segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Tivera o azar de nascer um daqueles que não chama muito a atenção, filhote de uma inúmera mistura de raças, no fundo do quintal de pessoas que o consideravam apenas como um objeto de decoração. Tivera o azar de crescer, deixando de ser bonito e fofinho, e de ter seu olhar de tristeza coberto por pelos cinzentos, grandes e desordenados.
Vagara de um lado para outro durante um dia inteiro, procurando alguém que pudesse lhe dar o que fora negado pelo dono do carro vermelho, que há três dias o abandonara próximo dali.
Buscara, sem muito sucesso, entre latas e sacos plásticos jogados pelos outros veículos, por algo para matar sua fome e sua sede.
Repousando, agora, abaixo de um sol escaldante, movendo-se, ocasionalmente, ao passar dos carros, um pouco pra cá, um pouco pra lá, os olhos do cão se mantém grudados na estrada que desaparece no horizonte.
Cortesia da roda do caminhão, que não teve tempo de frear.

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