terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Morrência

Tive um sonho, onde todas as coisas ruins se juntaram. Um "sonho", comumente chamado de pesadelo. Do pior tipo, que tu acorda não de susto, mas de desânimo, com a impressão de que é um dia a menos, e não a mais, de vida. Um ano a menos.
E na verdade é... Mas a realidade é pesada demais pra se suportar sem defesas, sem remédios. O remédio não deixa de ser uma desculpa esfarrapada que tu finge acreditar pra poder continuar seguindo. Tu e toda a sociedade.
Que droga. Acordei com dor de cabeça. Cólica também. Não basta a sensação horrível do sonho.
O café está quase pronto, minha segunda droga favorita. Só que hoje ele é sem gosto. Mesmo se eu colocar açúcar, a outra droga. Tudo isso para produzir uma sensação artificial de felicidade, extremamente passageira.
O sol deve estar forte, um calor de matar. E mata aos poucos, tipo fazer aniversário, se morre aos poucos cada dia, mas a realidade é forte demais, então precisamos de uma desculpa.
Queria eu não estar nessa onda, mas da última vez que enfrentei a realidade levei uma surra. Me lembrou uma vez que meu pai me bateu com um fio de energia elétrica. A surra do fio de energia passa. Já a realidade está ali constantemente, espreitando, esgueirando, esperando a máscara cair.
No dia que meu pai me deu uma surra eu tinha ficado muito braba. Me senti humilhada.
Hoje eu sinto saudades.

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