quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Na medida de um coração

Confinada em uma pesada armadura ela estava, armadura que era leve na verdade, fora forjada por elfos... Elfos como um de seus companheiros, ali presente, de longa data e de longa vida. As gotas de suor que tomavam conta de sua bela face não escondiam toda a bravura que seu olhar transmitia. A bravura de incansável guerreira que ela era, mas também de mãe que ela não fora... E nunca mais viria a ser.
Apesar disso, suas mãos estavam firmes na belíssima espada que empunhava, forjada por divinas criaturas e sustentada por luz. Como a luz de uma manhã.

O ambiente era de irrelevante escuridão.
A batalha que se seguia era grande, envolveria eventos que perdurariam por eras tornando nomes, antes simples, em refrões nas músicas dos bardos, muito refinadas.
Onde ela estava, do seu lado estava um elfo e de outro lado estava um meio-orc. Pulsantes em energia e firmes no pulso. À sua frente estava Bhaal, um deus obscuro cujos planos só se podia imaginar, e era nele que todos os olhares se fixavam, nele e no seu exército de criaturas sombrias. Ele estava ali para matar aquela mulher e seus companheiros. Apesar de parecer uma luta desigual, as expressões dos três aventureiros não demonstrava medo ou receio, ainda que naquele precioso e preciso momento, descia Lathander, o deus de todas as manhãs e de todos os recomeços. O deus daquela humana.
Seus companheiros não dividiam a mesma fé, mas acreditavam em propósitos semelhantes, acima de tudo nela e em sua bondade.

Ela tinha um coração forte. Tudo o que sentia era a vida aflorando em suas veias, em um corpo agitado brandindo a sua espada muitas e muitas vezes, contra tudo aquilo que ela não acreditava. Era um enorme exército e um deus maligno, mas sua crença na manhã do dia seguinte era muito mais forte, mesmo que ela nunca mais fosse ver tal espetáculo. O seu deus estava lá lutando lado a lado com ela e seus companheiros.
Eles eram arremessados e jogados para os lados, se protegiam um ao outro. O elfo representando sua raça na agilidade e sagacidade de um guerreiro do arco e da flecha, o meio-orc na força física e também de espírito, afinal, não era de ontem as andanças dos três. Formavam excepcional sincronia.
Entre movimentos e golpes, inimigos e aliados, um portal se abre trazendo os defensores de Corellon, amigos de Lathander.
Somavam-se as forças, e se equilibrava a batalha. Mas toda a batalha tem início, meio e fim. Assim como toda vida tem início, meio e fim.
Não importa a força de um coração, nem quão fria é a razão.

A moça também tinha um coração puro. De uma pureza que só uma criatura mortal poderia ter, assim como a certeza de que um dia ele pararia de bater.
Era um coração que pararia de pulsar, e isso era inevitável pois ela nunca teria parado de lutar.

"Aloria, saia daí!"
Foram as últimas palavras que ela ouviu. Atrás dela estava o adversário, aquele outro deus, empunhando uma enorme adaga do tamanho de um homem ou do sonho de muitos. Em um breve momento, o tempo de um lamento, ele a golpeia imediatamente nas costas. A adaga a atravessa e sai pelo peito coberto pela bela armadura forjada por elfos, mas que, assim como ela, não era capaz de resistir a um ódio tão grande. O sangue escorreu como uma lágrima, igual às que ainda ardem, e pingou com a força de uma pancada.
No belo rosto de Aloria, se esvai a expressão de bravura que durante muito tempo havia encontrado um lar quase permanente naquela face.
Foi um momento silencioso, o próprio pesar já parecia presente.
Suas mãos antes firmes, agora aos poucos se abrem, deixando sua espada escapar entre os dedos. Enquanto antes era sustentada por luz, agora, sem a portadora para empunhar, deixa de luzir, e aos poucos se apaga no ar.
Seus olhos se arregalam por um breve instante, momento em que Bhaal retira sua adaga, e Aloria cai para sempre.
Como a vida que existe sem por quê, e o adeus, que às vezes se dá, sem saber.

5 comentários:

  1. Paunocu do mestre!
    Cara... que coisa mais tri! *_*
    Que coisa mais tri... e que saudade.
    E vá tomar no cu por piorar ainda mais a vontade de voltar a viver o Ahmiad auehhaeu
    Ah, uma correção: ele dividia a mesma fé, sim! Depois de uma intervenção em seu favor, ele passou a ser devoto do Corellon E de Lathander!, mesmo que na ficha só tenha espaço pra um =D
    Obrigado por ajudar a reviver um pouco este momento, cara.
    Que bela história...

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  2. *-* nem me fala cara... ><
    Mas eu tinha esquecido desse detalhe do Ahmiad. ^^
    Na verdade esse momento nunca mais vai ser esquecido né? que seção! que epicidade!
    *----*

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  3. Bah! *-*
    Saudade disso aí!

    Eu fico pensando se um dia colocaremos no papel o que aconteceu depois.

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  4. Faz assim, ó:
    Bota no teu papel e depois mestra o que tu preparar pra nós.

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