segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A velha casa

O piso range a cada passo, e mesmo sendo tudo tão familiar, é tudo tão estranho.
O urso de pelúcia, já sem o olho esquerdo e com uma perna quase a cair, mantém seu sorriso e os braços abertos, na incessante espera de uma criança para abraçá-lo. Em meio ao pó do chão, cacos de vidro são fiéis companheiros das pedras que os fizeram voar das janelas. Os fungos fazem do úmido papel de parede, velho e desbotado, o seu lar. As fotos se espalham pelo chão, sorrisos quase apagados, personagens utópicos, restos de uma história que não existe em livro algum. E o restante ainda está quase no mesmo lugar, mas mesmo assim é tudo tão diferente, tão velho.
Muitos passos, muitos anos, e muitas vidas se passaram.
O mundo seguiu adiante desde então, assim como tudo naquele lugar.
E no fim do corredor encontro emoldurado o velho espelho, que mesmo rachado ainda exibe o que se mantem intacto, o que persiste em prosseguir, e que ainda vai estar lá depois que todo o resto virar pó.

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