sábado, 15 de outubro de 2016

O apanhador de cenouras

Não parece uma fruta, certamente. Alguns dizem que é hortaliça...
Haviam muitos obcecados atrás destas obras do canteiro. Um enorme canteiro. Uma horta, lá no fundo, no canto. Se fizer como eu lhe digo. Disse o senhor empreendedor. Seriedade ímpar. Estamos aqui para vestir a camiseta, se esconder atrás da gravata e fazer parecer cidadania. Afinal isso tudo é muito sério. Nota-se que a palavra 'seriedade' compunha um tomo sagrado às vezes confundido como 'chaveiro'. Porta chaves. Todas eram 'palavras chaves'. Algumas eram mais do que chaves, eram molhos de chaves. Um molho sem tempero de sabor acre, que dava um toque especial ao Jornal do Almoço. Um sabor único, sem dúvida.
Mas todas essas chaves, destrancavam as portas uma a uma. Passo a passo. Algumas portas davam em escadarias, obra de gênios, segundo alguns. Um degrau depois do outro. De pés descalços? Nem pensar! De sapatos, bem engraxados. Um terno arrumado.
E quando todos aqueles que abriram tantas portas, subiram várias escadas, se depararam com uma sala quadrada. Não poderia ser redonda.
Haviam nela ainda muitas outras portas de um formato curioso e sem maçanetas ou fechaduras. Até porque acabaram-se as chaves.
Acalmem-se. Disse um senhor já nesta sala. O melhor está por vir.
Enquanto conduzia um a um a seu próprio caixão, a última parada.

Haviam prometido a chave mestra.
Mas era apenas o fim da vida e nada mais restava.

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