segunda-feira, 14 de julho de 2014

Uop

A janela mostra um mundo mais escuro do que aquele que eu me recordo de ter deixado lá fora, tempos atrás, quando entrei aqui. Numa sala com muitas luzes, a minha mão tem várias sombras, umas mais fracas que as outras. A parte sobre a qual as lâmpadas concordam: "não a vemos", essa é a mais forte.
Falar em tempo é tão incerto... mas deixei para trás uma época em que era mais natural sentar aqui e me expressar. Nunca me tornei um especialista, desconfio que primeiro por conveniência e, depois, por concordar comigo mesmo.  É, foi escolha minha - mesmo que eu não a tenha feito a princípio, depois acabei por adotar; e pai é quem cria. Fico feliz por não ter, por isso, precisado deixar de lado algumas coisas, como quem abdica das escolas proibidas - e não como quem abdica de um toco; Ao contrário, pude deixar de lado tantas coisas quando quis, sendo não mago nem mestre, mas aprendiz universalista de uma escola em suspensão temporal por falta de conclusões práticas - a prática leva à confusão.
Mas isso também é bom; aprendi a não me deixar impressionar por aqueles que queimam cana com chuvas de meteoros. Em vez de criar fogo a partir de um nada, aprendi muito bem a não conseguir fazer funcionar um isqueiro.
Acumulo as funções de mago e escriba, mas escrever minhas memórias ainda é um processo mundano. Me incomoda, apenas, não lembrar onde guardei a pena e a tinta invisível.

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