Tive um sonho, onde todas as coisas ruins se juntaram. Um "sonho", comumente chamado de pesadelo. Do pior tipo, que tu acorda não de susto, mas de desânimo, com a impressão de que é um dia a menos, e não a mais, de vida. Um ano a menos.
E na verdade é... Mas a realidade é pesada demais pra se suportar sem defesas, sem remédios. O remédio não deixa de ser uma desculpa esfarrapada que tu finge acreditar pra poder continuar seguindo. Tu e toda a sociedade.
Que droga. Acordei com dor de cabeça. Cólica também. Não basta a sensação horrível do sonho.
O café está quase pronto, minha segunda droga favorita. Só que hoje ele é sem gosto. Mesmo se eu colocar açúcar, a outra droga. Tudo isso para produzir uma sensação artificial de felicidade, extremamente passageira.
O sol deve estar forte, um calor de matar. E mata aos poucos, tipo fazer aniversário, se morre aos poucos cada dia, mas a realidade é forte demais, então precisamos de uma desculpa.
Queria eu não estar nessa onda, mas da última vez que enfrentei a realidade levei uma surra. Me lembrou uma vez que meu pai me bateu com um fio de energia elétrica. A surra do fio de energia passa. Já a realidade está ali constantemente, espreitando, esgueirando, esperando a máscara cair.
No dia que meu pai me deu uma surra eu tinha ficado muito braba. Me senti humilhada.
Hoje eu sinto saudades.
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