terça-feira, 5 de junho de 2012

Macaco Astral

Nenhum dos quadros neste longo corredor fora assinado. Em tantos traços variados, misturas impensáveis de cores, a única característica que se repetia era a incalculável fórmula de realidade presente em cada obra. Obras que não eram de gente terrena; Porém, de um artista cósmico, que botara de si para fora o que chamamos de vida, e não cometeu a injustiça de tentar corrigi-la.
Não chamaria tal ato de criação, talvez seja apenas uma sucessão de impulsos, jorros de energia, de poeira estelar.
Com isso, me venho a pensar que as molduras foram escolha nossa. Na ousadia de negar qualquer origem maior, tentamos esquematizar um processo talvez poético, provar por amaisbê que estamos aqui, sem saber porque. Assim foi a destruição da paisagem de cada pintura, tentar examina-la ponto a ponto, da forma mesma que não se faz poesia organizando as letras em ordem alfabética.
Nenhum tubo de ensaio, em momento algum, conteve o composto químico que nos faz suspirar. Não, e não!
Pois cada cientista é, também, um bonequinho pintado tentando se enclausurar no cantinho que ele aprendeu a examinar, assim como eu, assim como o Mestre Marco.
Cada um reinando sobre seu quase nada. Mas esse quase nada já estava aqui antes!
Assim percebi que existe um deus além de nós. Pra que eu seja tão pequeno, em algum lugar há algo maior.

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