quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Quando a sala do palácio se esvazia - Parte I

Continuação de A vasta estepe um cavalo rápido e o vento em seus cabelos.

- Só precisamos que dê um recado à ele. Que o afaste da cidade, coisas de negócios...
- Não é melhor eu matá-lo? - Disse a elfa.
- Não! Ele é importante para manter a rede comercial... querendo ou não é o que nos dá oportunidades.
Ela acenou com a cabeça. Do lado de sua cabeça, pode perceber uma pequena aranha que descia suave em sua teia. Era um porão sujo e abandonado na área portuária daquela cidade.
O homem com quem falava era um velho "amigo", que para ela significava um contato, que se convertia em contrato muitas e muitas vezes.

A tarde se esgueirava pelo tempo, e a cidade andava movimentada como sempre. Elfa seguiu para uma taverna esperar a noite cair, para entrar em ação. Era sempre a mesma coisa, mas era sempre emocionante. Lá a música tocava, a bebida se esbaldava, raças se encontravam... nem sempre de maneira amistosa.

No fundo da sua caneca, agora vazia, ela via o seu rosto no reflexo do refugo da cerveja, em uma tentativa inconsciente de ver dentro da sua própria mente, o que ela escondia... O seu passado sem memórias, que a deixara jogada naquele caldeirão fervilhante de tramoias e sujeira que era aquela cidade... Havia a possibilidade de que outra possibilidade para sua vida fosse igual ou pior. Não que ela considerasse bom ou mal, certo ou errado, melhor ou pior... era só sua personalidade desconhecida, se é que havia, escondida em sua mente minimamente se manifestando.

Quando a noite iniciava, ela se dirigiu para as imediações do palácio onde estaria Hadd' Alid, um mercador poderoso, comprador de escravos com contatos na região de Maztica, no oeste, o que fazia com que ele tivesse acesso à plantas medicinais e artigos valiosos exóticos...
Ela deveria se vestir como uma escrava e se juntar com um grupo de mulheres escravas que estariam chegando no palácio. Foi a parte fácil, uma pequena maquiagem, uma roupa adequada, a adaga escondida e ela estaria pronta.
Quando estava no meio das escravas, se lembrou com ódio do palácio de Ramud Aku'r, no seu tempo de escrava... e aquelas mulheres estariam passando a mesma coisa.

Na verdade para ela, bastava ele ter relação com escravos que o ódio já se fazia presente. Ela fora uma escrava por tempo demais, e talvez o seu "recado" para o mercador representasse de fato um assassinato. Ela não estava ali por ser boa em obedecer, afinal.
Era difícil esconder sua expressão quando entrava no palácio, mas uma vez lá dentro, tentava manter o sangue frio, como a lâmina que viria a usar. Procurou se esconder em um quarto próximo ao aposento onde Hadd estava jantando com a filha, não haviam guardas por ali.

Era um luxuoso quarto, iluminado por alguns candelabros de ouro, uma cama enorme, do mais fino tecido que ela já havia visto em Porto de Calim. Andou em direção aos móveis de madeira que estavam dispostos pelo quarto, para ver algum vestígio de jóias quando ouviu passos em direção do quarto...

Nenhum comentário:

Postar um comentário