quarta-feira, 29 de julho de 2015

Pia

O movimento é simples. A leitura, complexa.
E não é uma narrativa. É um escape. É fuga.
A água escapa de uma caixa, e não um box, que segue pelo cano, que vai até a torneira.
A leve abertura dos manípulos com a mão direita, e a água, quente ou fria, vai escorrendo. Tanto faz.
Em seguida, entram na orquestra, o sabão e um outro movimento distinto, a fricção do vai e vem, vem e vai, uma mão na outra. como quem faz planos maléficos, ou mesmo como quem não se importa, porque talvez chegue a esse ponto mesmo.
Sabão, detergente, só água ou sabão em pó. Vai depender do tamanho do estrago.
A orquestra da limpeza segue, removendo um a um os resíduos, germes e bactérias, a sujeira.
Sujeira grossa pede movimentos rápidos, semblante rígido. Leve, só esfregue, rapidamente e levemente, como quem tem frio.
Por fim se encerra a peça, como quem está caçoando. Ou, se preferir, como quem despreza. Tem também o método feiticeiro para aqueles que ainda não sabem distinguir a fantasia da realidade.
Um pano está ao lado para o último e derradeiro movimento. As mãos embrulhadas e o cuidado vai depender de uma perspectiva de tempo.

Lavo minhas mãos.

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