quarta-feira, 2 de julho de 2014

Talvez não vale a pena

Ela dizia que se o horário que deve cumprir, o trabalho que deve realizar, o trânsito que deve enfrentar ou a conversa que urge comunicar, ficar no caminho daquilo que considera o famoso "Bom Senso", havia algo errado com a sua ação.
Normalmente suas críticas e seus argumentos desviavam ao longe, os olhares raivosos e as aproximações latentes, odiosas, providas talvez daquilo que ela mesma falava, inclusive. O seu ato de fumar, beber e gastar dinheiro em coisas como festas.
Talvez o que escapasse fosse o fato de tudo o que ela fazia ser equilibrado. Fumava pouco, bebia pouco, e festejava pouco, em um estranho ciclo. Transava pouco inclusive.

Aí um cara se atira do último andar do prédio do Banco do Brasil. "Talvez não valha a pena trabalhar em um banco."Se a coisa ultrapassa o limite do "Bom Senso", é algo que talvez não valha a pena ser feito.
Existe tanta gente dizendo o que precisamos fazer, mas poucas nos dizendo para pensarmos por nós mesmos.
Existem pessoas que te perguntam: "O que é a felicidade?" Para logo em seguida 'combater' toda e qualquer resposta no melhor estilo Sebrae de ser.
Decididamente ela odiava as palavras 'chave'.

O ônibus ainda estava na Ipiranga. Era um dia de chuva e as pessoas se xingavam como nunca no trânsito.
As pessoas no sinal eram ignoradas como de costume. Ao menor sinal de aproximação o vidro do carro levantava, como se alguma coisa podre exalava seu cheiro, insuportável... Não sei mais o que é insuportável.
No banco vermelho e preferencial da frente, duas adolescentes, cada uma em uma bolha diferente. A maçã mordida em suas mãos, do grande gênio que mostrou ao mundo que o mundo precisava de fato de algo que não se precisava. Enquanto os velhos ficavam de pé olhando o horizonte nebuloso, e esperando o momento de sentar nos bancos destinados a eles.

Havia quem reclamasse de seu azedume, mas com certeza não seria o senhor que sentou em seu lugar quando ela se levantou.

O que vale a pena ser feito?

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