quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Em frente

Mauro, o moreno, anda em sua moto.
Veloz, implacável, avança pela auto estrada.
Faz tanto tempo que anda nela que nem lembra qual foi a última coisa que fez antes. Talvez parar para fumar à beira da estrada.
O vento no topete o faz querer ir mais rápido, e ele acelera cada vez mais. A estrada é um borrão que ele segue com gosto, curva depois de curva.
Precisa achar algum lugar pra abastecer em breve. Mas enquanto isso, sorri e aproveita a brisa.
Ultimamente, tem mantido os olhos muito atentos ao espelho retrovisor. Coisas interessantes aparecem por ali.
Percebeu que, quanto mais rápido ele vai, mais pode ver naquela caixinha.
Se não fosse tão estúpido, saberia que aquelas são as coisas que deixou pra trás na sua pressa.
Saberia encarar aquilo tudo como atrações, não como obstáculos na sua jornada.
Saberia que, no final do caminho, só o que lhe espera é um abraço frio, de alguém à quem sempre pertenceu.
Alguém que nos espera para fechar nossos olhos pela última vez.

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