quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O mago dançarino

Ah, se elas soubessem!
Se ao menos tivessem a leve[leviana?] percepção de como aquele truque está longe de sua compreensão!
O mágico Zani demonstra muita perícia enquanto fascina cada multidão a que se apresenta.
"Venham ver", evoca o palhaço seu comparsa, mais Zani do que ele. E o chamado é quase irresistível, sete de cada nove pessoas acabam indo ver.
O que elas veem é o mais fascinante dos espetáculos que já andaram por alguma calçada.
O mago maquiado manipula imagens e aparências, fazendo brotar figuras fantásticas, que falam bravatas, ou rabiscam ideias malucas nos ouvidos de quem ouve suas vozes.
Acima de tudo, aquelas representações agradam por serem patéticas, caricaturas lamentáveis da distante realidade.
E todos riem, quando o mágico inicia mais uma exibição. Todos se divertem, menos os Zani's que ali estão. Em suas caras maquiadas, uma lágrima escorre em cada bochecha.
Ah, se as pessoas soubessem o quanto são verdadeiras as suas pinturas!
Mas nenhum deles apresenta um chapéu, presença esperada em tal tipo de apresentação.
Eles não cobram, não esperam pagamento pela pantomina.
Estão ali cumprindo um dever, protegendo as pessoas de um terrível perigo psicológico, evitando que elas vejam as coisas de uma forma que não querem ver.
Ah, se elas soubessem qual é a ferramente utilizada para realizar aquele truque.
Se soubessem que o que ele está segurando nada mais é do que um espelho.

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