quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Saudável

Este definitivamente não é um lugar de saúde. O Ministério da Saúde adverte.
Previna! Não advirta...
Ministérios e seus mistérios. Isso me lembrava alguma coisa, algo já visto ou lido em algum livro por aí, não vou lembrar agora. Faz tempo que não leio, a não ser bulas de letra miúda, formulários e livros sobre medicina. Um papo reto deveras desinteressante.
Um prédio branco acinzentado com algumas árvores na frente a fim de fingir que estamos de bem com a natureza.
As pessoas não vem aqui para ficarem mais saudáveis. Elas vem pra se livrar de um problema.
Doença é o problema em questão, normalmente encarado na contra-mão.
Já é também um molde de negócios. O ideal seria que viessem cada vez mais e se livrassem de problemas cada vez menos. Claro, tudo dito com palavras não escritas.
A mesma coisa que deixa o ouvido surdo para os gritos de sofrimento humano.
Às vezes tão escondido, mas normalmente muito evidente.
E como tudo, muito exagerado.
As maquinações e as maquiagens se encarregavam de dar óleo às perversas engrenagens que mantinha tudo funcionando. Um tapinha nas costas. Um cínico aperto de mãos.
Uma vez já tive impressão de minha vida ser de suma importância. Ajudadora das gentes, cuidadora dos enfermos. Protagonista de uma epopeia somente encontrada em livros. Uma heroína. Mas neste caso os livros foram todos queimados pela igreja. O conto acabara antes de se iniciar a jornada.
E era assim que eu me sentia. Quase como aquele personagem de jogos eletrônicos, só que eu não sou viciada em analgésicos. Sou viciada em coisas com o mesmo efeito, mas com nomes diferentes.
Seria tudo a mesma coisa?
Meu deus. Era uma exclamação coerente, não fosse a minha crença em tamanha ausência, inexistência.
Sinto as gentes se movendo em suas multidões, mas não me sinto parte integrante. Uma loner. Às vezes mais pra loser. Palavras estrangeiras que vem bem a calhar.

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