segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Pelo doce sabor do bolo

Eu gostava de bolo, e eu queria aquele bolo, e gritei isso pra todo mundo. Mas não me ensinaram a fazer por mim mesmo, e, em minha comodidade, esperei que alguém o trouxesse até mim, me servisse fatias do tamanho da minha fome, e mais outras, depois, do tamanho da minha vontade de comer. E que até mesmo, talvez, o bolo viesse sozinho ao meu encontro. Mas não tirei um pé do lugar.

Alguns mais próximos a mim pensavam em se servir, mas com ameaças infantis, eu os afugentava. Afinal, eram meus preciosos amigos, deveriam me respeitar em minha vontade de comer o bolo, mas também deveriam aceitar minha incapacidade de me servir.

E por fim, alguém que não havia pronunciado sequer uma palavra levantou-se, serviu-se e foi embora, deixando apenas migalhas.

E lá estava eu, chorando como um tolo, ofendendo o vento e os ouvidos de quem me cercava, me lamentando, e culpando a vida, o universo e tudo mais, menos o verdadeiro culpado, por ter perdido a chance de saborear o que eu tanto queria.

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