segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Assim encontro-me: perdida. Tentando escrever algo. Qualquer frase que me faça sentir útil no orbe dos poetas. Uma linha, duas páginas, um livro. 
Ponho ereta a cabeça em frente ao papel. Rabisco umas palavras rotineiras seguidas de adjetivos e risco em cima. Apago.
Respiro fundo, ajeito a cadeira. Nada.
São tantas ideias deveras interessantes para se passar ao mundo... Aí o cérebro apita. Faz-se bloqueio criativo.
Viro a cabeça, distraindo-me com uma pequena joaninha que desliza sobre meus dedos e para na palma da mão. Um simples fato como este afasta toda atenção à folha em branco que, mesmo quietinha em seu canto, implora para ser usada.  
Olhos se fecham ao levantar e abrir dos lábios. A joaninha é esperta e ganha um sorriso de meu rosto, sendo a única a conseguir despir a couraça que me acompanha há tempos em minha jornada.
Novamente eu, encantada ao simples. A mesma reclamante do abalo, entediada pelo notável.
Mas despeço-me e volto ao papel. Foco no compromisso da expressão. De certa forma, retirar todos os pensamentos e acúmulos de dentro.
Trago comigo um medo de explodir, de transformar tudo em ventania. E o único antídoto disponível em estoque, capaz de controlar a ação nociva do veneno que cresce em mim, se encontra nestas palavras. Palavras que, tão vomitadas, tendem a ser minha salvação. 

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