quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Life is strange

Não. Isso eu não pude escolher. É... É pedir muito. É demais.
Me desculpe.

O indicador passou pelos cílios, pelas pálpebras, para então voltar à tecla rígida, plástica e aparentemente desalmada. O outro para um botão semelhante, bem mais à direita, de funcionalidade semelhante. Ambos só funcionavam em conjunto.
Na tela, gráficos e personagens se moviam com uma leveza indigna aos padrões eletrônicos e mecânicos. Eles pareciam de verdade. E eu já havia sentido isso antes, de uma maneira bastante familiar.

É engraçado. Nosso cérebro consegue administrar de maneira impressionante diversas tarefas complexas ao mesmo tempo em que está envolto em inúmeras sensações e emoções, todas, mergulhadas no mecanismo da memória. Uma pequena fração do tempo congelada dentro do cérebro e acessível a qualquer momento. Ou seria da mente? Ou não teria diferença entre um e outro?
Seria difícil dizer que não quero que essa sensação seja verdadeira, que seja real. O que é real?

O tempo parou, o dedo se moveu e a lágrima inevitavelmente rolou abaixo, como a grande pedra da vivência que diariamente empurramos morro acima que também, por vezes, vem abaixo. O gelo da memória derrete aos poucos, transformando pensamentos, enquanto a água cristalina que escorre se revela transbordante.

E eu choro.

I wish you'd be real.
But again, what is real?
I wish you were here.

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