terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Debaixo do sol III

Acordei comigo. Sem nenhuma mensagem de nenhum amigo ou ente querido. Acordei sozinha, como já estava acostumada. O sol já havia se despedido além do horizonte quando sentei na cama para olhar através da janela. Se o sol já havia ido embora por que parece que ele ainda está fritando minha cabeça?
O velho sentimento cíclico que vai e vem, vem e vai. Fecho os olhos esfrego com força. Dormi demais. Perdi tempo. Acordei cansada. Desanimada. Só me resta escovar essa boca cheia de dentes retos, lavar esse corpo com dois braços duas pernas, uma cabeça e esse cabelo de incontáveis fragmentos capilares perfeitamente dispostos sobre meu couro cabeludo. Um corpo perfeitamente saudável, com tudo no lugar e funcionando, com uma pequena exceção talvez dos pulmões.
Porém um corpo aprisionado dentro de uma cabeça temporariamente paranoica. Um prédio com vários lares entre paredes e várias prisões diferentes, uma para cada lar. A cabeça inventa o que há de faltar. Como a falta é grande, ela inventa bastante coisa.
O banho de água fria se acabou tal como começou, de repente.
De repente eu faça um café e fique sentada esperando. Esperando o dia acabar.
É quase noite, o sol não deveria mais me incomodar.

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