segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Máscara do buraco

Finalmente entendia o que queria dizer aquela frase.
Se tirar a máscara fica só um buraco.
Pois, só se entende realmente, depois de sentir.
E era assim que me sentia. Avaliando o negrume do meu abrigo entre quatro paredes de pedra fria.
Corre-se desesperadamente atrás da verdade, para depois nunca mais voltar. Tantas são as catracas que se passa.
Mas olho no espelho e não vejo esse buraco. Não consigo tirar a máscara que tapa. A dor é insuportável. É um buraco de projetil na alma. Alto calibre, não que eu entenda alguma coisa sobre armas. Talvez da dor entendesse, de tanto ver pacientes baleados. Os vagabundos, segundo os jornais.
O café já não me ajudava, assim como os cigarros. Seguia bebendo e fumando de qualquer jeito. Não era de esperar que morreria a esperança, se alguma houvesse. Tinha a sensação que o buraco a havia sugado também.
Era como dar voltas no deserto do velho oeste, ao som de uma guitarra melancólica ou de um violino macabro, com urubus a sobrevoar esperando a sentença final delimitando o início de seus jantares.
O disparo era como um suspiro de respiração pesada. Uma falta de ar a cada impacto.
Passava reto entre os órgãos vitais, era apenas para doer, não pra matar.
Tentava imaginar o que seriam os problemas reais. Pra me alegrar um pouco mais, pois o meu certamente era de primeiro mundo.
Falo bem. Ainda assim era um problema. E eu precisava encontrar a solução, porque o tempo passa rápido demais.
Ria e o mundo irá rir com você.
Chore e chorará sozinho.

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