar animada? Por ser sexta-feira? Devo, tenho que, e outras expressões que parecem gozação, surreais demais pra mim.
A sexta feira das felicidades vendidas a preço de banana, se fosse a feira segunda, seria bem mais caro.
Com suas muitas estandes, desde deus até o diabo, com seus produtos à mostra. Compra quem quiser, compra baratinho, na promoção, no combo ou no box.
A moeda é uma vida inteira de esperas. Viver esperando a próxima boa nova, a próxima festa, o próximo carro novo, o próximo namorado.
Claro faça isso. Faça isso depois venha me falar como eu sou depressiva com essa sua máscara de sorriso estampado, do cara do comercial falido.
Banqueiro dos quereres, para me dizer o que devo. Não duvido de mais um sistema financeiro, tão sujo quanto a sua suposta novidade, atormentando almas.
Se quer carregar essa pedra, carregue-a longe de mim, por favor. Carregue-a você, se assim acha tão importante. Não venha me dizer o que eu tenho que, ou deva fazer ou qualquer coisa mais. Não venha querer me convencer desse papo furado.
Não me venha com "meu deus!", principalmente. Só se fica horrorizado diante do espelho das verdades. Não me olha com essa cara, escandalizada, não diga que prefere sinceridade. Eu sei que não é verdade.
Comecei a ficar tonta, acho que a minha pressão baixou.
Calma Júlia.
Fez menção de pegar no meu braço.
Calma nada. Pensei.
O empurrei pra longe. Cai fora cara. Falei.
Tu se estressa por pouca coisa. Aquilo iria ecoar bastante.
Refletido no espelho da verdade, de volta a rebater para as cavernas da mentira.

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