terça-feira, 12 de maio de 2015

O Suco

Pode-se sentir um aperto. É metafísico, mas dói um pouco ou muito a espremência sobre o peito; basta ser vivente, não há quem não experimente. Não que faça mal. Não faz. Também talvez não seja bom, quem sabe, é difícil observar os mesmos sintomas quando eles sempre mudam.
Falta espaço no mundo, sobre espaço no espaço. Esprememo-nos na superfície de um planeta sobre a qual, ora que conveniente, nascemos. Aperta a mão, rói os dedos, cruza a faixa de pedestres, tudo no aperto de quem vive dentro de uma armadura de pano.
Tudo isso tendo de teto uma placa de concreto ou um céu tão abstrato, tão amplo, tão incompreensível que se sente no peito um aperto, um verbo espremer, esmagar até que se pinga alguma coisa, seja palavra ou suco de laranja, não difere muito, que em nenhum de nós a ciência me disse onde fica a consciência.

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