quarta-feira, 6 de junho de 2012

Jacob

Eis que em pensamento formulo o tema
Me aprumo na mesa, escolho uma pena
Que mergulho em tinta e me ponho a traçar
Os vagos rabiscos se fazendo em cena
Sem frases, sem rimas, desenho o poema
Imagens na mente que é livre a vagar

Em universos de outros poetas me adentro
Modelando em sopros, tal dunas ao vento
Que traça incesso a paisagem futura
Fronteiras me cruzam em processo lento
Flutuam, se dobram, e me faço atento
Ao que elas revelam envolto em moldura

Me faço em tela ao pintor que assiste
Sua mente é livre, seu coração é triste
Seus olhos refletem a bela obra que cria
Pincel, que em imagem sopra seus medos
Razões e alegrias, pendendo em seus dedos
Enquanto nova chama seu rosto alumia
Mas não sabe ele o segredo que oculto
Pois do lado além, ele é apenas um vulto
Um retrato de Adolfo na parede de Sofia

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