terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Velha-e-estranha sensação

Um dia eu soube como era ser jovem, mas não foi para sempre. Que estranha sensação: envelhecer. Esqueci tanto do pouco que aprendi, e tenho uma dívida com a minha consciência. Uma mistura borbulha num caldeirão enorme; tento decifrar sua fórmula sem a receita.

Que bizarra equação é essa que envolve o tempo que vivi, o quanto envelheci, a idade que tenho, as verdades que desconheço.

Agora penso em ser jovem novamente, mas essa é uma novidade da qual não me recordo. Tão longe, lá atrás, há tanto tempo, o futuro parecia um mistério. E como era belo não conhecê-lo. A mim ele me mostra a mesma cara: um rosto sem face - ou uma face sem olhar? Então não sei se ele mudou, se não mudou ou se eu simplesmente não saberia dizer mesmo se o conhecesse.

Há muito tempo eu pensava que os mistérios são, hm, coisas ocultas, sabedoria, receitas, fórmulas mágicas, alquímicas ou dietéticas, enfim. Eu era jovem, então. Agora não sei mais como é isso. Agora me parece que só existe mistério naquilo que alguém conhece. Não conhecer no sentido de saber como algo funciona, ou para que algo serve. Apenas conhecer do tipo já ter visto alguma vez na frente das fuças.

Sim, a minha curiosidade pela cachola que matuta somente passou a existir depois que a descobri, ali em cima, martelando a si mesma com planos e dúvidas. Com um velho e estranho sentimento: a confusão causada por um mistério indecifrado.

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