quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Autenticidade


Queria escrever sobre ser autêntico, mas tenho medo de soar como um plágio.
Na verdade o discurso vai ter um tom de sermão de um pirralho que mal aprendeu a limpar a bunda, mas pensa que tem uma opinião acerca de.
Bom, eu já quis ser autêntico, um legítimo Headbanger. Autêntico. Com as características vestes pretas, botas, camisetas com as capas de álbuns mais chocantes dos 16 anos.
Queria ser autêntico igual aos meus ídolos.
Vi que não fazia sentido.
Então eu vejo pessoas, sim, vou falar mal dos outros, que lutam com toda fibra pra provarem que são autênticas e espontâneas, e que pensam por si e que não dependem da opinião dos outros para serem felizes e realizados e que são assim, se você quer gostar de mim vai ter que ser assim, e assim por diante.
Mas precisa mesmo ficar afirmando isso? Será que não se está subestimando a capacidade de julgamento e percepção dos demais? Não será possível reconhecer tal atributo?
Isso soa mais pra mim como aquela criança que, quando a mãe lhe nega o doce, se atira no chão aos prantos, histérica.
Uma criança histérica, mimada e carente.
Poxa, eu também sou jovem e inseguro, vivemos no meio de outros que estão prontos para rir de nossos deslizes.
E ninguém gosta de ser alvo de chacota.
Mas eu penso que se você se conhece o suficiente pra saber que você é o que você é, pode guardar isso pra você, não é preciso provar.
Então, qual a origem desse pavor de que as pessoas pensem que você não tem uma opinião formada sobre tudo, sobre o que é o amor?
Na busca por essa identidade própria, acabamos adotando o esteriótipo mais patético possível, de alternativo.
Foda-se com sua alternatividade.
Quer ser alternativo? Queime seus documentos e viva de agricultura de subsistência, vestindo pele de caças. A não ser que você seja índio, nesse caso será uma mera cópia.
Aliás, isso me lembrou que não somos mais do que cópias de nossos pais, como poderíamos pensar em sermos autênticos?
Esquecem-se que nascemos dotados de personalidades únicas, imutáveis e incomparáveis, e que no cerne da questão, não somos iguais. Nos tornamos "iguais", queremos aceitação.
Então, pare com essa ladainha, pare com a auto afirmação e auto promoção, pare de achar que você se destaca dos demais por ser tão cheio de opinião. O mundo não precisa disso.
Acho que ser autêntico não é o x da questão, mas saber quem você é, e saber sê-lo sem forçar, e bastar-se.
Tentar provar que você é você só faz parecer que você teme que alguém descubra quem você não é.

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