quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Vi-te a me ver

Eu vi a mágica nos teus olhos. Vi, como um solitário vagalume em meio a imensidão de morcegos, o profundo pesar de uma alma que passa. Perfeita trilha sonora seria o apito de partida de um navio, naquele momento. Oh, triste olhar lançado sem vigor, morrendo a cada passo em frente. Havia, ali, de tudo que pode ser belo: tristeza, mistério, reflexão; saudade, misericórdia e esperança; havia um fogo frio do mundo espectral, lumiando a mão do fantasma que se arrasta fora da tumba buscando vingança, buscando alívio, seu relógio de bolso, o fim que lhe negaram.
Esta noite eu vi a mágica única que emana de um ser: frágil, humano, perdido num mundo, não, não basta; num universo que não tem a decência de explicar seus motivos. Ver-te assim foi contar-me uma história. No cabelo que cresceu desde a última vez; a barba que brota tímida, pouco a pouco; os olhos que piscam apagando a luz do mundo.
Grato, se tivesse a quem agradecer, eu estaria pela possibilidade do movimento, por não ver sempre a mesma resposta para a pergunta Como estás. Mesmo assim, de alguma forma, há pesar. Eu te vi amargamente, lamentando cada furo que fiz na parede para te ter em minha frente.

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