quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Evoluz

Subi em um telhado, havia algo curioso.
Ora, que estranho. Precisava me encostar naquilo, roçar.
Eu era peludo e tinha uma cauda. Mas isso era normal para alguém que sempre cai em pé, alguém esguio e bastante confiante em si mesmo.
Eu só não sabia que havia alguém com o poder, o controle de tudo, inclusive de minha própria vida.

E esse alguém também era eu. De calça, camiseta, não tão peludo. Também muito normal para alguém munido de vários sentidos, tão complexo quanto o ser peludo. Capaz até de montar uma espingarda, e armá-la com um chumbinho.

Quando mexi na janela do quarto, a outra criatura pareceu ouvir. Eu poderia tê-lo acertado no rabo, na cabeça, nas costas... ou nem acertado, errado o tiro. Mas o que importa é o pensamento, e eu pensei em atirar. Eu estava no poder e tudo era tão simples, bastava um pequeno movimento com o dedo e minha satisfação estaria garantida. Será mesmo?

Mas eu abaixei a espingarda e observei o ser peludo se afastar, até sumir do meu campo de visão. Por um momento eu fui um gato, no outro eu fui um homem. Por alguma razão creio que o que prevaleceu não foi nem homem nem gato.

Foi a renúncia do poder. Ela não é mais tão difícil quanto parece. Será isso a percepção da evolução, da iluminação?

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