terça-feira, 8 de outubro de 2013

José

Seu José havia matado.

Mas matou antes de ser culpado.

Teve sua casa invadida seu quarto queimado, sua memória ferida.
Atirou nos policiais, derrubou dois ou três, e atirou mais uma vez.
Seu ódio estampado, do descaso escancarado, da obra municipal.
Na vila da liberdade, na cidade prosperidade, nem paz nem amizade encontram igualdade.
Seu José saiu da casa, contou as balas do revólver que havia tomado do policial tombado.
As pessoas corriam em volta mas José nada via lá. Não havia escolta. Nem amiga nem armada. Que dirá amada.

Seu José desconheceu o amor, largou a paixão e a esperança em um grande caixão chamado dor.
Seu José não foi trabalhar, pois não havia trabalho para ele, havia uma arma e uma boa dose de ardência, da sua permanência ainda fora de casa, olhando os corpos descarnados.

Seu José era agora culpado.

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