terça-feira, 1 de novembro de 2016

Sobre o que a Julia não disse

Não sou monja de aturar. Não sou pedra amolecida.
Pedra de amolar. Para ser trabalhada com as palavras ásperas forjando ferro bruto, feito pra machucar.
Não entre na briga se não está disposto a usar suas próprias armas.
Inspiro.
Primeira dose.
Trocamos apenas olhares tensos.
E aguardo o momento da vagareza gélida, que descobri ainda cedo, a capacidade de usar. Lâminas frias abrem mais feridas. No corpo material e na alma enlamecida.
Beba com moderação.
Disse a frase de um momento instantâneo em uma tela passageira de cor sólida e malpassante. A ser socorrida pela próxima atração. Não me atraiu. O brilho luminoso na verdade me cegava os olhos.
O burburinho do bar esfumaçado me atrapalhava as ideias. E a presença dele tava me perturbando.
Mas senti o vício me subindo as entranhas, da garganta até o sorriso bacana.
Vício do cigarro, da mentira, da raiva e do julgamento. Os venenos da mente, diria um amigo meu, sem que eu soubesse ao que ele se referia exatamente.
Boca de beijar se transforma com apenas um pensamento.
Não gosto da derrota verbal, e não levaria mais uma pra casa.
Segunda dose.
Cadê minha comanda? Deixei escapar. Raiva.
Olhei pra ele, e pelo seu rosto pude julgar sua crença na minha vitória.
Como se eu tivesse ganho, mas eu perdi.
Deixei pra lá. Engoli em seco.
No fim tive eu que juntar os pedaços do que restou do meu ego inflamado, para guardar com todas as coisas esquecíveis que eu não conseguia esquecer.

Com ferro feri e com ferro fui ferida.

Um comentário:

  1. Malpassante =D
    Ó os vícios! Júlia meio Jun, hahaehae
    Quem confere e fere será ferido.

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